Moradores de Aveiro, no centro de Portugal, não gostam que a cidade seja chamada de “a Veneza portuguesa”, um clichê comum aos turistas que passam pelo local. A comparação, no entanto, é inevitável: o município é cortado por canais que ficam cheios de embarcações parecidas com as gôndolas italianas.
Entre Lisboa e Porto, a cidade de Aveiro vem entrando no roteiro dos turistas que viajam rumo ao norte do país. A principal atração são os passeios nos canais, que duram 45 minutos e custam a partir de € 13 (R$ 77) por pessoa. É um valor que pode acabar mais em conta do que a navegação nas águas venezianas (a partir de € 80 por gôndola, para seis pessoas).
Para quem é leigo, as embarcações são semelhantes. Há diferenças, entretanto. As de Aveiro se chamam moliceiros e foram concebidas para atividades relacionadas ao trabalho agrícola. No passado, eram usadas para coleta de moliço, planta aquática que serve de adubo. Atualmente são motorizadas e decoradas com pinturas que retratam o cotidiano.
As gôndolas italianas, por sua vez, desde o começo tinham o transporte de pessoas como objetivo principal. E diferentemente dos moliceiros, ainda hoje são conduzidas por remadores, os chamados gondoleiros.
Aveiro também oferece roteiros para quem gosta de gastar a sola do sapato. A cidade é repleta de edificações no estilo art nouveau, com fachadas decoradas, muitas das quais adaptadas com azulejo, elemento tradicional em Portugal. Caminhando pela cidade, é fácil encontrar projetos do arquiteto Francisco Augusto da Silva Rocha, conhecido como Gaudí português pela sua originalidade.
Aveiro fica a 70 km da cidade do Porto e é um destino comum de bate e volta. Nos últimos anos, empresários e autoridades vêm investindo em infraestrutura para que os visitantes fiquem mais tempo. Em 2023, por exemplo, foi inaugurado de forma oficial o primeiro hotel cinco estrelas da cidade.
O MS Collection Aveiro – Palacete de Valdemour é o resultado da restauração do palacete do século 18 que foi residência dos pais de Eça de Queiroz (1845 – 1900), autor de obras renomadas que incluem “Os Maias” e “O Crime do Padre Amaro”.
São 39 quartos, alguns com mobiliário de época e batizados com nomes de personagens dos livros de Queiroz. Nos espaços comuns, destaca-se uma sala de leitura com objetos pessoais do escritor, entre os quais fotografias, edições antigas de obras, manuscritos e o icônico monóculo, a lente para correção da visão de apenas um dos olhos, que fica protegida por uma vitrine.
O restaurante do hotel se chama Prosa e pode oferecer menus temáticos, com alimentos que remetem às obras do português. Dali, é possível ver um painel próximo da piscina com cinco metros de altura e esculpida diretamente no concreto, que retrata o rosto do escritor.
As diárias variam de € 170 (R$ 1.017) a € 335 (R$ 2.004) nos quartos mais luxuosos.
Também são atrativos de Aveiro os estabelecimentos que comercializam o ovo mole, doce típico da região feito de água, açúcar e gema de ovo cru.
Assim como Aveiro, a agradável cidade de Amarantes, a 60 km a leste do Porto, também é uma boa opção para quem quer experimentar os papos de anjo, toucinhos do céu e galhofas em casas próximas ao rio Tâmega.
A cidade ainda remete a fatos históricos. Na principal catedral, marcas de tiros e vestígios das guerras napoleônicas são preservadas. Tropas lideradas por Napoleão Bonaparte chegaram a ocupar o município no começo do século 19. Não com facilidade. Ainda hoje os moradores locais se orgulham da resistência.
O jornalista viajou a convite de TAP Air Portugal, Turismo de Portugal e Turismo do Porto e Norte de Portugal
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