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Coreia do Sul tem histórico de golpes no pós-guerra – 03/12/2024 – Mundo


A aplicação da lei marcial na Coreia do Sul, nesta terça-feira (3), surpreendeu a população do país asiático, acostumada a uma relativa calma na política nacional desde o final da década de 1980, quando houve a transição para a democracia.

Antes disso, porém, a nação passou por períodos turbulentos após 1948, quando foi estabelecida como uma república. Nesse período, a lei marcial foi aplicada mais de dez vezes, e a península ainda passou por uma guerra entre o Norte comunista e o Sul capitalista que durou três anos.

Golpes militares e repressão à sociedade civil eram regra na Coreia do Sul até o estabelecimento da Sexta República —a atual—, em 1988. Desde então, a democracia se consolidou e deu espaço para uma sociedade civil ativa e uma política que se alternou entre progressistas e conservadores no poder.

Cinco primeiras Repúblicas

A Primeira República da Coreia do Sul teve início após o fim da administração americana, em agosto de 1948, estabelecida três anos antes, quando o Japão foi derrotado na Segunda Guerra Mundial. O norte comunista faz o mesmo movimento um mês depois.

O primeiro presidente foi Syngman Rhee, que permaneceu no poder durante a guerra que se seguiu com Pyongyang, de 1950 a 1953, e nos anos posteriores, nos quais ele estabeleceu um governo autocrático. Seu período à frente da Coreia do Sul foi encerrado em 1960, com a Revolução de Abril.

O florescimento da atividade política após o fim da Primeira República, no entanto, foi interrompido por um golpe liderado pelo major Park Chung Hee, que instaurou um regime militar em 1961. Sua administração se estenderia até 1979, quando ele foi assassinado, o que significa que ele atravessou a Segunda, a Terceira e a Quarta República, lançando mão de recursos como estado de emergência e lei marcial.

A Quinta República, por fim, teve avanços nos campos político e cultural, mas uma democracia plena continuou promessa. Foi necessário que centenas de milhares de pessoas saíssem para protestar em todo o país em 1987, no que ficou conhecido como Luta Democrática de Junho, para que a democracia se concretizasse na nação.

Transição para a democracia

Em 1988, os sul-coreanos elegeram o primeiro presidente por voto direto em 16 anos: o general Roh Tae-woo. Ele foi responsável por começar a transição para a democracia eliminando regras autoritárias e aumentando o espaço civil por meio de medidas como o fortalecimento da liberdade de imprensa.

Nos anos posteriores, a democracia se consolidou: em 1992, Kim Young-sam foi eleito o primeiro presidente civil do país em três décadas, e, em 1998, Kim Dae-jung o sucedeu em uma transferência de poder pacífica —algo praticamente inédito na nação.

Conjuntura política atual

Desde a democratização, liberais e conservadores têm se alternado no poder na Coreia do Sul —forças políticas atualmente representadas pelo Partido Democrático da Coreia e o Partido do Poder Popular, respectivamente.

O atual presidente, Yoon Suk Yeol, foi eleito em março de 2022 pelo Partido do Poder Popular no pleito mais apertado da história coreana, com apenas 0,73% dos votos à frente do segundo colocado.

Ex-promotor de Justiça que se tornou estrela no país, Yoon entrou formalmente para a política partidária em 2021, após chacoalhar as estruturas de poder sul-coreanas com o impeachment e a prisão da ex-presidente Park Geun-hye —trajetória que lhe rendeu comparações com o ex-juiz brasileiro Sergio Moro.

Desde então, ele estabeleceu uma política de linha dura com a Coreia do Norte, reforçou a aliança com os EUA e se aproximou do Japão, ex-potência colonial com a qual Seul mantém divergências históricas.



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