Hoje escrevo de um lugar que sempre ocupou um espaço especial no meu coração: a Tailândia. O calor acolhedor deste paraíso é um alívio bem-vindo após dias congelantes e desafiadores.
Dentro de cinco dias estarei em Singapura, onde celebrarei o fim da minha segunda grande aventura de recorde mundial: percorrer a rota de trem mais longa do planeta. Não foi tão tranquilo, uma vez que esse percurso foi marcado por situações que testaram muito a minha determinação.
Deixe-me voltar uma semana no tempo, para o momento em que tudo parecia estar dando errado. Perdemos o trem que nos levaria da Sibéria à Mongólia e, para piorar, o próximo só sairia dali a três dias.
Estávamos presos em uma pequena cidade na fronteira entre Rússia e Mongólia, com temperaturas insuportáveis de -22°C. Era como estar no meio do nada, e congelado não apenas pelo frio cortante, mas também pela sensação de frustração.
Enquanto a neve caía do lado de fora e o vento frio cortava qualquer vestígio de esperança, tudo em mim dizia para desistir. Naquela cidade remota e silenciosa, o pensamento de abandonar a aventura e comprar o primeiro voo de volta para o Brasil me foi muito tentador. O cansaço da viagem, os contratempos e o clima me fizeram questionar se valia a pena continuar.
Contudo, às vezes, tudo o que você precisa é de um banho quente e um café forte, e foi o que eu fiz. Voltei para o hotel, e enquanto o vapor do chuveiro aquecia também os meus pensamentos, percebi algo: eu não estava ali para desistir, esse não era o fim! Era apenas mais um obstáculo, em uma jornada que já teve vários desafios que também superei.
A experiência tem sido intercontinental, mas mais que isso é uma viagem com trajetória interna. Reconectei-me com a espontaneidade que eu tinha na minha infância, e com o ânimo que geralmente carregamos quando somos adolescentes. Viajar dessa maneira é mais do que apenas mudar de lugar, é um teste de paciência e uma chance para nos recalibrar.
Passar horas intermináveis em trens, ao passo que as paisagens se alternam diante da janela, cria-se uma conexão singular com o mundo e com si mesmo. Existe algo profundamente meditativo nesse movimento constante, quase como se o barulho do trem nos trilhos sincronizasse com os pensamentos que percorrem sua mente.
Pois bem, não foram somente as curvas inesperadas que fizeram o caminho significativo, até porque vivenciei pequenos gestos de gentileza em lugares onde ninguém falava a minha língua.
Agora, à medida que o fim desta aventura se aproxima e a magia do Ano-Novo em Singapura está à minha espera, sinto uma gratidão imensa por tudo o que vivi. É como se cada desafio enfrentado me preparasse para algo maior, algo mais significativo.
Minha maior lição aprendida é sobre abraçar as tempestades que nos atingem, porque elas podem parecer assustadoras e impossíveis de superar, mas são nelas que descobrimos quem podemos nos tornar se perseverarmos.
Espero que 2025 seja o ano para todos viverem suas próprias aventuras, daquelas desafiadoras e transformadoras, pois não é sobre os lugares que visitamos, mas como reagimos ao ambiente e o como ele nos afeta.
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