Dario Cecchini, o famoso açougueiro italiano, amplamente reconhecido por sua filosofia “do focinho ao rabo” e por preservar a rica cultura toscana, esteve recentemente no Brasil para uma série de eventos em São Paulo. Proprietário da Antica Macelleria Cecchini, um tradicional açougue em Panzano, na região de Chianti, Itália, Cecchini representa uma longa linhagem familiar com mais de 250 anos de tradição na açouguearia.
Durante sua visita, Cecchini ministrou uma aula especial na Universidade Anhembi Morumbi, compartilhando suas técnicas únicas e histórias cativantes sobre o ofício do açougue com os participantes. Além disso, ele participou de dois eventos especiais no restaurante Pobre Juan, que celebra 20 anos de história: o “Officina della Bistecca”, um jantar exclusivo, e o “Panzano Fest”, uma festa que destacou pratos inspirados na autêntica culinária toscana.
A seguir, uma entrevista exclusiva com Dario Cecchini, onde ele compartilha mais sobre sua filosofia e suas experiências de vida:
Como foi crescer em uma família com uma longa tradição de açougueiros? Quais são suas primeiras memórias dessa profissão? As primeiras lembranças da minha profissão são de ver meu pai colocando o avental e trabalhando e eu, pequenino, observando tudo.
Você defende o aproveitamento total do animal. Pode me contar um pouco sobre essa filosofia? O que isso significa para você e como você aplica no seu trabalho? Eu acredito que os animais devem crescer livres e felizes, ter boa comida, bom espaço, liberdade e uma morte digna. E, para agradecer pela morte que nutre a vida, eu tento usar tudo do animal, do nariz à cauda. Esta é a minha filosofia: meus agradecimentos, minha explicação e meu caminho. Se usarmos tudo, desperdiçamos menos, mas acima de tudo, honramos o animal. O meio ambiente melhora se formos mais responsáveis.
Qual é o seu prato preferido, e por que ele é tão especial para você? Meu prato favorito são os gnocchi bolliti di manzo com um pouco de caldo, porque era o prato que minha avó preparava para mim quando eu era pequeno. É o prato mais simples que você pode comer, mas para mim, é o melhor.
Em sua opinião, qual é o maior erro que as pessoas cometem ao preparar a carne? Abrir a geladeira e cozinhar a carne na temperatura da geladeira. Isso é um erro comum.
Há algum projeto ou sonho culinário que você ainda deseja realizar? Sim, que minha filosofia seja uma boa inspiração para a nova geração. Esse é o meu sonho culinário.
Qual o conselho para os chefs iniciantes? Siga o coração e a paixão. A vida é uma jornada e, como La Volpe disse ao pequeno príncipe, você só pode ver bem com seu coração. Não tente se tornar o mais famoso ou o mais rico do cemitério. Siga seu coração, coloque amor, e o amor retorna.
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