É melhor lidar rapidamente com o bode na sala: é mais fácil acompanhar o menu de Natal (peru, pernil, bacalhau, etc.) com vinhos brancos. Por mais que os tintos tenham o status de vinho especial para muita gente, são os brancos os mais indicados para uma harmonização certeira. E, convenhamos, considerando o calor da estação do ano, faz mais sentido mesmo: eles costumam ter corpo mais leve, acidez mais alta, trazem mais frescor.
Mas mais que o cardápio, quem deve definir a garrafa é o seu desejo. O Natal costuma ser uma excelente desculpa para abrir um bom vinho, e por esse termo (“bom vinho”) me refiro ao que você tem vontade de beber, e não ao pontuado, ao caro, ao da moda. Pode ser branco, tinto, rosé, laranja, espumante, fortificado, o que você tiver mais a fim.
Se o vinho agrada, ele pode ser a melhor arma para distensionar a ceia com a família. Em tempos ansiosos, em que política e religião viram combustível para discussões ferozes, quer assunto mais legal para amenizar os ares do que as impressões sensoriais ao redor da mesa?
Como transformar a sua ceia em uma experiência agradável e não feroz e litigiosa? Talvez com a ajuda de vinhos que gerem conversa, causem concordância, distraiam os comensais de suas neuroses familiares e contribuam para uma reunião pacífica e acolhedora.
Mas atenção à dose: não exagere na quantidade porque vinho demais pode ter o efeito oposto. A empolgação pode transformar-se em belicosidade. Na hora de arrumar a mesa, não deixe de ter um baldinho de gelo para que cada taça tenha a mesma graça da primeira, mantendo a temperatura baixa até a última gota, e prepare uma bela jarra de água.
Vinho com acidez alta é sempre uma boa pedida para acompanhar a refeição. Eles nos fazem salivar e, logo, pedem mais comida. É curioso pensar que esses vinhos costumam ser descritos como “tensos”. Pois que sejam eles os únicos com essa característica à mesa da sua ceia familiar.
Vai uma taça? Se você é fiel à cartilha da harmonização, três boas ideias são o chileno Ventisquero Reserva Chardonnay (R$ 56 no Atacadão), que é feito por um ótimo enólogo com uvas de região fria, o vale de Casablanca. Tem nota de abacaxi para casar com seu pernil. O Luigi Bosca Chardonnay (R$ 157 na Decanter) é ainda mais elegante, ótimo para o peru, com nota de pera, baunilha e floral. Para quem vai de bacalhau, a aposta é o Gandarada Encruzado DOC Dão (R$ 185 na Belle Cave), gordinho, cremoso, cítrico.
Entre os rosados, o Naranjas Azules Garnacha (R$ 135 na Via Vini) é um acerto completo. Tem uma cor maravilhosa, é elegante, complexo, incomum, com notas de frutas brancas, além das vermelhas ácidas. O pét-nat Vivente Rosé Pinot Noir (R$ 159 na Vinho Vivo) é fresco, delicioso e tem ótima estrutura para a ceia
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