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Todos nós já ouvimos falar de Taylor Swift. E da cantora colombiana Karol G?
Swift dominou as manchetes e as vendas de ingressos para shows nos últimos anos.
Mas, na verdade, os vídeos mais assistidos online são os da pop star sul-americana de 33 anos, segundo o Vevo, principal fornecedor de vídeos de música oficiais do YouTube.
Os vídeos de Karol G foram os mais assistidos em todo o mundo por quatro anos consecutivos, entre 2021 e 2024.
E, neste ano, os vídeos da cantora no Vevo foram visualizados 3,5 bilhões de vezes, superando sua compatriota Shakira, com 1,96 bilhão, e a própria Taylor Swift, com 1,95 bilhão.
Mas quem é Karol G? E o que alavancou o sucesso que a levou a lotar por quatro noites o Estádio Santiago Bernabéu em Madri, em julho —sem falar nos estádios em várias partes dos Estados Unidos no ano passado?
Karol G nasceu na cidade colombiana de Medellín, em 1991. Seu nome completo é Carolina Giraldo Navarro.
Ela queria ser cantora desde muito cedo. Em 2005, com 14 anos, ela apareceu na versão colombiana do show de talentos The X Factor.
Mas o sucesso não veio de imediato. Em 2014, ela se mudou para os Estados Unidos. Morando com sua tia em Nova York, ela aprendeu inglês e fez trabalhos domésticos.
Na época, Karol G quase desistiu de tentar fazer carreira musical, mas seu pai a convenceu de que ela iria conseguir.
Nos Estados Unidos, Karol G também compareceu a uma convenção de negócios do setor musical em Boston. Ela conta que o evento foi muito útil para ajudá-la a compreender o funcionamento do setor.
Ela lançou seu single de estreia em 2017: “Ahora Me Llama”, em colaboração com o artista porto-riquenho Bad Bunny. Logo em seguida, veio seu primeiro álbum, “Unstoppable”.
Desde então, os sucessos simplesmente se acumularam, até que seu álbum de 2023, “Mañana Será Bonito“, foi o primeiro totalmente em espanhol, gravado por uma mulher, a atingir o primeiro lugar da parada americana.
DEDICADA E AMBICIOSA
O estilo musical de Karol G costuma ser descrito como reggaeton. Ele combina o hip-hop com música latino-americana e jamaicana. As letras e o rap normalmente são em espanhol.
A cantora é normalmente descrita como dedicada e ambiciosa.
A chefe de música latina da Amazon Music, Rocío Guerrero, afirma que – da mesma forma que a música latina, de forma geral —Karol G foi muito beneficiada pelo crescimento do streaming, tanto para suas músicas quanto para os vídeos.
“O streaming democratizou o cenário”, conta Guerrero. Ela explica que as plataformas permitiram que a música latina, que não era tocada nas principais emissoras de rádio, pudesse viajar pelo mundo.
“As estações de rádio eram locais, mas, com o streaming, nós reunimos todo esse público [de todo o mundo]”, ela conta. “Ele ofereceu mais oportunidades de exposição para outras músicas e artistas latinos. Karol G é um exemplo perfeito desta evolução.”
Hoje, na Amazon Music, mais de um terço das músicas latinas são consumidas fora da América Latina. E, somente nos últimos três anos, a audiência de Karol G aumentou em mais de 250%.
A música latina também é o gênero que mais cresce nos Estados Unidos. No ano passado, ela atingiu uma receita recorde de US$ 1,4 bilhão (cerca de R$ 8,5 bilhões), segundo a Associação da Indústria de Gravações da América (RIAA, na sigla em inglês). E o streaming foi responsável por 98% deste total.
Em 2024, o álbum “Mañana Será Bonito”, de Karol G, foi o quarto mais ouvido na plataforma Spotify, em todo o mundo.
Este sucesso ajudou a impulsionar o interesse pela turnê da cantora em 2023-24, que recebeu o mesmo nome do álbum e teve seus ingressos esgotados.
