Lar Turismo Aix-en-Provence celebra Cézanne, seu filho mais ilustre – 03/10/2025 – Turismo
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Aix-en-Provence celebra Cézanne, seu filho mais ilustre – 03/10/2025 – Turismo


Fabricante de chapéus e mais tarde banqueiro em Aix-en-Provence, no sul da França, Louis-Auguste Cézanne insistiu para que Paul, seu único filho, se tornasse advogado. O rapaz iniciou os estudos de direito, mas logo desistiu da carreira. Sua obsessão era a pintura.

Paul Cézanne teve uma vida atribulada e morreu em 1906, ainda bastante contestado como artista, nessa cidade da região da Provença, fundada mais de cem anos a.C..

As décadas seguintes do século 20, no entanto, o consagraram. Para o espanhol Pablo Picasso, “Cézanne é o pai de todos nós”, em referência a correntes como o cubismo e o fauvismo, fortemente influenciadas pelos traços e pelas cores do artista francês.

Meses antes da efeméride dos 120 anos da morte de Cézanne, Aix-en-Provence festeja seu habitante mais conhecido mundo afora.

A relação, porém, entre a terra e seu filho célebre nem sempre foi harmoniosa: em vida, o artista não teve nenhuma das suas telas compradas pelos museus da cidade. Quando seus conterrâneos, enfim, se deram conta da relevância da produção dele, qualquer aquisição se tornou mais difícil já que seus trabalhos estavam entre os mais caros do mercado.

O principal acontecimento da temporada é a exposição “Cézanne em Jas de Bouffan”, no museu Granet até 12 de outubro. Jas de Bouffan é o nome da mansão de Louis-Auguste, onde seu filho viveu por cerca de quatro décadas.

São mais de 130 obras de Cézanne, entre óleos, desenhos e aquarelas. A mostra reúne algumas das suas criações mais comentadas, como uma das pinturas da série “Os Jogadores de Cartas”, vinda do museu d`Orsay, “Retrato do Artista com Fundo Rosa”, também trazida da instituição parisiense, e “Casa e Fazenda de Jas de Bouffan”, que pertence ao acervo da Galeria Nacional de Praga, na República Tcheca.

A exposição no Granet demonstra como a produção de Cézanne é indissociável da sua vida na região de Aix-en-Provence. A montanha de Saint-Victoire e o jardim no entorno de Jas de Bouffan, temas recorrentes da carreira do pintor pós-modernista, aparecem algumas vezes nas salas do museu.

São trabalhos que evidenciam a capacidade de Cézanne de unir o olhar dos impressionistas franceses com a solidez das composições clássicas, vistas e revistas por ele no museu do Louvre.

Devido à grande procura, o museu Granet exige que o agendamento seja feito com antecedência.

A mesma atenção é pedida para quem pretende visitar a pedreira de Bibemus, um parque a cerca de 6 km do centro de Aix-en-Provence. Com grandes rochas de tom alaranjado, o local foi tema de Cézanne em pelo menos 11 óleos e 16 aquarelas.

Ainda está lá a pequena casa de pedra onde ele guardava seus equipamentos de pintura.

A partir de Bibemus, o artista pintou várias versões de Saint-Victoire, dando à montanha configurações geométricas cada vez mais ousadas. Aliás, era tamanha a admiração de Picasso por Cézanne que o espanhol comprou um castelo na face norte da montanha, em Mougins.

Ainda na trilha Cézanne, vale a pena conhecer a mansão de Jas de Bouffan, que está em processo de abertura para o público. Lá foi instalado o primeiro ateliê de Cézanne, no qual pintou obras-primas, como “Os Jogadores de Cartas”. Não deixe de percorrer os jardins bem preservados que circundam o casarão.

Claro que Aix-en-Provence, a cerca de quatro horas de trem de Paris, não se resume aos espaços ligados ao artista. Reserve pelo menos uma hora para caminhar pela Cours Mirabeau, a principal avenida da cidade, com dezenas de restaurantes, bares, cafés e docerias.

Comer na Provença significa ter à mesa bons azeites e ervas, além de vegetais frescos. Não deixe de experimentar a bouillabaisse, sopa de peixe e mariscos.

Para os que não resistem a um toque de açúcar, é imprescindível provar o calisson, um doce típico da região, com uma massa fina com amêndoas, melão cristalizado e casca de laranja. A confeitaria Le Roy René tem se consolidado como espaço por excelência do calisson.

Bem perto da Cours Mirabeau, fica a catedral St. Sauveur, a melhor comprovação de que essa cidade de cerca de 150 mil habitantes somou sucessivas camadas históricas. Construído no local onde havia um fórum romano, o templo combina elementos dos estilos românico, gótico e barroco. É surpreendente que a sobreposição de vertentes arquitetônicas resulte harmoniosa.

Naquelas ruas do centro histórico de Aix-en-Provence em meados do século 19, os adolescentes Paul Cézanne e Émile Zola, que mais tarde se consagraria com livros como “Germinal”, caminhavam como amigos inseparáveis. Quase dois séculos depois, são patrimônios da cultura francesa.

O jornalista Naief Haddad viajou a convite da Air France



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