Bananas e laranjas. Está difícil superar o furor midiático causado nas últimas semanas pela venda de uma banana presa à parede com fita adesiva por R$ 37 milhões, no caso, a obra “The Comedian”, do italiano Maurizio Cattelan, depois devorada por seu colecionador, um empresário de criptomoedas, num circo montado para o mundo ver.
Só que toda temporada de leilões de outono em Nova York logo cede espaço para a feira Art Basel Miami Beach, evento que arranca agora no balneário mais cintilante dos Estados Unidos que está entre os mais queridos do jet-set, celebridades sedentas por curtidas nas redes e galeristas tentando tirar da cartola a nova banana da vez.
O fator crucial, no entanto, está mais próximo das laranjas. Muitos atribuíram o sucesso inesperado dos leilões em Manhattan à vitória de Donald Trump na corrida à Casa Branca, apostando na queda da taxa de juros e dos impostos, o que deixa qualquer super-rico mais à vontade para comprar e comer as suas bananas de milhões de dólares.
YES, NÓS TEMOS BANANAS Não muito longe de Mar-a-Lago, a casa do novo velho presidente na Flórida, o Brasil aproveita a onda levando à feira alguns de seus mais reluzentes medalhões. São 19 casas do país desta vez, sendo que mais de um terço do total das 286 galerias no evento vem de países da América Latina.
Já estão em negociação algumas obras de grosso calibre, como uma tela de Beatriz Milhazes, que terá uma individual no Guggenheim no ano que vem, por US$ 1,6 milhão, ou R$ 9,6 milhões, e uma obra incontornável do neoconcretismo, da série “Superfície Modulada”, de Lygia Clark, à venda por US$ 2,2 milhões, ou R$ 13,1 milhões, essas duas levadas pela paulistana Gomide&Co.
Outra galeria brasileira com tentáculos em várias capitais, a Almeida & Dale negocia uma escultura da surrealista Maria Martins, por US$ 1,7 milhão, ou R$ 10,1 milhões, e uma tela rara de Ismael Nery, por US$ 1,8 milhão, ou R$ 10,7 milhões. Na esteira da mostra de Tunga agora no Museu de Arte Latino-Americana de Buenos Aires, a mesma casa negocia uma instalação de US$ 325 mil, ou R$ 1,9 milhão, do artista.
APEROL SPRITZ Outras galerias do país apostaram em nomes impulsionados pela última Bienal de Veneza, caso de Anna Maria Maiolino, com peças da histórica série “Fotopoemação”, à venda na Luisa Strina, o coletivo Mahku, levado pela Carmo Johnson Projects depois de estampar a fachada do palácio principal dos Giardini, na mostra italiana, e Claudia Andujar, reconhecida por suas obras com os yanomamis e sucesso no último festival Paris Photo, levada à feira pela galeria paulistana Vermelho.
DIVA Na Luciana Brito, Marina Abramovic, vestindo Riccardo Tisci, encarna Maria Callas numa fotografia em que se joga no abismo. A queda custa R$ 1,1 milhão.
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