Quem passa na frente do Chango Assador, com suas mesas de boteco na calçada, não imagina a especialidade servida ali.
Pequena e despretensiosa, a casa do chef argentino Alejandro Peyrou nasceu há um ano, em uma rua fora do burburinho gastronômico da cidade, servindo hambúrguer e choripán.
O nome vem de “changuito” — carrinho de mercado, na Argentina. Era como Peyrou chamava a churrasqueira com rodinhas que levava na cervejaria ao lado de sua casa para vender hambúrgueres quando tinha desistido de trabalhar em restaurantes.
De lá para cá, o cardápio cresceu, e hoje serve boas carnes, peixes, frutos do mar e legumes preparados na parrilla. O cheeseburger continua lá (R$ 35). A carne do sanduíche é um blend de costela, peito e paleta, desenvolvido para a casa.
O resultado é um hambúrguer macio, saboroso e equilibrado, servido no pão brioche, com cheddar e molho da casa. O choripán (R$ 35) também resiste, feito com linguiça suína, pão crocante e chimichurri.
Peça a porção individual de fritas (R$ 12) para acompanhar os sanduíches. Especialmente sequinhas, levaram à curiosidade de saber mais detalhes sobre o preparo.
Como o próprio chef comanda a cozinha aberta, foi fácil colar no balcão e perguntar o método.
Seguindo a técnica francesa, elas passam por duas frituras: uma em baixa e outra em alta temperatura. Outro segredo: como as batatas têm muita água, elas descansam alguns dias entre o momento da compra e da fritura. O tempo de perderem um pouco dessa água, o que resulta em mais crocância.
O cuidado com as batatas dá pistas do que esperar quanto às carnes. Há quatro opções de corte de angus —todas com 300 gramas e acompanhadas de chimichurri e farofa.
De gado brasileiro, o vazio (R$ 66) e o flat iron (R$ 78). Importados do Uruguai, o bife de chorizo (R$ 88) e o ojo de bife (R$ 97).
Os cortes chegam à mesa com o ponto pedido e a textura correta. Dourados por fora, bem vermelhos por dentro, macios e suculentos, com quantidade equilibrada de sal e uma pitada de frescor trazida pelo molho chimichurri.
Para acompanhar, vá na porção de legumes assados (R$ 25). Ela vem com berinjela, cebola, ervilha torta, quiabo, mandioquinha, cenoura, abóbora e sementes. A cenoura mereceria uma porção só para ela no cardápio.
De sobremesa, creme de queijo com morangos São três as opções para finalizar a refeição no Chango Assador. O destaque fica por conta do creme de queijo com morangos defumados em calda e farofa crocante (R$ 27). A sobremesa tem a rara qualidade de não exagerar no açúcar. Os outros dois pratos doces são a maçã assada e caramelizada com farofa e sorvete de nata (R$ 25) e o pudim de leite (R$ 18).
Diferentemente do que a simplicidade do lugar sugere, Peyrol é um cozinheiro experiente, que já passou por cozinhas da Argentina, da Itália e da Espanha.
Por aqui, teve passagens por D.O.M., A Figueira Rubayat e La Frontera. Participou da concepção do Açougue Central, restaurante de Alex Atala que trabalhava com carnes “de segunda”. A experiência se estende a consultorias em frigoríficos, onde ensinava desossa e preparo de embutidos.
Chegue cedo
Para aproveitar melhor a visita, chegue cedo (o lugar já vive cheio e é pequeno) e prefira se sentar nas mesinhas de fora. Mesmo que meio rústicas, são melhores que o ambiente interno abafado pelas grelhas. Em tempo, aviso aos veganos: os legumes são preparados na grelha longe das carnes.
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