Dos prazeres inauditos de escrever sobre paleontologia, um dos que eu não estava esperando descobrir era o de aumentar meu vocabulário sobre excreções fossilizadas. Mas foi exatamente isso o que aconteceu nesta semana.
Nos meus mais de 20 anos nesta indústria vital do jornalismo científico, estou acostumado a escrever sobre coprólitos (literalmente, cocô petrificado), uma das fontes mais importantes e divertidas para o nosso conhecimento sobre a dieta e os hábitos de animais extintos. Contei numa reportagem recente como coprólitos de 200 milhões de anos ou mais foram usados por paleontólogos europeus para reconstruir a ascensão dos dinossauros, mapeando a ampliação de suas funções ecológicas ao longo do tempo.
Mas há muito mais do que coprólitos nesse universo dos dejetos corporais fósseis. Vamos, portanto, a um breve dicionário, sempre com a terminação “-lito”, com o significado de “pedra” em grego.
O termo mais abrangente é “bromálito”. Ele serve para designar qualquer resto fossilizado associado ao sistema digestivo dos animais do passado, abrangendo também, portanto, os célebres coprólitos.
Se o resto fóssil saiu pela outra ponta do sistema digestório (ou seja, foi vomitado, ou quem sabe expelido para alimentar um filhote, como fazem algumas aves atuais), o termo é “regurgitálito”.
Caso corresponda ao conteúdo do estômago do bicho, o fóssil é chamado de “gastrólito”. Se for conteúdo intestinal, trata-se de um “colólito”.
Por fim, paleontólogos brasileiros já identificaram também um “urólito”. Ao que tudo indica, restos de xixi de um dinossauro nas areias do antigo deserto que existia na região de Araraquara (SP) no período Jurássico, há 130 milhões de anos.
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