Para o torcedor, seja do Athletico ou Coritiba, quase toda semana é praxe. Colocar a camisa preferida, sair de casa, chegar no estádio, passar pela catraca, comprar um lanche e ocupar a arquibancada. Mais um dia de jogo.
Mas há 38 anos, três horas antes da bola rolar, quem chega ao estádio para fazer o espetáculo acontecer é uma mulher. Prestadora mais antiga da Federação Paranaense de Futebol em atividade, Silvia de Lima Matioski, 57 anos, atua desde 1986 como delegada das partidas do futebol do estado.
Delegados de futebol são os responsáveis pelo bom andamento dos jogos e atuam nos bastidores na logística dos confrontos. Desde a qualidade da bola ou do campo, até o funcionamento de energia elétrica e segurança, tudo passa pela supervisão do profissional.
Além dela, há outros delegados e delegadas em atividade, que se revezam entre os jogos. Muitas das mulheres, inclusive, treinadas pela própria Silvia.
Delegada atua no futebol paranaense há quase 40 anos

Natural de Palmeira, no interior do Paraná, Silvia tinha apenas 20 anos quando participou da primeira partida de futebol como delegada. Era um jogo pela Taça Paraná, em 1986, quando o acaso fez a jovem profissional de educação física encontrar a função.
“Eu estava lá no campo do futebol, a delegada da partida, que já não atua mais, teve um problema de saúde e não pôde atuar. Um senhor que trabalhava na rádio de Palmeira avisou que eu era professora de educação física e me indicou”, conta.
“Daí, você sabe como é que é jovem, né? Eu perguntei vou ganhar para isso? (risos) Ele falou que sim. Depois dali, eu peguei gosto. Só que eu também fazia futsal, era árbitra de vôlei. Depois de um tempo fiquei só com o futebol de campo”, lembra.
Há 15 anos, ela se mudou para Curitiba, para assumir um cargo de professora do estado e trouxe junto a paixão pelo futebol. Desde então, soma memórias nos jogos do trio da capital. O primeiro como delegada na cidade foi do Paraná Clube, quando o Tricolor ainda estava na Série A do Brasileirão.
“Só não lembro contra quem foi”, conta, traída pela memória cheia de tantos confrontos, como a final da Copa do Brasil de 2012, entre Coritiba e Palmeiras, a final do Brasileirão Feminino A2, entre Athletico e Ceará, e as incontáveis partidas do Paranaense.
Pioneira nos bastidores em um esporte masculino

Uma das primeiras mulheres a atuar como delegada no futebol paranaense, Silvia encontrou uma forma para driblar as dificuldades de estar em um ambiente majoritariamente masculino.
“Eu brinco com todo mundo, dou risada, falo bobagem. Só que chega uma hora que eu fecho o rosto, fecho a cara. Porque é um ambiente masculino, faço isso para ser respeitada”, conta.
“Então tem toda uma postura pra você conseguir [trabalhar]. Eu sempre passo isso. As outras meninas que estão trabalhando como delegadas pela FPF, todas fizeram o estágio comigo. E eu sempre falo, você tem que passar despercebida”, observa.
Adriana Silva, outra delegada da FPF, foi uma das estagiária de Silvia e hoje atua em jogos dos times da capital. “Ela realmente é uma desbravadora para nós, um exemplo. E aí, quando você olha uma pessoa como ela dentro de um campo, você diz, opa, é possível. E depois dela, eu vim, e tenho certeza que virão outras. Nós temos mostrado que nós todos temos o mesmo valor”
As duas trabalharam juntas no jogo entre Brasil e Equador, pelas Eliminatórias da Copa do Mundo, no Couto Pereira, ano ano passado. Para Silvia, o momento coroou a carreira de quase 40 anos.
“Foi um momento que coroei meu trabalho, né? Mesmo não tendo a minha função de delegada, porque veio alguém da Conmembol, alguém da Fifa. Eu estava ali dentro daquele meio. Então isso coroa a minha trajetória”, relembra.
O ápice de frente com a seleção brasileira

No jogo da seleção brasileira, o mais importante que Silvia já atuou até hoje, ela não foi delegada, já que a CBF e a Fifa enviam os profissionais para a função.
Com isso, a paranaense ficou responsável pelo cuidado das crianças que entraram com os atletas na partida para o hino nacional. Quase 40 anos depois de ter a primeira experiência nos bastidores do futebol, Silvia conta que não imaginava viver tanta coisa.
“Na época, eu pensei que esse dinheirinho dos jogos iria me ajudar, porque sempre fui de família humilde. Nunca pensava, nossa, um dia eu vou trabalhar em um jogo profissional, eu vou passar na Rede Globo, no Sportv. Eu lá do interiorzão na TV. Para uma mulher, ainda, é uma coisa importante”, se emociona.
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