O Coco Bambu é um restaurante para quem não busca uma culinária autoral. Provar alguns dos pratos aclamados da casa é uma experiência tão anódina que um comensal desavisado poderia achar que pegou Covid-19 e perdeu o paladar. Mas não chega a ser necessariamente ruim.
Na revista O Melhor de São Paulo, o restaurante foi o preferido do público na categoria “para ir com a família“. Com mais de 80 unidades, oferece um cardápio variado e pratos fartos que, combinados, podem parecer que vão gerar algo atraente. Na realidade, são repletos de anacronismos, obviedades e somas aleatórias.
Há quase 30 variedades de pratos com camarões, outra dezena de peixes e mais de dez com carne. No fim, tudo parece convergir para o óbvio, misturas exageradas com destaque para o queijo cremoso industrializado e sem graça.
É o caso do camarão jangadeiro (R$ 69). O prato chega imponente, com quatro peças grandes de camarão empanado com Catupiry. Na prática, é uma decepção: a fritura até é bem-feita, mas é só dar uma mordida para notar que o recheio é um queijo massudo, com camarões magrelos que desaparecem no creme.
A falta de delicadeza fica mais evidente no carro-chefe, o camarão internacional (R$ 157). Em uma única travessa há camarões, arroz cremoso com ervilhas, presunto e molho branco, tudo gratinado com queijos e coberto com batata-palha. O prato para duas pessoas parece ser suficiente para quatro. Mas logo fica claro que é quase tudo arroz, e que não são tantos camarões assim. Os crustáceos são médios e até têm boa textura, mas o prato é insosso.
A falta de capacidade de surpreender se repete na sobremesa, que destaca “o melhor pudim do mundo” (R$ 30). Não é. O creme é pesado e doce demais, com leve toque de ameixa na calda, sem complexidade.
No geral, faltam ousadia e criatividade ao Coco Bambu. A comida é um tanto banal, mas sua postura comportada parece dar certo, já que, em um domingo de outubro, a unidade recém-inaugurado no shopping Bourbon tinha longas filas desde cedo.
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