Anne Burrell, chef e personalidade da televisão conhecida por seu inconfundível topete loiro e uma energia à altura, morreu nesta terça-feira (17) no bairro do Brooklyn, em Nova York. Ela tinha 55 anos.
Sua família anunciou a morte em um comunicado, que não mencionou a causa. Um porta-voz do Departamento de Polícia de Nova York disse na quarta-feira que socorristas, respondendo a uma chamada de emergência em seu endereço, encontraram uma mulher “inconsciente e sem reação” e a declararam morta. “O Gabinete do Médico Legista-Chefe determinará a causa da morte, e a investigação continua em andamento”, afirmou o porta-voz.
Burrell passou anos trabalhando em restaurantes italianos em Manhattan, incluindo o Savoy e o Felidia, antes de ganhar fama no canal Food Network. Começou como sous-chef do efusivo chef Mario Batali no programa Iron Chef America, mas seu estilo marcante logo se destacou, o que levou o canal a lhe oferecer um programa próprio. Esse programa, Secrets of a Restaurant Chef (segredos de um chef de restaurante, em tradução livre), estreou em 2008 e teve nove temporadas.
Burrell permaneceu uma presença constante no Food Network, apresentando o sucesso A Batalha dos Piores Cozinheiros e participando de programas populares como Chopped e Food Network Star.
Em nota, um porta-voz do Food Network declarou: “Anne era uma pessoa notável e um talento culinário excepcional —ensinando, competindo e sempre compartilhando a importância da comida em sua vida e a alegria que uma refeição deliciosa pode proporcionar.”
Ela e seu sócio, Phil Casaceli, também chegaram a comandar o restaurante Phil & Anne’s Good Time Lounge, no Brooklyn, que ela descrevia como “descolado, divertido e acolhedor”. O local fechou em 2018, menos de um ano após a inauguração.
Anne W. Burrell nasceu em 21 de setembro de 1969, em Cazenovia, no estado de Nova York. Seguindo sua paixão pelo legado culinário de Julia Child, foi até a Itália, onde estudou no Instituto Culinário Italiano para Estrangeiros. Ao voltar aos Estados Unidos em 1998, foi contratada para trabalhar no Felidia, onde conheceu a renomada chef Lidia Bastianich.
Claudette Zepeda, que competiu ao lado dela no programa House of Knives (casa das facas), do Food Network, em 2025, disse que Burrell teve diversos “momentos fênix”, nos quais precisou emergir da sombra de Batali —que, em 2017, foi acusado de assediar sexualmente funcionárias. (Dois anos depois, um oficial da polícia de Nova York afirmou que o departamento havia encerrado três investigações sobre as alegações contra Batali, por falta de provas suficientes para efetuar uma prisão.)
“Surgir como um ser humano autônomo, uma competidora por mérito próprio, foi um momento marcante para ela”, disse Zepeda. “Todo mundo associava os dois e presumia que ela era conivente. Sair daquele universo e traçar seu próprio caminho como Anne Burrell —como ela mesma— não foi fácil.”
Mas colegas disseram que Burrell tinha uma intensidade que a tornava uma força a ser reconhecida, tanto na TV quanto fora dela.
“Ela era a pessoa mais competitiva que já conheci”, disse o chef e apresentador Scott Conant, que dividiu com ela o comando d’A Batalha dos Piores Cozinheiros . “Ganhei dela uma vez em um especial do programa. Meu time venceu o dela. Ela não falou comigo durante três meses depois disso; ficou furiosa.”
Esse espírito incansável lhe rendeu admiração por parte dos jovens cozinheiros que competiam em seus programas. “Ela não pedia desculpas, se impunha e contava sua história por meio da comida”, afirmou Conant.
Burrell deixa o marido, Stuart Claxton, executivo de marketing com quem se casou em 2021; a mãe, Marlene Burrell; a irmã mais nova, Jane Burrell-Uzcategui; e o enteado, Javier Claxton.
Ela levou seu perfeccionismo para dois livros de receitas best-sellers: “Cook Like a Rock Star: 125 Recipes, Lessons, and Culinary Secrets” (cozinhe como uma estrela do rock: 125 receitas, lições e segredos culinários) e “Own Your Kitchen: Recipes to Inspire & Empower” (domine sua cozinha: receitas para inspirar e empoderar).
Suzanne Lenzer, estilista culinária, autora de livros e colaboradora de Burrell nas duas obras, disse: “Ela tinha uma voz forte.” E opiniões igualmente fortes.
“Ela odiava pimenta-do-reino”, lembrou Lenzer. “Dizia que era uma especiaria como o wasabi. Por que colocar pimenta em tudo?”
Ela fazia uma exceção para o espaguete à carbonara. “Na verdade, ela não gostava da pimenta nem na carbonara”, completou Lenzer, “mas sabia que precisava estar lá, porque é o tradicional.”
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