Lar Música T4F: CEO Francesca Alterio quer mais mulheres em festivais – 08/03/2025 – Música
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T4F: CEO Francesca Alterio quer mais mulheres em festivais – 08/03/2025 – Música


São Paulo

Francesca Brown Alterio, 33, se tornou CEO de uma das maiores empresa de entretenimento do Brasil, a T4F, ao mesmo tempo em que produzia um ser humano. Casada com o empresário Raphael Vilella desde 2022, ela engravidou pouco antes de assumir a gestão da companhia fundada por seu pai, Fernando Alterio, em maio do ano passado.

Em entrevista ao F5, por telefone, a executiva falou sobre como a maternidade lhe abriu novas perspectivas em temas como as necessidades dos funcionários, sustentabilidade e igualdade de gênero. Também criou o GRLS!, único festival do mundo com line-up exclusivamente feminino e com 85% de mulheres também nos bastidores.

Aliás, ela cita o GRLS! como o momento mais marcante de seu período na T4F. “Ver mulheres incríveis no palco e também atrás: na técnica, na produção, na segurança, no corpo de bombeiros, nos bares”, comenta. “Foi inesquecível.”

Não é pouca coisa para uma empresa que foi responsável por trazer ao Brasil artistas como Madonna, U2, Paul McCartney, AC/DC, Rolling Stones, Lady Gaga, Justin Bieber e Taylor Swift, além de montagens de musicais da Broadway como “Les Misérables”, “A Bela e a Fera”, “O Rei Leão”, “O Fantasma da Ópera” e “Família Addams”.

A empresa realizou ainda a edição brasileira do Lollapalooza Brasil entre 2013 e 2023, além de outros festivais, como Turá, Popload e Primavera Sound. Nos últimos três anos, promoveu quase 4 mil eventos em várias cidades do Brasil, da Argentina, do Chile e do Peru.

Confira abaixo os melhores trechos da entrevista.

Como foi virar mãe e CEO ao mesmo tempo?

Foi um ano de muitas mudanças, conquistas e aprendizados. Mas nós, mulheres, somos adaptáveis. A gente consegue administrar vários pratinhos ao mesmo tempo. Um desafio, mas nada que a gente já não faça sempre.

Você tirou licença-maternidade?

Tirei quatro meses de licença, mas em um cargo de liderança como o meu, você acaba não conseguindo se afastar de fato. Eu não estava no escritório presencialmente, mas estava sempre fazendo call com as equipes. Em nenhum momento consegui me desligar 100%.

Como foi sua trajetória na T4F até se tornar CEO?

Me formei em administração de empresas em Nova York e iniciei minha carreira lá, em agências de marketing. Em 2017, voltei ao Brasil e comecei na T4F na área de marketing, mas ao longo desses oito anos transitei em várias outras áreas. Ao longo dos anos, fui organicamente me preparando para assumir essa cadeira, participando de reuniões de conselho e de comitês estratégicos. Depois de oito anos conhecendo intimamente a empresa, me senti preparada para assumir um desafio maior. Foi muito natural.

A empresa foi fundada pelo seu pai em 1983. Você a assumiu já consolidada, com quatro décadas de experiência. O que mudou sob a sua gestão?

Acho que eu trago uma visão mais inclusiva e inovadora, tentando olhar para o mercado de forma moderna, conectada e sustentável. Procurar novas parcerias, tornar a empresa mais ágil e sustentável têm sido os focos da minha jornada. É uma empresa com um legado e cultura muito fortes. É um desafio celebrar nosso legado, olhando, ao mesmo tempo, a empresa de forma mais inovadora.

Em termos de políticas para as mulheres na empresa, quais mudanças você trouxe?

Indiretamente, sempre incentivei a presença feminina nos bastidores da empresa e dos próprios eventos. Um dos projetos que tenho muito orgulho de ter feito parte foi o festival GRLS!. Criamos o único festival do mundo em que 100% do line-up era feminino e 85% das equipes que trabalham por trás do palco eram mulheres.

Sempre tive essa preocupação e a vontade genuína de tentar, por menor que seja o meu impacto, fazer a diferença para as mulheres. Hoje, a empresa é composta por uma liderança quase 100% feminina.

Outra pauta que está na minha cabeça agora são as possibilidades para mães. Estou vivendo isso na pele e acho que é importante repensar o papel da mãe do pai dentro das empresas. O próprio fato de os homens terem uma semana de licença-paternidade é muito desafiador dentro de casa. É muito pouco. O papel do pai é fundamental. Esse é um tema que estou olhando com carinho depois de ter experienciado a maternidade. Acho que também dependemos de políticas públicas.

Quantos meses de licença maternidade as suas funcionárias têm?

Seguimos as práticas de RH, são quatro meses, mais um de férias e outro de compensação de horas de amamentação, o que dá perto de seis meses. Parece muito tempo, mas quando se vive na pele, é muito pouco.

Ainda não tenho uma resposta sobre qual o modelo ideal, mas é urgente e necessário ter um olhar cuidadoso para isso, pensando em todos os colaboradores. Isso vai desde a extensão da licença até programas de inclusão, como ter mais home office ou deixar as mães e pais trazerem os filhos ao escritório.

A indústria do entretenimento é um ramo ainda muito dominado por homens. Como foi isso para você? Já passou por alguma situação de discriminação de gênero?

Eu particularmente nunca tive muita dificuldade de me posicionar. Nunca tive nenhum episódio negativo nesse sentido. É claro que os desafios existem, mas nunca vi o fato de ser mulher como um grande obstáculo. Acredito que competência, foco, mostrar trabalho e conseguir se impor são ferramentas importantes. Sempre me dediquei muito, também para me provar. Sempre tentei me posicionar com segurança e muito focada em resultados. A postura com que você se apresenta é fundamental para conquistar respeito e credibilidade.

Como você vê a evolução do mercado nesse sentido desde a época da fundação da empresa pelo seu pai?

A T4F sempre teve mulheres fortes em cargos de liderança. Mesmo na época do meu pai a gente teve CFO, diretoras comerciais, diretoras de marketing. Acho que no mercado como um todo, esse caminho está se abrindo.

É uma mudança de mentalidade que vem acontecendo. Cada vez mais, consumidores e investidores cobram uma liderança diversa, com skills diferentes. As mulheres têm uma perspectiva diferente, uma tomada de decisão de forma mais colaborativa do que os homens —e isso tem impacto positivo nos negócios. Ainda temos poucas mulheres em posição de CEO, ainda menos em companhias de capital aberto. Mas acho que isso tende a melhorar.

Que artista você ainda sonha em trazer para o Brasil?

O que eu sonho é criar experiências e momentos incríveis. Sabemos que shows e espetáculos são momentos muito marcantes na vida das pessoas. Eu pessoalmente não tenho nenhum artista que sonho em trazer. Amo ouvir o que o público quer e tentar ao máximo trazer.

Qual foi o momento mais marcante para você neste tempo de T4F?

O festival GRLS! foi muito especial. Ver mulheres incríveis no palco e também atrás: na técnica, na produção, na segurança, no corpo de bombeiros, nos bares. Foi inesquecível.



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