O Plenário da Câmara dos Deputados aprovou a proposta de regulamentação da reforma tributária, na noite desta terça-feira (17), por 324 votos a 123. Houve ainda três abstenções. O PLP 68/2024 agora segue para a sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A matéria aprovada pelo Senado Federal na quinta-feira (12) incluiu mudanças que precisaram ser novamente avaliadas pelos deputados.
Durante o debate nesta terça-feira, Lopes afirmou que o texto do Senado foi alterado para preservar a “reforma tributária naquilo que é mais importante para o país, fazer o país crescer, gerar empregos e oportunidades”.
O plenário da Câmara acatou as decisões do Grupo de Trabalho, liderado por Lopes, de retirar concessões de última hora feitas pelo Senado, como o desconto de 60% no IVA sobre serviços de saneamento – sozinha, a medida eleva a alíquota final em 0,38 ponto porcentual. Bebidas açucaradas (como refrigerantes) foram reincluídas no Imposto Seletivo, também chamado de “imposto do pecado”.
Em contrapartida, o texto final aprovado pela Câmara manteve algumas das concessões incluídas pelos senadores, como os benefícios concedidos às empresas da Zona Franca de Manaus. Outro ponto mantido pela Câmara foi o cashback, um sistema de devolução de tributos para famílias de baixa renda.
“Nós não ampliamos nada para Zona Franca de Manaus, nós apenas mantivemos o diferencial tributário competitivo da Zona Franca”, disse o deputado Reginaldo Lopes em plenário ao defender o voto favorável ao relatório.
Outras mudanças na reforma tributária aprovadas pela Câmara:
- Serviços veterinários e planos de saúde animal – fora da alíquota reduzida de 60% do IVA e inclusão na alíquota com 30% de desconto;
- Sociedades Anônimas do Futebol (SAF) – aumento da alíquota final de 5% para 8,5%;
- Atividades educacionais complementares – fora da alíquota reduzida de 60% do IVA;
- Representantes comerciais – fora da alíquota reduzida de 60% do IVA;
- Medicamentos: volta a valer a lista de 383 medicamentos com alíquota zero;
- Aviação regional: tamanho das aeronaves volta a ser de 150 assentos, após Senado aprovar ampliação para 186 assentos;
De acordo com o professor convidado da FGV Gabriel Quintanilha, a lógica matemática por trás das concessões é de que elas aumentam a alíquota geral. Ele compara a medida ao uso de meia-entrada em eventos: como a maior parte da população tem direito ao benefício, o valor final dos ingressos acabou aumentando.
“O texto da Câmara já não era um texto bom e o Senado conseguiu piorar aquilo que já não era bom. Então, pelo menos, vamos voltar para o médio. Essa é a lógica”, explicou o professor.
Deixe um comentário