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Cidade catalã de Sitges tem cena LGBTQIA+ interessante – 13/12/2024 – Turismo


A primeira coisa que chama a atenção na costa de Sitges, na Espanha, é a quantidade de banhistas desnudos. Depois os olhos do visitante vão até uma igreja gótica do século 17 debruçada sobre o mar Mediterrâneo.

Esses são dois dos elementos centrais —praia e igreja— desse povoado catalão a apenas 35 quilômetros de Barcelona. Soma-se o fato de ser um clássico LGBTQIA+ da região, além de ter um bom festival de cinema.

A maneira mais fácil de chegar é pegar um trem de Barcelona. A viagem leva cerca de 40 minutos, a depender do horário, e custa 5 euros (o equivalente a R$ 31). Não vale a pena dirigir, com essa estrutura.

Por ser um ponto bastante famoso entre banhistas e turistas, locais e estrangeiros, não faltam hotéis para se hospedar. O melhor é conseguir algo próximo do litoral —onde é provável que passe boa parte do tempo.

Mas é bom ficar de olho no calendário cultural, que pode lotar as hospedagens. O festival de cinema costuma acontecer em outubro, por exemplo. É o tipo de coisa que requer planejamento prévio.

São mais de dez praias, com perfis distintos. Um dos pontos mais disputados é a platja dels Balmins, próxima ao Meliá. O público é variado, com predominância de homens gays, um bocado deles pelados.

É uma cena LGBTQIA+ interessante porque tem menos da afetação de destinos como Ibiza e Mykonos. É um ar mais tranquilo, sem tantas noitadas. Na praia, há até casais que parecem de fato interessados no sol.

Algumas das praias, como a Balmins, têm bares com drinques. É óbvio que são caros, dada a comodidade. Os espanhóis chamam esse tipo de quiosque na praia de “chiringuito”, um termo que vale a pena aprender.

Não há muito o que visitar, em termos de atrações históricas. O mais importante é a Igreja de São Bartolomeu e Santa Tecla, do século 17. É a cena típica de Sitges. Dá uma ótima foto, com o Mediterrâneo ao fundo.

Há também o Cau Ferrat. É uma espécie de museu de arte moderna escondido entre as ruelas do povoado. O ingresso custa 10 euros (cerca de R$ 60), o que é uma pechincha, dados os tesouros que estão expostos.

O Cau Ferrat era o lar do pintor Santiago Rusiñol, um importante nome do modernismo espanhol. O fato de ele ter se instalado ali, aliás, foi uma das razões pelas quais Sitges entrou para o mapa cultural da Catalunha.

Rusiñol morreu em 1931, deixando a casa de herança para a vila, de que tanto gostava. Ficaram também diversos de seus quadros e artefatos, espalhados por dois andares. As janelas dão direto para o Mediterrâneo.

O destaque sem dúvida é para as obras que Rusiñol tinha de dois dos artistas mais importantes da história: El Greco (1541-1614) e Picasso (1881-1973). É inacreditável que estejam em um museu tão diminuto.

São obras menores, é claro, mas há algo de encantador em olhar para um quadro de El Greco pendurado em cima de uma escada como se não fosse nada demais. É diferente de ir a um museu, com toda formalidade.

O ingresso para o Cau Ferrat dá direito também a uma visita ao museu Maricel. Há uma passagem entre os dois. Não é uma má ideia, já que ambos são pequenos. Juntos, não devem levar mais do que duas horas.

O Maricel foi inaugurado em 1970 para abrigar a coleção de um médico ginecologista chamado Jesús Pérez-Rosales. Como ele tinha um gosto eclético, o acervo é bastante variado — e um pouco confuso, é verdade.

Há obras que vão da Idade Média ao modernismo, espalhadas de modo que não contam uma história muito clara. É preciso ter paciência para ler todas as explicações, que disputam com as janelas abertas ao mar.

Há um sem-fim de restaurantes em Sitges. O desafio é encontrar um que não seja uma dessas armadilhas para turistas. A reportagem se sentou e se levantou de diversos, depois de observar bem o cardápio e a cozinha.

Uma boa opção é o restaurante La Zorra. Serve arroz, algo bastante tradicional na região, e também pratos de inspiração mediterrânea. É possível comer bem e tomar uma taça de vinho por menos de R$ 200.

Mas parte do charme, é claro, é se perder pelas ruelas de Sitges e costurar, assim, seu próprio caminho. No passeio marítimo, há uma barraca de churros, para adoçar essa doce viagem pela costa espanhola.



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