Com votos contrários dos Estados Unidos e da Rússia, a Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou nesta segunda-feira (24) uma resolução exigindo que o ditador Vladimir Putin retire suas tropas da Ucrânia, país invadido há exatamente três anos. O texto foi apresentado por Kiev e apoiado por aliados europeus.
A resolução recebeu 93 votos a favor, 18 contra e 65 abstenções, demonstrando um apoio menor em comparação com resoluções anteriores, quando mais de 140 países condenaram a agressão russa contra o território vizinho e pediram a anulação da anexação de territórios ucranianos, como a Crimeia.
Segundo informações, antes da votação, os Estados Unidos propuseram uma resolução pedindo o fim do conflito, mas sem citar a invasão russa ou a necessidade de retirada das tropas de Moscou. A embaixadora interina dos EUA na ONU, Dorothy Shea, defendeu a medida como uma abordagem focada no futuro.
“Isso é o que precisamos agora, e pedimos a todos os Estados membros, incluindo Ucrânia e Rússia, que se unam a nós nesse esforço”, declarou Shea.
O texto americano, porém, gerou insatisfação entre os aliados europeus, que insistiram em manter a defesa da soberania da Ucrânia. Após negociações, a proposta foi modificada para incluir referências à integridade territorial do país. Com essas mudanças, a resolução revisada também obteve 93 votos a favor, 8 contra e 73 abstenções — entre elas, a dos próprios Estados Unidos.
Ucrânia diz que votação é um “momento de verdade” para a ONU
A vice-ministra de Relações Exteriores da Ucrânia, Mariana Betsa, destacou a importância da votação para a comunidade internacional e para a defesa da ordem global.
“A forma como respondemos à agressão russa hoje, às atrocidades e crimes russos, definirá não apenas o futuro da União Europeia, mas o futuro comum de todos; o futuro do mundo democrático e o futuro das Nações Unidas”, afirmou.
As resoluções da Assembleia Geral da ONU têm peso simbólico, mas os Estados Unidos pretendem levar sua proposta ao Conselho de Segurança, onde as decisões são vinculantes. O governo Trump já alertou que vetará qualquer emenda ao texto original.
“Vamos vetar uma emenda russa se chegar ao Conselho de Segurança, e vetaremos as emendas dos europeus se chegarem ao Conselho de Segurança”, disse um funcionário do Departamento de Estado à agência France-Presse (AFP).
A invasão russa da Ucrânia, que já causou milhares de mortes e milhões de refugiados, continua sendo um dos maiores desafios geopolíticos da atualidade. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, classificou nesta segunda-feira o conflito como “a crise mais central e transcendental para o futuro da Europa”.
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