O pânico se instalou em São Paulo. Beber fora de casa não é mais seguro. Pessoas vêm morrendo envenenadas. Os episódios de intoxicação por metanol ainda precisam ser esclarecidos —tomara que já tenhamos alguma luz quando este texto for publicado—, e a incerteza é a mãe do pânico.
Será o PCC? É desleixo dos fraudadores ou ação deliberada? Tem um maníaco do metanol à solta? Nas conversas por zap, chegam boatos. Pegaram manguaça com veneno no restaurante dos bacanas. O amigo do amigo do amigo está em coma, mas a imprensa não mostra.
Acuados, os donos de bares inundam as redes sociais com declarações de lisura e respeito à lei. Todos os nossos fornecedores são confiáveis, com nota fiscal, isto, isso e aquilo. Os textos parecem iguais. Salve o Chat GPT. Morrer de caipirinha não é algo trivial. Quando falo de comida, costumo defender o ovo com gema mole, a carne crua ou malpassada. São alimentos que oferecem algum risco sanitário –risco que, para mim, vale a pena correr.
Bebida com metanol é outra história. Causa cegueira e morte, não um piriri terrivelmente desagradável.
A situação, embora inédita, expõe algo que a gente sempre jogou para baixo do tapete: a adulteração de bebidas alcoólicas é algo corriqueiro.
Todo mundo sabe que está cheio de dono de boteco que compra de distribuidor suspeito para não driblar o preço dos canais oficiais. Claro que a maioria faz tudo nos conformes, mas a questão que ulula é: você topa pagar para ver?
Enquanto o caso do metanol não for resolvido, os comerciantes corretos vão penar por meia dúzia de sociopatas que não medem as consequências da própria ganância. Por ora, fico na segurança da cerveja e do vinho. É o que aconselho para todos.
Já que o assunto é álcool, vamos fazer uma receita que leva várias biritas diferentes —o destilado é opcional, só use se tiver aquela garrafa de confiança. A francesinha, sanduíche típico do Porto, é uma das comidas mais brutas do mundo. Além do molho com mil gorós, empilha um sortimento de carnes (bife, linguiça, presunto, mortadela) entre duas fatias de pão, mais queijo, ovo e batata frita.
Vamos suavizar, fazer um bife à francesinha. Ele preserva a essência bruta da coisa: o molho bêbado.
BIFE À FRANCESINHA
Dificuldade: média
Rendimento: 4 porções
Tempo de preparo: 60 a 90 minutos
Ingredientes do molho
- 1 cebola picada
- 4 dentes de alho picados
- 1 folha de louro
- 1 colher (sopa) de azeite
- 3 tomates maduros picados
- 1 colher (sopa) de mostarda Dijon
- 1 colher (sopa) de molho inglês
- 100 ml de cerveja clara
- 100 ml de vinho branco
- 50 ml de uísque ou conhaque
- 500 ml de caldo de carne
- 50 ml de vinho do Porto
- 100 ml de leite
- 1 colher (sopa) de maisena
- Sal, pimenta-do-reino e molho picante a gosto
Montagem
- 4 bifes com cerca de 200 g
- 4 ovos fritos
- 8 fatias de queijo
Modo de fazer
- Em fogo alto, refogue a cebola, o alho e o louro no azeite. Acrescente o tomate e cozinhe até desmanchar. Junte a mostarda, o molho inglês, as bebidas e o caldo de carne.
- Cozinhe até o tomate se desfazer completamente. Descarte o louro e bata o molho no liquidificador. Peneire e devolva ao fogo.
- Adicione o vinho do Porto, a pimenta do reino e o molho picante. Dissolva a maisena no leite e junte à panela. Quando engrossar, acerte o sal e a pimenta.
- Grelhe os bifes no ponto desejado. Sobre cada um deles, disponha um ovo e 2 fatias de queijo. Regue com o molho quente para derreter o queijo. Sirva com batatas ou arroz.
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