Nem todo mundo gosta de churrascaria rodízio. O vaivém frenético dos espetos e os acompanhamentos por vezes duvidosos afastam uma boa leva de adoradores de carne, que preferem pedir seu corte predileto à la carte. Faz sentido.
Mas há quem queira fartura e variedade e, neste caso, a Churrascaria Palace, em Copacabana, não decepciona —e não deixa cair a qualidade do que serve há mais de 70 anos.
Barato não é: o rodízio sai a R$ 255, e uma Coca-Cola custa R$ 15, por exemplo. Mas antigos frequentadores sabem que há desconto de 20% para quem acessar o app do restaurante e, por R$ 200, o preço fica justo.
É preciso considerar que no menu constam opções que vão do pirarucu selvagem à picanha borboleta, um corte feito na parte de cima, na gordura, sem dividir a peça. É invenção deles, e faz bastante sucesso.
O sistema funciona assim: O comensal indica suas prioridades num papelzinho e, além delas, são oferecidas outras alternativas num carrinho circulante ou nos espetos, sem que os garçons sufoquem os clientes com excessos. Eles têm um bom timing e também não ficam oferecendo bebidas a todo tempo, prática irritantemente comum.
Além do menu de uma churrascaria tradicional (cupim, chuleta, maminha, costela, baby-beef, picanha, paleta e costeleta de cordeiro, chorizo, entrañas, frango etc), a Palace serve carnes de caça como avestruz, codorna, búfalo e um interessante porco preto, como o ibérico, mas vindo de um fornecedor do interior de São Paulo. De carne suculenta e ótima proporção de gordura, é um diferencial da casa.
A escolha das guarnições segue o mesmo ritual das carnes, e nesse quesito, a Palace aposta nos clássicos: batata, polenta, aipim e banana fritas, arroz com brócolis ou à piamontese, farofa com ovos e feijão preto. As escolhas chegam quentinhas à mesa, assim como o pão de queijo, único item entregue sem que fosse solicitado. O aipim estava perfeito, macio por dentro (coisa rara), sequinho e crocante.
Não subestime o bufê de frios e pratos quentes. É bem cuidado e acima da média. Inclui, além de saladas variadas (queijo de cabra com tomate-cereja, atum com feijão branco e salmão defumado e outras em que as folhas são protagonistas), ostras, mexilhões à vinagrete, morcilla, camarões dourados com azeite e salsa, caldo de frutos do mar, casquinha de siri.
É preciso certa maturidade para aproveitar ao máximo o que a Palace tem a oferecer. É dispensável, por exemplo, uma passada no sushibar.
Apesar de pioneiro em churrascarias rodízio (eles dizem que foram os primeiros a oferecer essa opção, nos anos 1990), o pequeno espaço dedicado a sushis e sashimis não tem nada muito além do trivial. O sashimi de hadoque (um peixe) seria o diferencial em meio a salmões e atuns, mas ele estava quase congelado.
Sobremesas são cobradas à parte: brigadeiro de colher (R$ 27), quindim à moda de Vinicius de Moraes, com um shot de uísque (R$ 38), e morangos com chantili (R$ 40) são algumas alternativas. Sendo sincera, não provei nada neste meu retorno à casa, depois de alguns anos. Me faltou maturidade enquanto estava no rodízio e os doces ficaram para uma próxima visita.
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