O gabinete do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, voltou a acusar o Hamas nesta quinta-feira (156) de gerar uma “crise de última hora” após tentar modificar detalhes do plano de cessar-fogo anunciado nesta quarta-feira (15) pelo Catar.
Até o início desta tarde em Tel Aviv, às 12h (7h no horário de Brasília), Netanyahu não havia convocado ministros para discutir a proposta alcançada entre os dois lados. A reunião estava marcada para esta quinta-feira às 11h (horário local, 6h de Brasília).
O gabinete advertiu que o governo israelense não aprovaria qualquer implementação de trégua até que as “divergências sejam esclarecidas”, sem mencionar quais seriam as partes que o grupo terrorista teria recuado.
“O Hamas está violando partes do acordo alcançado com os mediadores e Israel em um esforço para extorquir concessões de última hora”, disse nesta quinta o gabinete do premiê israelense, acrescentando que “não se reunirá [com o governo] até que os mediadores notifiquem Israel de que o Hamas aceitou todos os elementos do acordo”.
Em um comunicado em resposta, o Hamas disse estar “comprometido” com o acordo de cessar-fogo anunciado pelos mediadores. À Agência EFE, o membro do gabinete político do Hamas Basem Naim disse que “não sabia” a que se referiam as declarações de Netanyahu sobre as novas demandas.
A imprensa israelense afirma que a reunião pode ser convocado ainda neste dia.
Mais tarde, nesta manhã, o gabinete de Netanyahu informou que o primeiro-ministro falou por telefone com os mediadores em Doha, que lhe relataram que o Hamas estava tentando afastar-se do que já tinha sido concordado, ao querer escolher quem serão os prisioneiros libertados em uma troca de reféns.
“Entre outras coisas, contrariamente a uma cláusula explícita que concede a Israel o direito de vetar a libertação de assassinos em massa que são símbolos do terrorismo, o Hamas quer ditar a identidade desses terroristas”, diz o texto, que descreve a situação como uma “tentativa de chantagem”.
De acordo com a emissora pública Kan, o atraso repentino da votação do governo pode estar ligado a “deliberações em curso” do partido Sionismo Religioso, liderado pelo ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, sobre se deve ou não abandonar o Executivo assim que o cessar-fogo for aprovado.
Tanto Smotrich quanto Itamar Ben Gvir, outra figura mais ortodoxa do governo de Netanyahu, que também é ministro da Segurança Nacional, se opõem ao que consideram um acordo de “rendição” com o Hamas.
No entanto, mesmo que isso acontecesse, Netanyahu teria apoio majoritário para dar sinal verde ao cessar-fogo, que entraria em vigor no próximo domingo, após mais de 15 meses de guerra, iniciada pelo Hamas com o massacre de 7 de outubro em território israelense.
Fontes contaram nesta quarta-feira que, em uma primeira fase, o Hamas vai libertar gradualmente 33 reféns (vivos e mortos) em troca de centenas de prisioneiros palestinos, dando prioridade às mulheres ainda mantidas em cativeiro – também as soldados -, pessoas com mais de 50 anos, menores de idade e doentes.
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