O sonho por um título expressivo no centenário foi transformado no pesadelo do rebaixamento para o Athletico. Com diversos vexames, o clube foi punido por uma série de vacilos dentro e fora de campo.
Um dos pontos avaliados pelo Furacão foi a excessiva troca de treinadores. Foram cinco no total: Juan Carlos Osorio, Cuca, Juca Antonello (auxiliar que atuou de forma interina), Martín Varini e Lucho González.
No entanto, as trocas não tiveram o efeito desejado. A cada mudança, o aproveitamento do time caiu. O time acumulou a pior sequência da história do Athletico na Série A, com 11 rodadas sem vencer.
O UmDois Esportes traz a retrospectiva da temporada do Athletico em 2024.
Ausência física de Petraglia
Um dos fatores cruciais foi a distância de Mario Celso Petraglia, que trabalhou de casa em boa parte da temporada. O presidente, que é o dono da caneta do Furacão, sofre com problemas de saúde desde a cirurgia no abdômen, em 2019.
Neste ano ele realizou mais um procedimento reparador e esteve internado em São Paulo. Quem ganhou importância nos bastidores foi o diretor financeiro Márcio Lara.
Quarto técnico que passou pelo Furacão, o uruguaio Martín Varini revelou que nunca chegou a conhecer pessoalmente. Ele fez a entrevista para o cargo remotamente. Apesar disso, a diretoria declarou que Petraglia seguia ativo e presente.
Osorio
Juan Carlos Osorio foi o primeiro escolhido para comandar o Furacão no ano do centenário. O trabalho durou 12 jogos, com 69,4% de aproveitamento do colombiano. Foram sete vitórias, quatro empates e uma derrota, contra o Londrina na semifinal do Estadual. O resultado que acabou com uma invencibilidade de dois anos no Paranaense, mas escancarou problemas de relacionamentos do treinador.
De ovacionado a vexame: A “Era Cuca” no Athletico
Cuca foi o escolhido como sucessor de Osorio mesmo após ter dito que nunca treinaria o time do coração. Quando anunciado, ele sofreu contestações devido à condenação por estupro anulada na Suíça.
No entanto, Cuca foi ovacionado pela maior parte da torcida rubro-negra na estreia. A goleada por 6 a 0 sobre o Londrina garantiu o time na semifinal do Estadual e intensificou a ilusão por títulos grandes na temporada.
O comandante de 61 anos se sagrou campeão do Paranaense. Além disso, teve um início avassalador, que foi o melhor começo de trabalho que Cuca registrou na carreira como treinador.
O Athletico chegou a liderar o Brasileirão por quatro rodadas. Fora de casa, a vitória sobre o Palmeiras deu enorme confiança ao grupo. No entanto, uma sequência de três empates seguidos, com gols sofridos nos acréscimos do segundo tempo, minaram o trabalho.
Antes disso, a pressão já tinha aumentado com as derrotas para o Ypiranga-RS, na Copa do Brasil, e os tropeços diante do Danubio, do Uruguai, e do Sportivo Ameliano, do Paraguai, na Copa Sul-Americana.
Em entrevista coletiva após um empate contra o Corinthians, Cuca disparou contra torcedores e desagradou diretores e jogadores. Ele contestou o nível do elenco e pediu reforços, além de cogitar a saída. No dia seguinte, o Athletico anunciou o fim da Era Cuca em que o próprio comandante teria pedido demissão no vestiário.
A aposta no desconhecido
A saída polêmica de Cuca deixou vestígios. O treinador acusou uma briga entre o zagueiro Thiago Heleno e o gestor desportivo Paulo Miranda, o que foi fortemente negado por ambos. O defensor e ídolo rubro-negro declarou que vários atletas queriam abandonar o trabalho de Cuca e que o treinador havia “pulado do barco”.
Quem chegou para assumir em meio à crise foi o jovem Martín Varini. O uruguaio tinha tido uma experiência como auxiliar de Paulo Pezzolano no Cruzeiro, mas foi bem referenciado para Mario Celso Petraglia. O homem-forte do Furacão bateu o martelo e decidiu apostar no novo.
