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Veja a destilaria em que você pode fazer o seu próprio gim – 14/01/2025 – Turismo


À primeira vista, Park City é um destino apenas para turistas ávidos por esportes de inverno, com resorts dedicados aos que querem esquiar ou fazer snowboard. Mas mesmo quem não tem talento para atividades físicas no frio pode se divertir na cidade americana, sobretudo aqueles com vocação para tomar tragos.

Encontrar bares, bons ou ruins, é fácil, mas são poucos os que oferecem a possibilidade de montar a bebida com as especiarias que bem entender —ainda mais de forma lúdica, numa espécie de degustação botânica.

Na destilaria Alpine, o cliente pode realizar o sonho do gim próprio, o que atrai anônimos e celebridades, do rapper Post Malone à atriz brasileira Juliana Paes, não só com drinques, mas também tortas doces —até porque a pronúncia do nome Alpine comporta a palavra “pie”, trocadilho óbvio demais para ser ignorado.

À frente do estabelecimento está Sara Sergent, cujos prêmios e firmeza nas orientações dão segurança de que os US$ 337 (R$ 2.047) gastos na experiência completa, com tortas, drinques —como um espresso martini— e, ao final, a garrafa de gim produzida com os elementos escolhidos pelos clientes, valerão a pena.

Além de ter conquistado o prêmio Gim do Ano, em Londres, em 2021, e medalhas de ouro no SIP Awards, ela também coleciona menções em listas das melhores destilarias dos EUA, como a do jornal USA Today. As láureas, porém, não significam nariz empinado nem frescuras típicas desse universo, cheio de regras.

Sara é fácil de conversar e, durante o processo, fala sobre o trabalho com entusiasmo. Conta qual é seu drinque favorito (negroni com green gin), sua marca popular favorita (Daffy’s) e se mostra interessada pelas combinações propostas pelo grupo presente na degustação, como a sugestão de juntar gim com jambu, algo nem de longe exótico, já que Sara disse ser possível fazer gim até mesmo com sardinhas. Eca.

Num espaço com sofás, um pouco afastado do salão do bar, todo com uma luz vermelha que remete a um cabaré, ela organiza a experiência, entregando cartelas com os nomes dos ingredientes e os distribuindo.

Após sentir o cheiro de grãos, ervas e raízes disponíveis ali, e em alguns casos prová-los, cada pessoa pode escolher até seis opções que vão compor o seu gim. A reportagem da Folha foi econômica e se limitou a três —sementes de coentro, um pouco de gengibre e uns tais de grãos do paraíso, algo entre cardamomo e pimenta malagueta. Seja lá o que isso de fato for, quem não quer beber algo que leva grãos do paraíso?

Sara então pede que cada pessoa vá até um balcão para separar as quantidades, o que faz de olho, sem balança, sem nada. Você pega um pouco das sementes de coentro, e ela diz “mais, mais, mais, mais”.

Quando chega o momento dos grãos do paraíso, alerta que deveriam ser poucos, “só nove, porque é um elemento forte e porque números ímpares funcionam bem em misturas”. Poderiam ser tanto 7 quanto 11, mas Sara reforça que nove é um número bom, e aí é preciso ficar quieto e confiar no que a especialista diz.

Por fim, a participação do cliente termina com a definição do teor alcoólico do trago, que, explica ela, pode variar de acordo com a combinação de elementos escolhida. Para a bebida feita pela reportagem, ela determinou 45%, ainda que gins muito fortes cheguem a 95%. Parece ter sido uma decisão sensata.

Na sequência, em uma oficina à parte, ela começa a fazer a destilação em si, que leva em torno de duas horas e meia para ficar pronta, tempo necessário para beber mais ou, no caso dos leitores mais prudentes, dar uma volta por Park City na tentativa de forçar a evaporação do álcool consumido durante a experiência.

Se a ideia for a de ser um selvagem, há outros bares na Main Street, onde fica a Alpine. Sem muito esforço é possível encontrar um que ofereça a tradição dos “shot skis”, em que quatro copos são acoplados a um esqui, e todos têm de beber ao mesmo tempo —ou então alguém terá o rosto todo lavado com álcool.

Dá, também, para pedir uma torre de cerveja. Sim, uma daquelas torres que são vistas nas mesas de grupos numerosos de muitos bares no Brasil, opção vendida como novidade pelos americanos que acompanharam a reportagem da Folha ao Sticky Wicket, restaurante perto do resort Deer Valley. Nessa, chegamos antes.

Degustação de vinhos

Tem louco para tudo, então pode ser que exista quem não seja chegado em gim mas, como muitos, goste de vinho. Isso é algo fácil de sanar, convenhamos, porque degustação de vinho é o que mais tem por aí.

Pois há um evento do tipo entre as muitas alternativas que oferece o Stein Eriksen Lodge, hotel de luxo que mistura restaurante, spa e serviços de esqui e imobiliários, já que aluga e vende propriedades em Park City.

Na degustação, em uma adega com mais de 20 mil garrafas de 2.000 rótulos e valor estimado em US$ 2,6 milhões (R$ 15,81 milhões), um sommelier apresenta seis opções harmonizadas com queijos de Utah. Os participantes, que não precisam ser hóspedes do hotel e podem formar grupos de até dez pessoas —o valor varia a depender da quantidade—, tentam então acertar, às cegas, as características do que foi servido.

A experiência em um local fechado contrasta com outra atração do Stein Eriksen Lodge, os aspenglobes, domos de vidro aclimatados para refeições na parte externa do hotel, com o cenário estonteante da cidade ao fundo. Os espaços comportam de 6 a 8 pessoas e, para usá-los, é necessário pagar uma taxa extra para a reserva: US$ 200 (R$ 1.220) para uma hora e meia no café da manhã ou no almoço e US$ 250 no jantar.

Açaí e café brasileiros

Não importa onde for, sempre há um brasileiro por aí. Mesmo em Park City, uma cidade no estado de Utah com apenas 8.300 habitantes, cuja economia é desenhada como destino turístico para esportes na neve.

Ali vive há 24 anos o paraense Emerson Cruz, 48, proprietário do Bridge Cafe and Grill, que oferece açaí, coxinhas e café —mas café de verdade mesmo, não aquele café fraquinho que em geral é servido nos EUA.

A trajetória é clássica: foi ao país primeiro como estudante e, depois, para trabalhar nas montanhas, sempre em Park City. Na cidade, aproximou-se dos antigos donos do café que hoje gerencia e conheceu a mulher, a brasileira Juliana. Recebeu a oferta para assumir o local e se associou a amigos para fundar o Bridge. Hoje conta com cerca de 35 funcionários e chega a atender, num só dia, segundo ele, centenas de pessoas.

No início, o restaurante era ainda mais brasileiro e servia moqueca, pê-efes e feijoada todo sábado. O menu foi mudando conforme o estabelecimento se adaptava às demandas, e só algumas das opções continuaram, como um camarão com dendê, as coxinhas e o açaí da Pará natal. Ainda que quibe não seja uma comida do Brasil, de tão presente no país já praticamente se tornou uma, e Emerson diz que o quitute faz sucesso.

“As Olimpíadas de Inverno abriram muitas portas, e Park City cresceu, ganhou muitos turistas. Para mim a cidade foi amor à minha primeira vista”, afirma Emerson. “Hoje, estou a um ano de ter passado mais tempo da minha vida lá do que o tempo que passei da minha vida no Brasil, então foi uma paixão mesmo.”




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