A Corte Constitucional da Romênia adiou para a próxima segunda-feira (2) a decisão sobre a possível anulação do primeiro turno das eleições presidenciais, depois de um resultado surpreendente ter provocado suspeitas de interferência na campanha.
O candidato independente de ultradireita, Calin Georgescu, ficou em primeiro lugar na votação do último domingo (24) e garantiu uma vaga no segundo turno —marcado para 8 de dezembro. Uma eventual vitória de Georgescu alteraria a política na Romênia e poderia comprometer a posição pró-Ocidental do país.
O tribunal deverá emitir sua decisão um dia depois das eleições parlamentares no país. A expectativa é que a ultradireita também tenha ganhos significativos no Parlamento.
As autoridades romenas dizem ter encontrado provas de interferência na campanha eleitoral por parte do que chamam de atores hostis, e a Corte ainda não validou os resultados. O tribunal ordenou a recontagem dos 9,46 milhões de votos e, agora, analisa a possível anulação do pleito.
O chefe da Comissão Eleitoral, Toni Grebla, disse que o primeiro turno será repetido caso a Corte decida anular o resultado. “Esperamos que esta recontagem termine o mais rapidamente possível”, afirmou.
Se o tribunal anunciar uma nova votação, o primeiro turno deverá ser realizado em 15 de dezembro, e o segundo, em 29 de dezembro.
De acordo com a lei romena, o tribunal pode invalidar o resultado da votação somente se encontrar provas de fraude que afetem os dois candidatos que chegaram ao segundo turno.
Os resultados da eleição mostraram uma diferença de menos de 3.000 votos entre a segunda colocada, a centrista Elena Lasconi, e o terceiro colocado, o primeiro-ministro social-democrata Marcel Ciolacu.
Pela lei, a Corte precisaria validar o resultado do primeiro turno até esta sexta-feira (29) para que o segundo turno seja realizado em 8 de dezembro, conforme programado.
KREMLIN NEGA INTERFERÊNCIA
O Conselho Supremo de Defesa da Romênia afirmou ter provas de interferência e que a Romênia é alvo de agentes hostis, como a Rússia. Além disso, disse que o TikTok havia dado mais exposição a um candidato e não o havia forçado a rotular seu conteúdo como eleitoral.
A plataforma rejeitou as acusações. O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, disse que qualquer acusação de interferência russa na eleição presidencial da Romênia é infundada.
Georgescu já elogiou políticos fascistas romenos da década de 1930 como heróis e mártires nacionais, criticou a Otan e a posição da Romênia em relação à Ucrânia, e disse que Bucareste deveria trabalhar com Moscou em vez de desafiá-la.
O chefe da Comissão Eleitoral disse à Reuters na quinta-feira (28) que a eleição parlamentar de domingo será realizada conforme planejado. Analistas dizem que o caos político provavelmente aumentará o apoio à ultradireita.
Uma pesquisa da AtlasIntel, realizada de 26 a 28 de novembro, mostrou a Aliança para a União dos Romenos (AUR), da ultradireita, liderando com 22,4%, tecnicamente empatada com os governistas social-democratas, com 21,4%.
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