Friedrich Merz, líder da União Democrata Cristã (CDU), que venceu as eleições gerais neste domingo (23) e que provavelmente será o próximo chanceler da Alemanha, disse nesta segunda-feira (24) que seu partido recebeu um mandato claro para formar um governo de coalizão entre conservadores e social-democratas e que as conversas iniciais começarão nos próximos dias.
“Quando olho para a distribuição de assentos no Bundestag alemão (câmara baixa do Legislativo), temos 208 assentos entre a CDU e a União Social Cristã da Baviera (CSU) e, juntamente com os assentos dos social-democratas, que têm 120 deputados, teremos 328 assentos de 630 em posição de formar um governo, uma coalizão rubro-negra, e isso é exatamente o que queremos”, declarou em entrevista coletiva.
Merz afirmou que recebeu nesta manhã “total apoio e suporte” do partido para tentar criar uma “grande coalizão” com o Partido Social Democrata, que ficou em terceiro lugar nas eleições, com 16,4% dos votos, atrás da Alternativa para a Alemanha (AfD), de direita nacionalista, com 20,8%, que será a primeira força da oposição.
O líder da CDU disse que “conversas serão realizadas nos próximos dias”, um diálogo que “já foi preparado” com antecedência.
“Já tivemos uma ou duas conversas entre nós, a ordem (do diálogo) será tal que hoje falarei com os líderes do SPD (Lars Klingbeil e Saskia Esken) e depois também com o chanceler (Olaf Scholz) nos próximos dias e também prepararemos uma fase de transição sensata. Agora estamos nos preparando para essa fase, que inevitavelmente durará algumas semanas”, explicou.
Merz explicou que os conservadores conversarão com os social-democratas sobre três questões principais, uma das quais é a política externa e de segurança.
“Especialmente depois das declarações de Washington na semana passada, ficou claro que nós, europeus, devemos ser capazes de agir muito rapidamente, que os europeus também devem organizar sua própria capacidade de defesa muito rapidamente. Essa é uma questão que tem prioridade absoluta nas próximas semanas, precisamos conversar sobre ela”, insistiu.
O segundo grande desafio, disse ele, é a “questão não resolvida da migração irregular”.
“Temos propostas na mesa sobre isso. Todos vocês se lembram do debate que tivemos na última semana de janeiro sobre a lei de limitação de imigração que propusemos. Presumo que os social-democratas estarão prontos para discutir essas questões conosco e resolver esse problema”, opinou.
Merz se referia ao projeto de lei que não foi aprovado, apesar de ter aceitado o voto a favor da direita nacionalista pela primeira vez, quebrando assim um tabu no Parlamento de endurecer a política de imigração com devoluções imediatas e deportações em massa, entre outras medidas, algo que o SPD descreveu como contrário à lei da União Europeia.
A terceira grande questão sobre a qual ambos os partidos devem concordar é a situação econômica, já que a Alemanha pode estar em seu terceiro ano de recessão até 2025, especialmente a da indústria alemã, que está em dificuldades.
O líder conservador também enfatizou o fato de a AfD ter dobrado seus votos nas eleições.
“É realmente o mais recente sinal de alerta para os partidos políticos do centro democrático na Alemanha para que encontrem soluções comuns. Estou determinado a assumir essa tarefa, estou determinado a manter conversas construtivas, boas e rápidas com os social-democratas para que possamos encontrar uma solução dentro do prazo que dei”, comentou.
Merz reiterou que deseja, “por volta da Páscoa”, estar em condições de ter um governo na Alemanha. “Repito o que disse ontem à noite, o mundo não está esperando por nós, ele está se desenvolvendo rapidamente. A Alemanha precisa de um governo capaz de agir e com o apoio de uma maioria parlamentar, e deve ser do interesse de todos nós pôr um fim e superar essa situação atual o mais rápido possível”, declarou.
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