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Lisboa mistura clássico e moderno em cores de outono – 13/11/2024 – Turismo


As tardes de outono costumam ser insuperáveis no quesito paleta de tons. Do alto do Arco Triunfal da Rua Augusta, o azul-anil do céu parece deixar todas as cores ao seu redor ainda mais realçadas. Não por acaso, naquela tarde, as águas do Tejo estavam estonteantemente prateadas. O amarelo dava um brilho especial à paisagem arquitetônica dos edifícios históricos da Praça do Comércio.

O monumento foi criado pelo arquiteto Eugénio dos Santos e Carvalho (1711-1760), que reergueu Lisboa quando “a natureza a traiu”, como nunca se esquecem os lisboetas. A obra é um marco comemorativo da reconstrução da cidade após o grande terremoto de 1755.

Além da vista da praça e da rua Augusta, o ângulo privilegiado lá do alto nos brinda com outros cartões-postais da capital portuguesa, como a catedral da Sé, o elevador de Santa Justa e as ruínas do Convento do Carmo. O ingresso para chegar aos pés da estátua, com vista de 360º dos arredores, vale cada centavo dos € 4,50.

O que mais parece nos impactar é a grandiosidade do lugar, ao sugerir uma conexão intrínseca com a cidade, disposta de forma moderna. Ali na Baixa, a rua Augusta vai de encontro à praça.

Antigo Terreiro do Paço, o espaço é contornado por uma construção, outrora palácio de reis, hoje destinada a restaurantes, lojas e cafés. Nessa área de convívio coletivo fica um clássico, o Martinho da Arcada, famoso por ser um dos bares favoritos do poeta Fernando Pessoa (1888-1935).

Por ali também está o Lisboa Story Centre, espaço interativo que nos brinda com um convite para compreender um bocadinho a história dos principais eventos que marcaram e ainda marcam a cidade (a partir de € 2).

Não importa a estação do ano, se tiver sol, é inevitável: todos os caminhos levam até o Cais das Colunas, lugar convidativo para curtir o fim de tarde, ponto de encontro de gente do mundo inteiro.

Sinônimo de destino “cool”, Lisboa vem batendo recordes de turistas a cada temporada. No ano passado, a terra natal de Camões recebeu 19 milhões de visitantes —os brasileiros ocuparam a quinta colocação entre os estrangeiros que mais entraram no país. Para efeito de comparação, o Brasil, de proporções continentais, registrou 5,9 milhões de visitantes do exterior no mesmo período.

A capital de Portugal costuma ficar ainda mais convidativa agora, no outono europeu, quando as temperaturas são amenas e não costuma chover tanto (apesar de ser improvável cravar previsões diante do inevitável caos climático).

Um bom exercício, tanto físico quanto do ponto de vista de experiência, é encarar os altos e baixos da cidade, numa espécie de peregrinação contemplativa. Atrações na região central, como Alfama, Bairro Alto, Baixa e Chiado, podem e devem ser alcançadas a pé, sem pressa.

Devido ao relevo acidentado, muitos podem reclamar do excesso de ladeiras, mas escadinhas, calçadões e praças fazem parte do que podemos chamar de “experiência lisboeta”. Se não dá para evitá-las, caminhe. É no sobe e desce das colinas, em ruas estreitas e íngremes, que a capital nos revela a sua essência.

Gostoso é encarar as calçadas de pedras portuguesas, pegar um bonde elétrico, com aquele chiado inconfundível, observar as cenas urbanas por meio da janela guilhotina e subir num elevador público com ares de antigamente para uma viagem ao tempo. Aproveitar, enfim, os caminhos que o principal cartão de visitas de Portugal nos propicia, onde moderno e antigo, por assim dizer, caminham juntos.

Pegue como exemplo uma visita ao tradicional Museu Nacional dos Coches, em Belém, com carruagens que já transportaram reis e rainhas de Portugal e outros países europeus. Considerada a maior e mais completa do gênero de toda a Europa, a coleção contempla três séculos de história, do 16 ao 19.

Antes, o museu estava localizado no antigo Picadeiro Real, edifício de 1726. Agora, ocupa um prédio moderno, minimalista e elegantíssimo, com 16 mil metros quadrados, projetado pelo arquiteto brasileiro Paulo Mendes da Rocha (1928-2021), que doou seu acervo meses antes de morrer para Portugal.

Uma das estrelas do museu (ingressos a € 8) é o Coche dos Oceanos. A carruagem mede 8 metros de comprimento por 3 metros de altura e exibe detalhes barrocos esculpidos em madeira que representam figuras humanas e querubins. Tudo folheado a ouro. Já na parte interna, o estofamento é de veludo vermelho e seda dourada, um luxo.

Fora da rota turística, mas ainda no clássico bairro de Belém, outro museu que começa a impressionar visitantes mundo afora é o do Tesouro Real, na Calçada da Ajuda.

Inaugurado em junho de 2022, o ambiente conta com 22 mil pedras preciosas da época da monarquia. Entre as peças, destaque para aquelas feitas com ouro brasileiro, diamantes e esmeraldas. São bens da antiga Casa Real e de coleções particulares de membros da família real portuguesa.

As preciosidades são organizadas em 11 núcleos, que retratam momentos importantes da história de Portugal, como os dedicados ao Brasil, às Insígnias Régias, às Ordens Honoríficas e às Ofertas Diplomáticas.

No grupo Ouro e Diamantes do Brasil, sabemos que os portugueses, desde a sua chegada ao país, em 1500, procuraram por ouro e pedras preciosas. Todavia, somente quase dois séculos depois, no final de 1600, jazidas foram descobertas na região apelidada de Minas Gerais.

Compõem o acervo desde uma pepita de ouro de Goiás até um diamante bruto mineiro. De cor acastanhada, por causa da presença de impurezas na superfície, o diamante é incolor, mas nem por isso deixa de impressionar.

Integrado ao Palácio Nacional da Ajuda, o Museu do Tesouro Real é, na realidade, uma caixa-forte com 40 metros de comprimento e 10 metros de altura, organizada em três pisos. O acesso é feito por duas portas de aço, com 5 toneladas e 40 centímetros de espessura cada uma. Ingressos a partir de € 7.

É uma pequena —porém poderosa— amostra do que os colonizadores portugueses saquearam mundo afora, já que essa é apenas uma parte das riquezas da monarquia.

Lisboa também é a porta de entrada para explorar outros tesouros nos arredores da metrópole. A partir da cidade, podemos conhecer lugares históricos, um dos parques naturais mais preservados da Europa, praias incríveis e vinícolas seculares.

O ideal é alugar um carro para fazer esses trajetos com mais tranquilidade e liberdade. Há, contudo, opções de transporte público que levam aos municípios vizinhos. Trafegar é preciso.



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