Em clima de festa e despedida, o Rio de Janeiro recebe nesta terça (26) à noite a segunda edição consecutiva do 50 Best América Latina, ranking de melhores restaurantes da região.
O prêmio, um dos principais do setor, aconteceu na capital fluminense depois de um investimento de R$ 3,5 milhões da Prefeitura do Rio de Janeiro –que pagou o mesmo valor para sediar a festa no ano passado.
Nos dias anteriores à premiação desta terça, que neste ano acontece no Museu Nacional, a cena gastronômica do Rio tinha ares de Carnaval gastronômico. A cidade foi palco de uma extensa programação com jantares a quatro mãos, comemorações, festas, palestras e mesas de debate com a presença de chefs latino-americanos e executivos da britânica William Reed, empresa dona da marca 50 Best.
Além dos restaurantes, a caravana de chefs também visitou pontos turísticos da capital –e sambaram nas escolas Salgueiro e Mangueira. Vieram ao Rio os peruanos Mitsuharu Micha Tsumura, do Maido, 1º colocado da lista da América Latina do ano passado, e Pía León, que comanda ao lado do marido, Virgilio Martinez, o Central, eleito o melhor do mundo no ranking do ano passado.
A profusão de espanhol falado no Rio incluía o dos chefs chileno Rodolfo Guzmán, do Borago; o equatoriano Alejandro Chamorro, do Nuema; e também Alvaro Clavijo, do El Chato, em Bogotá. O colombiano é o favorito ao primeiro lugar da lista de melhores da América Latina depois de ocupar a segunda posição no ano passado. O espanhol Quique Dacosta também estava presente.
“A gente troca ideia sobre sobre negócios, ideias e novidades com quem está vindo para o Rio”, diz Thomas Troisgros, à frente de uma série de negócios no Rio de Janeiro, entre eles o Toto e o Oseille, ambos na zona sul. Ele é filho do francês Claude Troisgros.
Segundo Pedro Coronha, que abriu em janeiro o Koral, restaurante que virou point em Ipanema, o prêmio não eleva o faturamento do negócio durante os dias em que acontece, mas proporciona esse networking com quem vem de fora.
“Também funciona como chancela para que os cariocas entendam o nível gastronômico da cidade. Você não tem atenção só de quem é de fora, mas também ganha do público local, que no meu caso é maior parte dos clientes”, diz.
A festa encerra um ciclo de três eventos que tiveram a cidade como sede. A próxima edição do prêmio latino-americano acontece na Guatemala. Depois de dois anos recebendo a edição do 50 Best América Latina, o Rio tem a intenção de ser sede para a cerimônia mundial —a Prefeitura do Rio está em conversas com os organizadores, mas um acordo ainda não tem data para acontecer.
Em maio, a capital fluminense também realizou a festa de premiação da edição Rio-São Paulo do Guia Michelin, que não era publicado desde 2020. O guia foi retomado depois de um investimento conjunto de R$ 9 milhões das prefeituras de São Paulo e do Rio de Janeiro para viabilizar o prêmio até 2026 –mais um extra de R$ 1,9 milhões desembolsados pela Prefeitura do Rio apenas para a festa acontecer. Agora, a Prefeitura de São Paulo está em tratativas para que a festa do prêmio francês aconteça no ano que vem na capital paulista.
No ano passado, o número um do ranking foi o peruano Maido, que já havia aparecido como o melhor da região por três anos consecutivos, entre 2017 e 2019. O terceiro lugar ficou com Don Julio, de Buenos Aires, especializado em parrilha.
O restaurante nomeado como o melhor do ano passado, Central, não pôde aparecer no ranking porque figurou em primeiro lugar na seleção mundial do 50 Best de 2023 –o que o torna inelegível para futuras edições.
Entre os brasileiros, a melhor colocação ficou com o paulistano A Casa do Porco, que permaneceu no 4º lugar. O carioca Lasai, do chef Rafa Costa e Silva, subiu seis degraus e foi de 20º para o 14º. Em 22º, o italiano Evvai, de São Paulo, caiu oito. Já o Nelita, da chef Tássia Magalhães, subiu 18 lugares e ficou em 21º.
O World’s 50 Best Restaurants foi criado em 2002 e, em 2013, lançou suas duas primeiras listas regionais: os 50 Melhores Restaurantes da Ásia e os 50 Melhores Restaurantes da América Latina. Quatro anos depois, começou a publicar também os 50 melhores bares.
O evento do 50 Best América Latina já foi sediado no Peru, na Colômbia, no México e na Argentina.
Para chegar à lista final, o prêmio reúne votos de 300 jurados, divididos entre profissionais da gastronomia, como chefs e proprietários de restaurantes, jornalistas e críticos e foodies. Eles escolhem dez estabelecimentos em ordem de preferência que tenham visitado pela América Latina. Entre os votantes, há 50% de mulheres e 50% de homens e, a cada ano, 25% do time de experts é renovado.
Quatro dos restaurantes indicados por cada jurado devem ser de fora do país que estão representando, e eles precisam confirmar as datas em que estiveram nos restaurantes. A regra foi incorporada desde que a lista passou a ser criticada pela possibilidade de haver viés e interesse entre os votantes e os chefs e seus restaurantes. Outra regra é que aqueles que alcançarem o topo são automaticamente transferidos para a categoria Best of the Best, e por isso não podem mais concorrer ao primeiro lugar.
Deixe um comentário