A turnê rendeu US$ 307 milhões (cerca de R$ 1,8 bilhão) em ingressos. Pode ser um valor pequeno, em comparação com os US$ 2 bilhões (cerca de R$ 12,1 bilhões) da turnê “The Eras”, de Taylor Swift, mas Karol G faturou mais do que qualquer outra mulher artista latina.
O professor Carlos Balado, da OBS Business School em Barcelona, na Espanha, analisa o impacto econômico dos concertos musicais. Ele conta que tanto Karol G quanto Taylor Swift se beneficiaram do aumento da popularidade dos grandes eventos ao vivo.
“Existe uma tendência em crescimento, que faz com que o público considere que parte dos seus gastos normais deve ser dedicada a concertos”, explica ele.
A chefe de conteúdo latino/espanhol da revista especializada americana Billboard, Leila Cobo, é conhecida pelas suas paradas musicais. Ela conta que Karol G ajudou a colocar a música colombiana no mapa.
“Acho que a música é o maior embaixador da Colômbia. De verdade”, afirma ela.
“E Karol G explora essa base de fãs —mulheres latinas que, realmente, não tinham ninguém como ela. Elas queriam alguém com quem pudessem se identificar, que fosse alegre, sexy, tivesse belas canções.”
“E o reggaeton é superdançante, superconsumível, supervoltado para os jovens”, destaca Cobo. Ela é autora de um livro sobre música latina.
Mesmo com seus inúmeros prêmios e a aclamação da crítica, Karol G não está livre de críticas.
Suas letras foram consideradas picantes e houve críticas ao título de uma de suas músicas, “Bichota”. Em espanhol, esta gíria significa “chefe” ou “dose alta”, sendo frequentemente associada à criminalidade e às drogas.
A cantora argumenta ter redefinido o uso da palavra, para que significasse empoderamento. E, sobre suas letras, seus defensores afirmam que, em vez de cantar sobre as mulheres e transformá-las em objetos, ela canta em nome delas.
O patrimônio estimado de Karol G disparou para US$ 25 milhões (cerca de R$ 151 milhões) em 2023, segundo o site Celebrity Net Worth. Mas este número, hoje, deve ser substancialmente maior, depois da sua última turnê.
Fora do setor musical, ela ganha dinheiro com colaborações com o fabricante de calçados Crocs, a marca de artigos esportivos Kappa, a vodca Smirnoff e a marca de moda espanhola Loewe. Seu nome também já apareceu na camisa do Barcelona, como parte da parceria entre o time de futebol espanhol e o Spotify.
Para Cobo, “ela está se diversificando. Ela é uma pessoa muito inteligente e curiosa, sempre buscando o crescimento. E ela sabe muito bem que não é só questão de música.”
Os negócios de Karol G são controlados pela sua empresa, Girl Power Inc., que também cuida da sua instituição de caridade, a Con Cora Foundation.
A entidade busca melhorar a vida de mulheres e crianças não privilegiadas em toda a América Latina, oferecendo bolsas de estudo para mães adolescentes e apoiando meninas que querem se dedicar à ciência, tecnologia, engenharia e matemática. Ela também oferece auxílio financeiro a times de futebol infantis e projetos de reintegração à sociedade para mulheres presidiárias.
Paralelamente, Karol G lançou sua própria gravadora em 2023, chamada Bichota. Ela pretende ter mais controle sobre suas músicas. Quem as promove e distribui é a companhia americana Interscope, que faz parte do enorme grupo Universal Music.
Mas, apesar do seu sucesso global, existem mercados aonde ela ainda não chegou. Um deles é o Reino Unido, onde existe uma comunidade hispânica pequena, mas em rápido crescimento. Ela ainda não é amplamente conhecida no país.
Mas Rocío Guerrero, da Amazon, acredita que Karol G ainda irá invadir o mercado britânico.
“Vai acontecer”, segundo ela. “É só questão de tempo.”
*Este texto foi publicado originalmente aqui.
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