Nos últimos meses, o presidente americano, Donald Trump, tem advertido os países europeus que integram a Otan que, se não destinarem recursos suficientes para sua própria defesa, os EUA não os defenderão em caso de agressão.
Essa mudança de política da Casa Branca chacoalhou o xadrez geopolítico, mobilizando países a reformularem os planos para promoção da segurança.
A mensagem de Trump rapidamente gerou efeitos. Nesta terça-feira (11), a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, reforçou que os europeus devem criar uma defesa comum para enfrentar as ameaças atuais no continente.
Von der Leyen foi enfática ao declarar que está na hora de a Europa “assumir maior responsabilidade pela sua própria defesa”.
A autoridade europeia afirmou que os membros da UE devem gastar 150 bilhões de euros do novo financiamento de defesa em armas da própria indústria europeia e não mais em armas dos EUA.
A Polônia foi um dos países que anteciparam projetos para promover a autodefesa. Na semana passada, o primeiro-ministro Donald Tusk anunciou a intenção do governo de ampliar o número de reservistas no Exército e preparar todos os homens adultos para possíveis conflitos em um treinamento militar em larga escala.
Tusk também seguiu a cartilha de Trump ao defender perante o Parlamento na sexta-feira passada o aumento dos gastos do PIB com a defesa para 5%.
Atualmente, a Polônia está à frente da presidência rotativa da UE e a prioridade de sua gestão é justamente aumentar os investimentos do continente em segurança, ampliando sua agenda nacional para o bloco.
Outro país que está se preparando para um orçamento mais robusto em defesa é a Alemanha, a maior economia do bloco. No último dia 4, o conservador Friedrich Merz, que busca se tornar o próximo chanceler, anunciou um investimento de centenas de bilhões de euros, “sem limite” de teto, para proteger o país nos próximos 10 anos.
Um dos objetivos centrais do governo é ampliar seu Exército, que atualmente enfrenta uma escassez e o envelhecimento de soldados, segundo revelou o relatório anual sobre a situação militar nesta terça-feira (11). O documento mostra que 28% de cargos entre as patentes mais baixas estavam vagos até o final de 2024, enquanto nos cargos mais altos os números eram ligeiramente melhores.
As Forças Armadas alemãs contam com 181 mil soldados, segundo os dados oficiais. Há um movimento no país em defesa da restauração do recrutamento obrigatório para homens, que foi suspenso em 2011.
Reino Unido, Bélgica e Dinamarca também sinalizaram recentemente que pretendem reformular os gastos com a segurança.
A primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, também defendeu indiretamente um protagonismo da Europa na área de defesa, em uma declaração na semana passada, na qual levantou uma sugestão de apoio da Otan à Ucrânia, por meio da extensão do artigo 5º da organização, que exige dos países membros a defesa mútua.
Ainda na semana anterior, a Comissão Europeia apresentou um plano para o “rearmamento da Europa” que deverá mobilizar cerca de 800 bilhões de euros ao longo de quatro anos, incluindo 150 bilhões em empréstimos disponibilizados aos 27 membros do bloco pela Comissão Europeia.
Com a nova política externa de Trump sendo implementada, paira a incerteza sobre o futuro da relação do país com os aliados europeus da Otan, em meio à ameaça russa.
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