A escolha deu certo nos jogos eliminatórios. Enquanto o time colecionava tropeços no Brasileirão, Varini comandou a equipe até as quartas de final da Copa do Brasil e da Sul-Americana.
Aproveitamento péssimo no Brasileiro e afastamento de Nikão geraram demissão
Varini acumulou nove vitórias, quatro empates e seis derrotas, com um aproveitamento de 54,3%. No entanto, o número cai consideravelmente se o recorte for feito apenas no Brasileirão.
Foram nove jogos pela Série A, com cinco derrotas, três empates e somente um triunfo. Ou seja, o aproveitamento foi de apenas 22,2% dos pontos.
A eliminação para o Vasco, nos pênaltis, na Ligga Arena aumentou a pressão, mas foi um empate sem gols contra o Criciúma que representou o fim do trabalho de Varini.
Isso aconteceu depois do uruguaio determinar afastamento do meia Nikão. O jogador, que é um dos ícones da era vitoriosa do Furacão, revelou problemas com o técnico desde a época em que trabalharam juntos no Cruzeiro. A diretoria respeitou a decisão na época, mas o fato também pesou na saída de Varini.
Falta de reforços
Varini foi demitido no fim de setembro, dois dias antes do jogo de volta contra o Racing Club. O Athletico havia vencido por 1 a 0 em Curitiba e jogava pelo empate para ir à semifinal.
No entanto, com total influência do diretor Paulo Autuori, Varini foi demitido para a chegada de Lucho González.
Outro ponto fundamental na temporada do Furacão foi a postura do clube em descartar reforços na janela de transferências do meio do ano.
Com o entendimento que investiu pesado no início da temporada, a diretoria bancou o elenco formado e trouxe dois jogadores por empréstimos. Contudo, o zagueiro Marcos Victor e o meio campista Praxedes pouco agregaram.
Lucho assume “bucha” e tem pior desempenho entre os técnicos
O argentino teve o pior aproveitamento entre os cinco técnicos do Athletico na temporada, com apenas 40,7%. Lucho acumulou três vitórias, dois empates e nove derrotas em 14 jogos.
No entanto, a campanha só não foi pior do que a postura adotada pelo clube. Ninguém temia o rebaixamento, que era algo impensável com a pior sequência da história do clube na Série A.
Em entrevistas, Lucho e Autuori deixaram claro que o Athletico não precisava se preocupar, que a fase ruim seria passageira. O diretor se disse “confiante” durante a pausa para a Data FIFA, em outubro.
Demorar tanto para acreditar no pior desfecho possível do centenário foi um dos grandes vacilos do Athletico.
Mesmo com a campanha do “PactoRubroNegro”, em que o Athletico furou a bola e aumentou o vínculo com os torcedores, o time não mostrou sinais de reação. E isso mesmo com o apoio massivo da torcida, que bateu três recordes de público da história da Ligga Arena.
Apenas a derrota para o Bragantino, em casa, na penúltima rodada, ligou o alerta da queda. E isso aconteceu após tropeços contra adversários diretos, como a derrota em casa para o Vitória e o empate diante do Fluminense.
Reformulação para 2025
Após a queda confirmada com requintes de crueldade na derrota para o Atlético-MG, o Athletico já se preparou para uma limpa geral. O técnico Lucho e o diretor Paulo Autuori foram os primeiros a sair, mas o passaralho é grande. Até auxiliares como Rodrigo Bellão, cotado para comandar a equipe no próximo Estadual, foram desligados.
Quem ganhou força foi Rodrigo Possebon, que era o diretor das categorias de base e foi promovido para substituir Autuori. Como diretor de futebol, o ex-Manchester United está à frente do projeto de reconstrução durante a Série B. E Maurício Barbieri foi escolhido para o cargo de técnico.
Neste contexto de se adequar à realidade da Série B, o elenco também vai sofrer grandes alterações e nomes muito utilizados neste ano devem deixar a equipe. São os casos do zagueiro Kaique Rocha, do volante Erick e do atacante argentino Tomás Cuello.
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