Vilão da inflação em 2024, o café deve continuar caro ao longo deste ano.
Em 2024, o café acumulou uma alta de quase 40%, o que contribuiu, juntamente com outros alimentos, para que o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) fechasse o ano acima do teto da meta.
A safra 2024/2025 foi severamente comprometida pela seca que atingiu as principais regiões produtoras no inverno passado. No fim do ano, começou a chover –o que continua neste início de 2025.
Essas chuvas, contudo, não são o suficiente para compensar o estrago já causado na safra atual. Elas indicam, na verdade, que, caso o inverno deste ano seja de clima favorável, a colheita de 2026 pode ser boa.
Ou seja, em uma perspectiva otimista, o preço pode dar um alívio no próximo ano.
Mas, diante do que temos visto no mundo, com eventos climáticos extremos cada vez mais frequentes, fica difícil manter o otimismo.
- Diante da alta nos preços, veja na galeria de imagens abaixo dicas para escolher seu café melhor no supermercado:
No fim, o que decidirá é o clima. É claro que há uma demanda crescente em países muito populosos, como a China. Mas isso ainda não é tão relevante, sobretudo se considerarmos que há uma estabilidade ou até uma redução no consumo em outros países.
O crescente consumo chinês, se mantiver o ritmo acelerado, pode vir a ser um fator importante na determinação do preço no futuro próximo, mas não é tão preponderante agora.
LONGO PRAZO
O problema é que, ao que tudo indica, em alguns anos o café sofrerá ainda mais com questões climáticas.
Além de o aquecimento do planeta aumentar a frequência de eventos extremos —como enchentes ou secas, que são ameaças fortes para a cafeicultura—, estima-se que até 50% das áreas cultiváveis podem se perder a depender do nível de aquecimento do planeta.
Ou seja, confiar no clima e apenas esperar para ver não parece uma boa estratégia.
Por isso, cresce o movimento de cafeicultores com práticas regenerativas, a fim de atenuar os efeitos da crise climática e também contribuir para regenerar o planeta por meio de emissão negativa de gás carbônico (ou seja, lavouras que mais capturam do que emitem CO2). Essas iniciativas, embora importantes, ainda são ínfimas perto do volume de café produzido no mundo.
Em suma, não é o dólar, a demanda ou outro aspecto estritamente econômico afeta de forma mais determinante o preço do café.
Não, não é a economia; é o clima, estúpido.
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