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Como é o ‘turismo fim do mundo’ na maior geleira dos Alpes – 26/03/2025 – Turismo


Não é preciso conhecer a Suíça a fundo para entender por que o país é considerado a caixa d’água da Europa. Por aqui, toda água, até mesmo a que sai da torneira do banheiro ou das fontes das praças, é água de beber. Em todos os 1.500 lagos e outros milhares de rios do país, a água é sempre translúcida, pura e cristalina, cheia de vida.

A explicação para isso, é claro, está na geografia. Toda essa água, limpinha, vem do derretimento das cerca de 1.800 geleiras dos Alpes. A maior delas, perto da cidade de Brig, é a Aletsch, declarada patrimônio mundial pela Unesco no começo deste século.

Aletsch é tão superlativa que é difícil compará-la à escala humana: ela é formada a partir de quatro grandes campos de neve que, juntos, têm 78 km² de área. Todo esse gelo flui para um vale de 20 quilômetros de comprimento, onde o gelo chega aos 800 metros de espessura. É tanto gelo que as montanhas que o cercam se afastam alguns centímetros por ano, empurradas pela própria geleira.

Para ver essa monumentalidade de perto, é preciso ir até Brig, e de lá pegar outro trem até Betten Talstation, a porta de entrada para o Aletsch Arena, uma estação de esqui cujos teleféricos levam os visitantes montanha acima até as vilas de Riederalp, Bettmeralp e Fiescheralp, os pontos de apoio mais próximos à geleira.

Os ingressos para circular por todos os teleféricos da estação começam em 55 francos (R$ 355) por dia —quanto maior a estadia, menor é esse valor, que não inclui hospedagem nem alimentação. O ideal é dormir pelo menos duas noites por lá, para explorar a região com a devida calma.

Para quem gosta de esquiar, aliás, a Aletsch Arena é uma opção para fugir das pistas lotadas de Zermatt —sem a imponência do Matterhorn na paisagem, é verdade, mas também sem tantos turistas. Quem esquia por ali são os locais, numa experiência muito mais autêntica, segundo os guias.

Fora do inverno, a região também oferece uma variedade de atividades, que agradam turistas de diferentes idades e perfis. Os mirantes com vista para a geleira, como o que fica no topo da montanha Bettmerhorn, por exemplo, são indispensáveis. Da vila até lá, são apenas alguns minutos de teleférico —com acessibilidade, para ninguém ficar de fora.

A dica é ir sem pressa, porque todo tempo do mundo parece insuficiente para assimilar a magnitude do lugar. Vale dedicar um momento só para as fotos e, depois, se entregar à contemplação.

Se a fome bater, um restaurante panorâmico ao lado serve de snacks a refeições completas. Vale provar o Cólera, um prato tradicional que surgiu na época de um surto da doença, por volta de 1830. A receita é ótima: uma torta de batatas e outros vegetais, incluindo frutas, cobertos com queijo e servida com salada (por 28 francos, cerca de R$ 200).

Outro passeio nos arredores, mas que já exige um mínimo de condicionamento, são as trilhas. A reportagem enveredou por uma que desce do mirante Moosfluh (mais ao sul, onde também se chega de teleférico) até Riederalp, margeando de perto o vale da geleira —o que dá uma noção ainda maior do quão minúsculos somos.

Ao longo da trilha, o turista vê a grande geleira por outros ângulos, mais de baixo e mais próximos da parte mais derretida. Vê também o Matterhorn (a famosa montanha do chocolate Toblerone, que está a 50 km dali, bem ao fundo da paisagem) e uma dezena de bancos de madeira nos quais é inevitável fazer uma pausa para contemplar a vista, o silêncio e a paz que é estar longe dos ruídos da vida cotidiana.

Logo à frente, antes de voltar à vila, a trilha passa por um imponente e solitário castelo no estilo eixamel, construído no começo do século passado para ser a residência de verão do banqueiro Ernest Cassel. No fim dos anos 1970, o local foi transformado em um centro de preservação de Aletsch.

Durante o inverno, fica fechado, mas no resto do ano, é aberto —até para pernoites, que custam a partir de 52 francos (R$ 336) por pessoa, em quarto compartilhado. Para quem está só passando, vale entrar para recarregar energias no meio da trilha e, principalmente, visitar a exposição que conta a história da geleira.

É nessa exposição que é possível constatar, através de imagens comparativas, o tanto de gelo que sumiu por consequência do aquecimento global. Nos últimos 40 anos, a geleira já perdeu 1,3 quilômetro de extensão. E a cada verão, o derretimento se torna mais severo —a diferença de cores nas montanhas ao redor mostra o tamanho do problema.

Cientistas acreditam que, seguindo esse ritmo, todo esse gelo pode derreter por completo até o final do século —um banho de água fria para quem acabou de visitar um lugar tão estonteante.



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