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“Cidade do Carnaval” alemã criticou Dilma Rousseff em desfile


Se o Brasil é o país do carnaval, Colônia, na Alemanha, sem dúvida é uma forte candidata ao título de “Cidade do Carnaval”. Para os moradores da metrópole às margens do Rio Reno, no noroeste do país, já não há discussão. Há mais de 200 anos, a cidade celebra a festa de maneira organizada nas ruas de seu centro histórico e nos arredores do seu maior símbolo: a famosa catedral gótica de Colônia, que serve de cenário para a festa mais popular do ano entre os habitantes.

Enquanto por aqui temos o costume de dizer que “o ano só começa depois do carnaval”, para os alemães funciona diferente: a festividade começa antes de o ano acabar. Isso porque em Colônia, já no dia 11 de novembro do ano anterior inicia a quinta estação do ano, isto é, o tempo de preparação para o carnaval, em que a cidade se enche de uma atmosfera de empolgação que antecede a festa principal em fevereiro, seguindo o mesmo calendário brasileiro.

Assim como no Brasil do século XIX, em que as primeiras manifestações culturais que originaram o carnaval foram criminalizadas, a celebração também foi proibida na Alemanha. Isso porque as tropas francesas que ocupavam parte do país no início do século consideraram a festa uma ameaça à ordem imposta pelas forças de Napoleão Bonaparte. Anos mais tarde, o carnaval voltou a ser celebrado de maneira organizada e muito similar à festa brasileira.

Semelhanças entre o carnaval brasileiro e o de Colônia

Para manter a ordem na cidade e garantir uma festa harmônica para todos, surgiu em Colônia uma figura simbólica muito semelhante ao Rei Momo no Brasil. Conhecido como o “Príncipe do Carnaval”, ele é o comandante da festa e ainda governante da cidade durante os dias de carnaval, trazendo alegria e incentivando os foliões a participarem da celebração de forma pacífica. No Rio de Janeiro, a eleição do Rei Momo foi oficializada pela legislação estadual em 1968.

Mas as semelhanças entre as festas não param por aí. Como no Brasil, em Colônia uma fantasia bem humorada é parte fundamental do espírito carnavalesco. No país europeu, entretanto, dificilmente será possível aproveitar algo do vestuário que estamos acostumados no nosso país tropical, já que no Hemisfério Norte o carnaval acontece durante o congelante inverno europeu.

Diferentemente do que se pensa, isso não impede que as ruas sejam tomadas por foliões ávidos por assistir aos desfiles dos carros alegóricos.

Para não dizer que é tudo igual, na Alemanha a festa tem um direcionamento maior para toda a família, e os pequenos são convidados a participar dos desfiles com as escolas, além de serem atraídos pelas toneladas de doces que os carnavalescos jogam de cima dos carros alegóricos.

Já o grande desfile, com duração de mais de cinco horas, é sempre na segunda-feira de carnaval. Enquanto no Brasil o samba-enredo das escolas é muitas vezes utilizado como forma de crítica política ou social, lá a mensagem é expressa no próprio carro alegórico, que pode trazer imagens que fazem alusão a políticos e posicionamentos relacionados a temas de apelo popular no país e no mundo.

Festa brasileira inspirou alemães, e até o governo Dilma virou alvo

Em 2013, ano que marcou o primeiro aniversário de uma parceria entre as cidades do Rio de Janeiro e de Colônia, o tema central do carnaval alemão foi o Brasil. Com o lema “Carnaval no Sangue – aqui e no Pão de Açúcar”, a cidade alemã foi pintada de verde e amarelo, com fantasias alusivas à bandeira nacional e muito samba. Na ocasião, os carros alegóricos também trouxeram temáticas brasileiras como Amazônia, futebol e fortes críticas ao governo da então presidente Dilma Rousseff (PT).

Vale lembrar que o ano de 2013 foi marcado por grandes protestos em todo o Brasil contra o governo Dilma, que começaram com reivindicações contra o aumento das tarifas do transporte público e rapidamente se expandiram para temas como corrupção, gastos públicos e falta de qualidade nos serviços essenciais.

Os altos gastos com a Copa do Mundo de 2014, sediada no Brasil, foram outro ponto central das críticas. Um dos principais carros alegóricos de Colônia mostrava Dilma Rousseff sentada ao lado do então presidente da Fifa, Joseph Blatter, sobre um rolo compressor que retirava do caminho uma favela. A crítica fazia alusão às pessoas que foram despejadas para dar lugar às vias e aos estádios da Copa do Mundo no Brasil.

Carnaval alemão em ColôniaGrupo de pessoas fantasiadas participa de um desfile durante as comemorações do carnaval em Colônia (Foto: Patrick Seeger/EFE)

Mas a iniciativa alemã também teve uma contrapartida brasileira: no mesmo ano, a escola de samba Unidos da Tijuca levou ao Sambódromo o enredo “Alemanha Encantada”. Até hoje, ambas cidades mantêm parcerias em diversos projetos como o Banco de Alimentos, inaugurado em maio de 2024, e o Brasil continua sendo uma grande inspiração para o carnaval alemão. Em 2018, a escola de samba carioca Salgueiro foi uma das atrações da abertura das festividades de carnaval em Colônia.

Assim como no Brasil, os dias de festa na Alemanha não são considerados feriados e nem são todas as cidades alemãs que celebram a data. A folia por lá se concentra nas cidades que margeiam o Rio Reno, onde o direito à folga fica geralmente a cargo das empresas. Colônia é o principal destino daqueles que querem festejar o carnaval na Alemanha, mas Dusseldorf, Mainz, Bonn e Aachen também são palco de grandes festas e desfiles.



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