Usando ingredientes como shoyu, wasabi e missô para criar sobremesas, Cesar Yukio levou o troféu do primeiro MasterChef dedicado ao universo da confeitaria.
O chef paulistano de 34 anos foi destaque ao longo do reality show culinário ao apresentar sua especialidade, a confeitaria japonesa, para os jurados e o público.
O programa reuniu alguns nomes já estabelecidos na área, entre eles, Yukio, que tem 16 anos de carreira. Mas seu início na confeitaria começou muito antes, quando ainda era criança, e passava o tempo no restaurante japonês do avô, na zona leste de São Paulo, onde nasceu e vive até hoje com a família.
Foi tomando gosto pela cozinha, sobretudo pelos doces tradicionais japoneses que as avós e tias ensinaram. Aos 12 anos, pediu de presente de aniversário uma aula de confeitaria. Com a mesada, comprou chocolate e doce de leite. Começou a fazer trufas e pão de mel para vender e viu que seu dinheiro triplicou.
Por influência da mãe, cursou gastronomia para ter certeza do rumo que queria seguir. Yukio diz que foi a exatidão da confeitaria que o atraiu. “Sempre fui muito mais de exatas na escola. Gostei de poder juntar uma paixão minha, que é cozinhar, a essa parte de exatas.”
Na época da faculdade, no entanto, perdeu contato com a cultura e amigos da comunidade nipônica. Começou a carreira seguindo a base francesa, depois focou na confeitaria americana, preparando red velvet e cupcakes que estavam na moda.
As coisas mudaram quando, em 2016, ele viajou ao Japão por acaso. Devido a um erro, uma companhia aérea vendeu passagens a preços muito baratos. Yukio escolheu o país mais distante possível, para compensar. “Estava numa época que não queria saber de nada do Japão, estava focado na confeitaria dos Estados Unidos“, diz.
Mas no país de origem de seus bisavós, se reconectou com a cultura. Passou um mês por lá, pesquisou, experimentou de tudo e comprou livros. “Percebi que essa confeitaria não é uma cozinha de fusão, não é simplesmente pegar uma base francesa e colocar um sabor japonês, tem toda uma adaptação para o paladar”, explica.
Ao retornar, ganhou um empurrão da chef Telma Shiraishi para se especializar nessa vertente. No primeiro emprego, o restaurante Aizomê, de Shiraishi, criou sobremesas de estilo yogashi, uma adaptação da pâtisserie internacional, sobretudo francesa, ao paladar japonês.
O resultado são doces leves e de apresentação delicada. Mesmo quando fazia doces americanos e franceses, Yukio reduzia o açúcar ou incluía algo ácido para contrastar. “No MasterChef, quis trazer um pouco disso. Com tantos confeiteiros bons, era uma forma de me diferenciar.”
O chef-confeiteiro sempre foi próximo da família, que o ajudou e bancou a abertura de seu primeiro negócio próprio. Em 2019, inaugurou a Hanami, na zona leste. A casa fez sucesso e foi transferida para Pinheiros neste ano.
Yukio também fornece sobremesas para restaurantes de São Paulo e Rio de Janeiro, como Jojo Ramen, Kinoshita e Hello KItty 2D by Eat Asia. Além disso, sempre dedicou uma parte de sua profissão a dar aulas. Começou ensinando receitas na loja Santo Antônio, que frequentava no Tatuapé, depois ministrou no Senac e deu aulas até nos Estados Unidos.
No meio da agenda corrida, viu uma publicação do MasterChef. “Achei interessante por ser só de confeitaria. Muita gente começou a me marcar no post. Pensei: ‘Não sei, preciso de um sinal para entrar’.” O sinal veio e seu celular tocou logo em seguida. Era uma produtora do programa, que lhe perguntou se tinha interesse em se inscrever.
Ao todo, criou umas 24 sobremesas no reality, ele calcula. Ganhou quatro pins, ao mesmo tempo em que participou de sete das nove provas de eliminação. “É uma experiência louca. A gente está acostumado, na confeitaria, com receita, a ter tudo escrito. Você chega lá sem nada, precisa ter tudo na cabeça. Tem tempo, é muito corrido, numa cozinha que você não conhece”, conta.
Agora, seus planos são focar na Hanami, no projeto de criar uma bakery e talvez uma franquia. No próximo mês, lança um livro sobre o que o alçou ao reconhecimento nacional, a confeitaria japonesa.
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