Lar Turismo Madri: como toda cidade deveria ser – 14/01/2025 – Zeca Camargo
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Madri: como toda cidade deveria ser – 14/01/2025 – Zeca Camargo



Eu acabo de inventar o selo CCC. Chame de uma novidade de começo de ano.

Explicando melhor, de agora em diante, por onde eu passar, eu vou procurar três “Cs”. Uma cidade para ser realmente legal tem que oferecer, no mesmo dia, uma opção incrível de cultura, outra de comida e mais uma de compras.

Pensei nisso numa viagem recente a Madri. O ano de 2025 mal estava começando e eu já estava lá, deixando a minha mochila num hotel em Atocha e indo na direção do Museu Reina Sofia, sonhando com um jantar no Dopplegänger e querendo visitar a livraria La Fabrica.

No dia seguinte: um museu, um restaurante para conhecer (Hiro) e uma lojinha que eu queria passar (Llop). E Madri me ofereceu várias possibilidades assim. E no outro dia também.

Intuitivamente, percebi que isso é o básico que procuro em toda cidade para onde viajo, descontando, é claro, destinos de aventura e natureza. De Bancoc a João Pessoa, de Buenos Aires a Lisboa, no fundo o que faz eu me apaixonar por um lugar é essa mistura: cultura, comida, compras.

E, enquanto eu me esbaldava nesses quesitos pelas ruas madrilenhas, me dei conta de que, para além de várias opções de cada “C”, Madri chega bem perto do que chamaria de cidade perfeita para o turista.

Primeiro, é uma cidade lindíssima. Nem tem tantos grandes monumentos como outras capitais europeias, talvez, mas com uma arquitetura fantástica entre o clássico e o ousado. E mesmo sem ser 100% plana, andar por Madri é agradabilíssimo.

Há uma sensação de que é uma cidade onde as pessoas moram, tem gente de verdade vivendo lá. Tem uma ou outra via comercial, mas boa parte das lojas interessantes você descobre sem querer, entre duas portas de prédios.

Você pode entrar num lugar apenas para tomar um “vermú” ou experimentar um estupendo menu-degustação. Pedir um tapa ou uma paella. E não vamos nem falar da paixão que é poder reservar uma mesa para as 22h20 numa quarta-feira!

E aí tem aquele negócio de sesta. Com o almoço geralmente tarde –tente comer antes das 13h!– um descanso no meio do dia é mais que desejado. Até porque é preciso ter energia para lotar a calçada da Gran Vía à meia-noite, seja caminhando de braços dados com suas amigas de mais de 70 anos ou empurrando o carrinho de seu filho recém-nascido.

Mas isso não significa que Madri seja inviável de tanta gente –leia-se “turistas”. Como Barcelona ou Veneza ou Amsterdã. Há espaço para se encantar com tudo.

Com as placas de rua, tipo a calle de Santa Bárbara, onde alguém colocou uma imagem da cantora Barbra Streisand. Com uma livraria chamada Tipo Infames. Com um grafite que diz: “Borde de mierda pero buena persona”.

Com um pop chiclete em espanhol e uma ensandecida guitarra flamenca. Com a fachada do Cine Doré. Com uns desenhos de Lorca numa pequena galeria. Com um novo barzinho em Chueca. Ou Malasaña.

Quando visitei Madri pela primeira vez, um adolescente nos anos 1980, comprei uma revista alternativa que se chamava Madrid me Mata!. Era meio um resumo da vida urbana que pautou os primeiros filmes de Almodóvar.


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