Lar Gastronomia Ambulantes só podem vender produtos da Ambev – 28/02/2025 – Tinto ou Branco
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Ambulantes só podem vender produtos da Ambev – 28/02/2025 – Tinto ou Branco


Encontrar um ambulante com o isopor cheio de vinhos sempre foi meu sonho de Carnaval. Não bebo cerveja. Então, a vida toda tive certa dificuldade para me manter animada atrás do trio elétrico ou dos bloquinhos. Ok, é proibido vender garrafas de vidro. Porém, eles poderiam vender latinhas, não poderiam?

O que hoje chega mais perto disso é o Carnaval de Salvador. Por lá, nos camarotes Planeta Band, Brown e no evento Casa D’Licia, o folião vai encontrar latinhas da pernambucana Rio Valley vendidas a R$ 16,90. No Bloco Largadinho, da Claudia Leitte, pelo terceiro ano seguido, tem latinha da Artse, marca da qual a cantora é sócia.

Sem vinho, no passado sempre optei pelos drinques. Nem sempre muito confiáveis. Meu primeiro Carnaval de rua foi, no milênio passado, em Salvador, quando trio elétrico nem era fechado. Eu tinha 20 anos e já preferia vinho, mas, na falta, me virava bem com as batidinhas das barracas da Praça Castro Alves. Sobrevivi.

Anos depois, na virada do milênio, passei dois Carnavais em Recife e, mais para frente, outro no Rio de Janeiro. Sempre na rua. Nessas três situações, acontecia claro, de eu passar a seco por várias quadras. No entanto, volta e meia, encontrava alguém vendendo batida de limão ou fazendo uma caipirinha numa tábua imunda qualquer. Trash total, mas, ao menos, encontrava o que beber.

Agora, todos os ambulantes do Carnaval de São Paulo têm de trabalhar para a Ambev! Justo agora que existe vinho em lata! Deixo aqui o meu protesto! Que espécie de capitalismo é esse que elimina a livre concorrência!

Um capitalismo que faz concessão de tudo para os grandes e elimina as chances dos pequenos. No Ibirapuera, tem uns restaurantes bacanas, admito, mas sumiram com o sujeito do carrinho do cachorro-quente, o tio do algodão doce, o carrinho de sorvete. No Parque da Água Branca, dizem que vão instalar uma churrascaria nas antigas estrebarias. Daquelas super caras. Será que a água de coco vai continuar lá onde está? E o Pacaembu? Vou poder voltar a nadar na piscina do Pacaembu de graça?

É um mundo (além de cruel) muito sem graça. Tudo fica com cara de shopping center. Carnaval todo certinho! Onde já se viu isso? Carnaval é festa pagã, um ritual para Baco ou Dionísio. A ideia é perder a cabeça! Agora a gente se embala e se embola, mas só pode comprar cerveja do ambulante que estiver vestindo camiseta e boné limpinhos e carregando um isopor bonitinho, tudo da Brahma.

Tenho de admitir que deixar ambulantes venderem o que lhes dá na telha pode ser arriscado. Eu mesma já me dei mal com uma caipirinha que tomei na avenida Ipiranga numa Virada Cultural em São Paulo. Acho que era daquelas cachaças vagabundas que têm metanol. Sai de mim. Só tenho flashes de memória de um show da Marina Silva. Por sorte, minha amiga bebeu cerveja e me levou para casa.

Tudo bem, pode pôr uma certa ordem no galinheiro. Não quero defender aqui nada que ponha a vida dos outros em risco. Porém, não precisava ser tudo da Ambev e só aquela lista específica de produtos (a própria Ambev tem vinhos)! Podiam apenas exigir que eles trabalhassem com produtos aprovados pela Anvisa e que apresentassem nota fiscal de compra.

Protesto registrado, vamos pensar na solução para aqueles que, como eu, passam reto pela cerveja! Uma alternativa é levar umas duas latinhas de vinho numa mochila. Não é pouco. É o equivalente a dois terços de uma garrafa. Não se esqueça que vinho tem um teor alcoólico bem mais alto do que a cerveja. E você pode parar num supermercado e comprar uma terceira lata se achar pouco. O problema é manter a temperatura. Eu sugiro aqueles gelos reutilizáveis e uma bolsa térmica pequena que caiba dentro da mochila.

É bom lembrar também que, como escrevi no ano passado nos textos Chuva, suor e vinho e Folia combina com vinho, São Paulo está cravejada de bares de vinho. Alguns deles abrem no Carnaval e você pode fazer paradas estratégicas antes, durante e depois dos bloquinhos. Antes de ir, veja o caminho e já se informe sobre o que funciona ou não.

Lembre-se de que muitos bares vendem vinho em taça, mas você não poderá sair andando com a taça de cristal do bar. Então, leve na mochila uma tacinha de acrílico. É preciso também considerar que dependendo de sua fantasia (do tamanho diminuto dela) alguns estabelecimentos podem se negar a deixá-lo entrar. Porém, todos com quem falei no ano passado garantiram que as portas estavam abertas para os foliões!


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