Faltando cerca de um mês para a entrega da ciclopassarela que conectará os distritos de Pinheiros e Butantã, na zona oeste da cidade de São Paulo, a prefeitura ainda não apresentou uma solução definitiva para transferir o fluxo de bicicletas da ponte Eusébio Matoso, acomodado em calçadas estreitas, para a nova estrutura.
Segundo a SPObras, empresa municipal ligada à Secretaria de Infraestrutura, a expectativa é que a ciclopassarela beneficie aproximadamente 166 mil pessoas, entre pedestres e ciclistas, com uma transposição “segura e eficiente” sobre o rio Pinheiros, avenidas Marginais e linha 9 da CPTM.
Na margem oeste do rio, a ciclopassarela estará conectada diretamente à ciclofaixa da avenida Vital Brasil, que, segundo a prefeitura, receberá a tempo uma conexão com a movimentada ciclovia da avenida Eliseu de Almeida, que vai até a divisa municipal com Taboão da Serra, extremo oeste da capital.
Contudo, da forma como se encontra o viário na margem leste, o esperado corredor cicloviário entre a periferia da zona oeste e o centro da cidade não se concretizará na entrega da obra, que custou R$ 45,5 milhões, provenientes da Operação Urbana Faria Lima.
A falta de uma ciclovia na rua Butantã, prevista desde 2016 nos estudos da nova ciclopassarela, aumentará em quase 3 km o trajeto entre a transposição do rio e o corredor de ciclofaixas que levam ao centro da cidade pelas avenidas Rebouças e Consolação, atualmente iniciado no entroncamento da Rebouças com a avenida Faria Lima.
Se nada mudar até a inauguração, o caminho mais seguro entre a ciclopassarela e o corredor cicloviário do centro será por ciclofaixas que serpenteiam pelo miolo do bairro de Pinheiros.
Uma outra opção, que obriga o ciclista a empurrar a bicicleta por 400 metros de calçada da Marginal Pinheiros, leva até a ciclofaixa da avenida “Reboucinhas”, apelido dado ao trecho de 700 metros da avenida Rebouças entre a Faria Lima e a Marginal Pinheiros, cercado por casas. Apesar de ainda existir nos mapas, essa ciclofaixa encontra-se completamente apagada desde outubro, fato revelado pelo coletivo cicloativista Bike Zona Oeste nas redes sociais.
Questionada, a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) informou que “a conexão da futura ciclopassarela com a avenida Faria Lima se encontra em fase de estudos.” Sobre o apagamento da ciclofaixa da “Reboucinhas”, a CET disse que “o projeto de manutenção para o local está em desenvolvimento para reestabelecimento da estrutura cicloviária.”
“A linha de desejo dos ciclistas é uma ciclovia que ligue diretamente a ciclofaixa da Rebouças, em seu entroncamento com a Faria Lima, com a ciclopassarela. Mas essa estrutura a prefeitura nunca previu fazer, infelizmente”, disse Sasha Tom Hart, geólogo e cicloativista membro do CTB (Câmara Temática de Bicicleta) ao sugerir uma ciclovia que conecte a transposição do rio pelo caminho mais curto ao corredor cicloviário do centro.
Hart lembra que a obra é uma demanda antiga, de quase 30 anos, e comemora a inauguração. “Essa ciclopassarela atende a uma demanda dos ciclistas e deve ser replicada em muitos outros locais sobre as centenas de quilômetros de rios da cidade”.
A entrega da ciclopassarela ainda em 2024 faz parte das obrigações impostas pela lei PlanMob/SP (Plano de Mobilidade Urbana de São Paulo) à gestão 2021-2024. A SPObras informou que “as intervenções estão previstas para serem concluídas no fim de dezembro deste ano.”
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