Aliança que luta contra junta militar que governa o país disse que fará trégua unilateral de 1 mês para facilitar circulação de ajuda. Nesta terça, junta militar disse que número de mortos por terremoto de magnitude 7,7 subiu para 2.719. Pacientes são atendidos em leitos do lado de fora de hospital em Mandalay, em Mianmar, após terremoto que atingiu o país, em 1º de abril de 2025.
Reuters
A aliança rebelde de Mianmar, que luta contra a junta militar que governa o país, anunciou nesta terça-feira (1º) um cessar-fogo para permitir a entrada de ajuda humanitária por conta do terremoto de 7,7 que atingiu Mianmar na última sexta-feira (28).
O tremor, um dos mais fortes da história do país, deixou mais de 2.700 mortos, e centenas de pessoas seguiam desaparecidas nesta terça.
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A Aliança das Três Irmandades, composta por três grupos opositores à junta militar, afirmou nesta terça que fará uma trégua unilateral de um mês em combates com a junta. Nesse período, o grupo disse que só atuará em casos de legítima defesa.
“Desejamos fortemente que os esforços humanitários urgentes, que são imediatamente necessários para a população afetada pelo terremoto, sejam realizados o mais rápida e efetivamente possível”, disse em uma declaração conjunta.
A Aliança das Três Irmandades surgiu em 2021 para lutar contra o grupo de militares que deu um golpe de Estado no país naquele ano. Desde então, o grupo armado trava batalha contra soldados da junta por todo o país — atualmente concentradas no norte.
Os rebeldes acusaram os militares de conduzir ataques aéreos mesmo depois do terremoto. A junta que governa o país ainda não havia se pronunciado sobre o cessar-fogo até a última atualização desta reportagem.
Nesta terça, a Organização das Nações Unidas (ONU) disse que o acesso a comida, água e abrigo seguro em Mianmar é escasso após o terremoto. Agências da ONU que atuam no país afirmaram ainda que hospitais estão sobrecarregados e que esforços de resgate estão sendo prejudicados por danos à infraestrutura e pela guerra civil do país.
Mortes sobem para 2.719
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Também nesta terça, a junta militar de Mianmar informou que o número de mortos em decorrência do terremoto subiu para 2.719 — no começo desta segunda-feira (31), o número oficial era de 2.065.
O tremor, de magnitude 7,7, foi um dos mais fortes já registrados em Mianmar e também foi muito sentido em regiões da China e na Tailândia, onde derrubou um arranha-céu e deixou um rastro sem precedente de destruição.
Na segunda (31), equipes de resgate ainda buscavam centenas de desaparecidos em Mianmar e na Tailândia. Os governos da França e da China afirmaram também nesta segunda que há cidadãos de seus países entre os mortos.
O terremoto ocorreu em meio à instabilidade financeira e política de Mianmar, país mergulhado no caos devido a uma guerra civil que surgiu após um levante nacional contra o golpe militar de 2021 (relembre o episódio), que derrubou o governo eleito da vencedora do Prêmio Nobel da Paz Aung San Suu Kyi.
Infraestruturas críticas — incluindo pontes, rodovias, aeroportos e ferrovias — em todo o país foram danificadas, dificultando os esforços humanitários, enquanto o conflito, que já devastou a economia, deslocou mais de 3,5 milhões de pessoas e debilitou o sistema de saúde.
Em algumas áreas próximas ao epicentro, moradores disseram a agência de notícias Reuters que a assistência do governo era escassa, deixando as pessoas por conta própria.
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Equipes de resgate resgataram uma mulher viva no meio dos escombros de um hotel em Mianmar três dias após o tremor, disseram autoridades locais nesta segunda-feira (31).
A mulher foi retirada dos escombros após 60 horas presa sob o desabado Great Wall Hotel na cidade de Mandalay. No total, foram 5 horas operação feita por equipes chinesas, russas e locais, de acordo com uma publicação da embaixada chinesa no Facebook. A vítima segue em condição estável.
Em Bangkok, capital da Tailândia, equipes de emergência retomaram na segunda-feira (31), uma busca desesperada por 76 pessoas que acreditam estarem soterradas sob os escombros de um arranha-céu em construção que desabou.
O governador de Bangkok, Chadchart Sittipunt, disse que as equipes de resgate não estão desistindo, apesar do prazo estabelecido para encontrar pessoas vivas está se aproximando rapidamente.
“A busca continuará mesmo depois de 72 horas porque na Turquia, pessoas que ficaram presas por uma semana sobreviveram. A busca não foi cancelada”, disse Chadchart.
Ele disse que as varreduras feitas por máquinas nos escombros indicaram que ainda pode haver pessoas vivas embaixo deles, e cães farejadores estão sendo enviados para tentar localizar suas localizações.
“Detectamos sinais fracos de vida, e há muitas manchas”, disse ele. O número oficial de mortos na Tailândia era de 18 no domingo (30).
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Reuters
A Organização das Nações Unidas disse que estavam enviando suprimentos de socorro para cerca de 23.000 sobreviventes atingidos pelo terremoto no centro de Mianmar.
“Nossas equipes em Mandalay estão unindo esforços para ampliar a resposta humanitária, apesar de passarem pelo trauma elas mesmas”, disse Noriko Takagi, representante da agência de refugiados da ONU em Mianmar. “O tempo é essencial, pois Mianmar precisa de solidariedade e apoio global durante essa imensa devastação.”
Índia, China e Tailândia estão entre os vizinhos de Mianmar que enviaram materiais de socorro e equipes, juntamente com ajuda e pessoal da Malásia, Cingapura e Rússia.
Os Estados Unidos prometeram US$ 2 milhões em ajuda “por meio de organizações humanitárias baseadas em Mianmar”. Em uma declaração, informaram que uma equipe de resposta de emergência da USAID, que está enfrentando cortes significativos sob a administração Trump, será enviada para Mianmar.
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