A pouco mais de 200 quilômetros da capital paulista, Ilhabela tem seu nome no singular, mas poderia ser plural. Formada por 19 ilhas, ilhotes e lajes, é um dos dois municípios-arquipélagos marinhos brasileiros (o outro é Cairu, na Bahia). A ilha de São Sebastião é a mais extensa e concentra a maior parte das atrações e da estrutura turística local.
Ela é famosa por praias idílicas e também por um aspecto muito específico de sua fauna: os borrachudos. Os mosquitos são muito presentes em lugares próximos a rios e cachoeiras e, consequentemente, afetam as principais atrações de Ilhabela. A solução, no entanto, é fácil. Assim que o protetor solar for absorvido, basta passar repelente por cima (e reaplicar após entrar na água).
Já no centro da ilha, há praias de fácil acesso, com uma pegada mais urbana. É o caso da praia do Perequê, a mais movimentada da cidade. Por lá, encontram-se bares, restaurantes, diversas opções de hospedagem e agências de turismo —é de lá, também, que partem passeios de barco para praias de outras regiões da ilha.
As águas são calmas e propícias a atividades como canoa havaiana e stand up paddle. A região central abriga, ainda, praias como Saco da Capela, Pequeá e Engenho d’Água, todas acessíveis por carro, bicicleta ou caminhada.
É possível seguir de carro pela estrada, na direção norte, até a praia do Jabaquara, uma das favoritas dos visitantes de Ilhabela. O caminho é asfaltado por uma boa parte e, no final, tem estrada de terra, com pedras e alguns buracos (carros mais altos são indicados aqui).
O visual até lá compensa: um misto de mar e mata atlântica tão característico da ilha já anunciam o que está por vir. A faixa de areia é extensa, um belo rio deságua na praia, formando piscinas naturais. A água é cristalina, permitindo até mesmo a observação de peixinhos. E há quiosques para comer e beber.
Para quem quiser chegar até o Jabaquara por via aquática, existe a possibilidade de contratar a Barca no Mar, empresa que oferece passeios de catamarã acompanhados de refeições preparadas por uma chef. Uma excursão de cinco horas pode ainda incluir um mergulho na praia da Fome e custar de R$ 450 a R$ 490.
Uma pedida mais tranquila é a praia da Feiticeira, não muito distante do centro, e voltada para o continente. Tem poucas ondas, mas não é recomendável para ir com crianças, já que é uma praia de tombo. Em sua ponta esquerda abriga um antigo engenho, testemunha do passado açucareiro do lugar, hoje transformado em uma fazenda. A construção colonial imponente em meio à areia e à mata forma uma bela composição para fotografias.
É na Feiticeira que fica o Reserva Ilhabela, pousada com pegada sustentável que se propõe a uma política de lixo zero e a geração de energia a partir de placas solares. Tem piscina e banheira de hidromassagem em sua cobertura, sala de ioga e meditação, além de um pequeno spa no mato onde são aplicadas técnicas de ayurveda e reiki —diárias a partir de R$ 521 para o mês de março.
Na praia ao lado fica o Prainha do Julião, restaurante pé na areia farto em pescados. Um bem servido risoto de frutos do mar sai por R$ 118.
Já a praia do Curral, a mais badalada da ilha, fica um pouco mais ao sul. Abriga quiosques, restaurantes, estacionamento e boa estrutura de hotéis e pousadas. Mas por ser muito popular, costuma encher aos fins de semana e durante a alta temporada.
Se a ideia for procurar isolamento, o destaque no extremo sul é a praia do Bonete, situada em uma pequena vila de pescadores. É possível chegar de barco ou por uma trilha que pode não ser para amadores: com trechos íngremes, o percurso pode levar até seis horas. As pausas, no entanto, são bem gratificantes. É que, no caminho, estão as cachoeiras da Laje, Saquinho e do Areado esta, a maior da ilha.
A dificuldade no acesso tem um lado bom: mantém a praia preservada. Tem água clara até mesmo em dias fechados, que combinam bem com a natureza exuberante, mas o mar pode ser agitado. Tudo ali é muito simples: não há sinal de celular, as opções de wifi são instáveis e a luz elétrica depende do gerador da comunidade, que permanece ligado no fim do dia, até as 23h. Ótimo para desconectar e curtir um jantar à luz de velas.
Se o assunto é cachoeira, outro dos atrativos de Ilhabela, vale dar uma passada na Fazenda da Toca, próxima à estrada de Castelhanos. Abriga ducha e tobogã naturais, e o passeio pode ainda terminar com degustação de cachaças feitas pela família que comanda a propriedade.
Para chegar a Ilhabela, é preciso fazer uma travessia de balsa a partir da cidade de São Sebastião. Apesar de a distância entre os dois locais ser de pouco mais de 2 km, não há ponte. As balsas funcionam 24 horas com saídas a cada meia hora durante o dia, sendo mais espaçadas durante a noite. O valor varia de acordo com o veículo embarcado (pedestres e ciclistas são isentos).
Há ainda a possibilidade de contratar serviços particulares para fazer essa travessia. A BNBoats, como diz o nome, é uma espécie de AirBNB para aluguel de barcos –uma intermediária que conecta donos de embarcações a quem opta por desembolsar valores na casa dos R$ 600 (num barco para seis pessoas, ida e volta) para furar a balsa e chegar em bem menos tempo à ilha a partir de São Sebastião.
Situada no litoral norte de São Paulo, o acesso é fácil de carro ou ônibus para turistas paulistas e fluminenses. Para quem chega de avião, o aeroporto mais próximo é o de São José dos Campos, mas os aeroportos que servem a capital (Guarulhos e Congonhas) também podem ser uma boa pedida.
Ainda resta falar sobre os borrachudos, que fazem a má fama do lugar. Os repelentes da marca Citroilha, feitos à base de citronela por um fabricante local, costumam ser eficazes contra os insetos e podem ser comprados na internet ou em lojas físicas dali. Vale a pena exagerar no uso.
O jornalista Guilherme Genestreti viajou a convite do Ilhabela Convention & Visitors Bureau
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