Chuva é sinal de bênção para a colheita do milho e garantia de fartura nas festas de São João no Nordeste. É a mesma chuva que faz brotar da terra uma iguaria nesta época do ano: a tanajura, degustada com farofa.
São as trovoadas que provocam a saída das formigas da toca. Elas voam, mas logo perdem altura e caem. É quando começa a caçada: crianças e adultos recolhem as que caíram no chão, alguns se protegendo com sacos plásticos nas pernas para evitar picadas.
“Faz parte da crença popular. Quando tem muita chuva elas saem dos formigueiros, como se estivessem brindando a colheita e o tempo bom”, diz o poeta, escritor e jornalista Hérlon Cavalcanti, 53, presidente da Fundação de Cultura de Caruaru, em Pernambuco.
O trabalho que exige para recolhe-las do chão justifica o alto preço. O saco de um quilo chega a ser vendido a R$ 250.
Lavada em vinagre, é depois assada na chapa e servida com acompanhamentos, como farofa, inclusive com as patinhas.
Ali, no varejo, para quem quiser degustar, o prato custa R$ 25 na venda de Antonio Carlos, Alves, 70, no Alto do Moura, em Caruaru. Ele também vende espetinho de bode.
Alves até insistiu para servir a tanajura com farofa, mas a repórter, paulista, arregou —dizem que elas têm um certo gostinho de bacon.
Assado (R$ 46) ou em espeto (R$ 10), o bode é bastante encontrado na área principal do evento, no centro, perto da praça com a estátua de Luiz Gonzaga, ao lado das opções tradicionais de carne, frango e linguiça.
Em uma das lojas, a Lamartines Pé de Serra, a placa indicava que ali se vendia pamegiana de frango, fondue de queijo e…bode assado. Em outro ponto de venda, havia pizza de charque desfiada com cream cheese.
Pela festa de Caruaru, ambulantes circulam vendendo grandes cestas de camarões apoiadas na cabeça. Há também ovos de codorna cozidos amarrados em saquinho e vendidos pendurados em paus, ao lado de sacos de amendoim.
O bolo de rolo, tradição da região, ganha recheios variados de paçoca, ameixa e chocolate, além da goiabada. A tapioca simples não basta: ganha recheio de charque, cheddar e queijo coalho. O acarajé, da vizinha Bahia, também se faz presente.
Em Campina Grande, os nomes criativos convidam a experimentar o caldo de quenga (base de macaxeira, com bacon, calabresa, frango desfiado, milho verde) e xibiu (este com acréscimo do charque e levemente apimentado).
Há também a opção de tripa bovina (R$ 25 a porção), coxinha de cuscuz, o mocotó com cuscuz, macaxeira com bode guisado e pizza de bala de coco.
O milho, a grande estrela que alimenta o São João, é servido em uma infinidade de variações, seja na espiga, seja no formato doce como o munguzá (ou canjica para outros estados) e a canjica (ou curau).
Fora o leque de pratos típicos, o turista que visita Caruaru e Campina Grande também encontra a variedade de lanches tradicionais das festas brasileiras fora de época, como cachorro-quente, churrascos e hambúrgueres, além de espetinhos de morango com chocolate e churros.
*a reportagem viajou a convite da Petrobras, patrocinadora do São João de Caruaru e de Campina Grande
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