É espantoso como as pessoas adoram obituários. Realmente não sei se é algo mórbido ou o interesse pela biografia do defunto. Nesta segunda-feira (17) não deu outra: o anúncio da morte de Francesco Rivella, o “pai da Nutella”, ficou um tempão entre os textos mais lidos da Folha.
Óbvio que eu também fui ler.
Rivella, que morreu aos 97 anos, foi a mente por trás da invenção não apenas da Nutella, mas também do Ferrero Rocher, do Kinder Ovo e do Tic Tac, todos fabricados pela Ferrero, uma indústria gigante com sede em Alba, na Itália.
Ele não era um cozinheiro. Não era um doceiro.
Era um químico.
Isso diz bastante sobre os produtos que Rivella ajudou a criar –e que muita gente no mundo todo ama, como se fossem comida de qualidade superior. Coisas como a Nutella não são da cozinha, são da química.
Podem ser melhores do que os similares quando se trata de sabor, mas ainda são bombas ultraprocessadas: açúcar, gordura e uma batelada de ingredientes que só os químicos conhecem.
Os italianos são muito bons em duas coisas: comida e marketing. Quando juntam os dois, eles são excelentes.
Os caras conseguiram estabelecer uma reputação internacional de qualidade em produtos que são, no fim das contas, ultraprocessados: doces, biscoitos, molhos, embutidos, massas recheadas.
Muitos desses itens são gostosos. Alguns são menos venenosos do que os feitos de forma mais barata e desleixada. Outros são igualmente ruins. O único jeito de saber é lendo a lista de ingredientes.
Na Nutella, os ingredientes que entram em maior quantidade são açúcar e óleo vegetal. Os componentes mais benignos, avelã, leite e pó e cacau, representam juntos 29,1% da pasta doce.
Ou seja, a Nutella é 70.9% açúcar, óleo, emulsificante e aromatizante.
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