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Conheça novas vinícolas do Brasil que apostam no turismo – 17/12/2024 – Turismo


Nascido de forma tímida e meio improvisada na década de 1990, o enoturismo vem ganhando força no Brasil. Diagnóstico elaborado pelo Sebrae, em 2023, já apontava que 85% das vinícolas nacionais apostavam nesta fonte adicional de renda.

O país já dispõe de empreendimentos bem estruturados, nos quais as experiências para visitantes são cuidadas com o mesmo zelo dedicado à elaboração do vinho. É o caso da Casa Valduga, em Bento Gonçalves (RS), e da vinícola Uvva, em Mucugê (BA).

Pode-se dizer, no entanto, que o setor ganhará novo impulso a partir de 2025 —estão em construção, em vários estados, projetos vitivinícolas de grande envergadura, que já nascem voltados ao enoturismo.

Em Cunha (SP), o agrônomo Adriano Iwata já está produzindo os vinhos 1300 Estate. Seus oito hectares de vinhedos e 12 hectares de oliveiras se beneficiam do frio da serra e da brisa marinha que sopra de Paraty (RJ). No segundo semestre de 2025, ele prevê abrir as porteiras para os turistas.

A propriedade, a 1.300 metros de altitude, terá uma vinícola no topo do terreno, wine bar e lagar —Iwata planeja chegar a 10 mil litros de azeite e 30 mil garrafas de vinho por ano. “Já temos nove cepas comerciais, além de um jardim clonal com 50 variedades, onde testamos quais se adaptam melhor ao clima de Cunha”, diz o produtor.

O turismo de luxo serve de régua para boa parte dos novos projetos. No caminho entre Teresópolis e Nova Friburgo, na região serrana do Rio de Janeiro, a vinícola Maturano tem a ambição de chegar a 50 hectares de vinhedos e produzir 320 mil garrafas anuais.

Restaurante com 300 lugares, bar para 120 pessoas, capela para casamentos e complexo hoteleiro com 61 suítes e 13 lofts, servido por heliponto, integram o projeto – além do casal de proprietários, Marcelo e Fernanda Maturano, a filha Manuela, 19, participa da condução do negócio.

“Queremos movimentar o turismo em Teresópolis, pois nossa família está aqui há 100 anos. Com a hotelaria padrão AA, vamos atrair estrangeiros, sobretudo asiáticos”, diz Manuela, que confessa buscar inspiração na Bodega Garzón, uma das mais visitadas do Uruguai.

Já em território mineiro, mas nas cercanias da região de Espírito Santo do Pinhal (SP), a Terra de Carvalho está sendo erguida em Jacutinga (MG). Inicialmente, o proprietário Danilo Zeferino só pensava em produzir vinhos, mas foi convencido a investir no turismo pelo enólogo chileno Cristian Sepúlveda, especialista na técnica da dupla poda.

“Desde a primeira conversa, Cristian nos dizia que o enoturismo nos permitiria fechar as contas. Vamos ter wine bar, mais prático de manter do que um restaurante, e promover passeios”, diz o proprietário.

Com dez hectares de vinhedos, Zeferino já engarrafou duas safras e produz 30 mil garrafas por ano. A próxima colheita, em junho, já será vinificada em casa, mas a estrutura turística deve ser inaugurada no fim de 2025. “No futuro, quero ter uma hospedaria”, adianta.

O empresário Antônio Alberto Júnior aposta em outro tipo de hospedagem aliada ao vinho. Em Bom Sucesso (MG), junto à represa do Funil, ele construiu a vinícola Alma Gerais, cujos rótulos são elaborados com a consultoria do enólogo Mario Geisse. Logo depois que a estrutura ficou pronta, entrou em operação um wine bar flutuante.

A próxima etapa, já em andamento, é a construção da Enovila —a primeira fase, com 32 casas de 240 m², deve ser entregue em 2027. Quem desembolsar a cota única de R$ 390 mil para entrar de sócio, além da taxa mensal de R$ 600, vai ter direito de ocupar uma das casas mobiliadas, durante quatro semanas por ano, e de usar a estrutura da vinícola para produzir o próprio vinho.

“Não será um processo artesanal. Adaptamos equipamentos franceses para a elaboração de pequenos lotes a partir de 36 garrafas, com o nome do produtor nos rótulos”, afirma Alberto Júnior.

É comum que o lançamento dos vinhos preceda a abertura ao turismo —depois que os rótulos são aprovados pelo consumidor, é mais fácil atrai-los. Essa foi a estratégia adotada pela vinícola Cerro de Pedra, da Campanha Gaúcha. Seus vinhos foram lançados oficialmente em outubro de 2024, mas a sede com vinícola, loja, cave subterrânea, capela, parrilla e wine bar diante do lago só fica pronta entre 2026 e 2027.

“Será uma vinícola moderna e sustentável, inspirada na Bodega Sottano, de Mendoza. Teremos chefs convidados ao longo do ano, inclusive do exterior, e calendário de eventos tendo a comida como apoio”, anuncia Pedro Soares Melo Junior, sócio da Cerro de Pedra.

Pós-graduado em enoturismo pela Universidade de Caxias do Sul, Artur Farias dirige a Vinícola Brasília, inaugurada no Distrito Federal em abril de 2024. Segundo ele, as degustações promovidas no wine bar com deck ao ar livre, aberto diariamente, têm colaborado para a divulgação dos rótulos da vinícola estreante, fincada em território sem tradição na vitivinicultura.

“Os quatro sommeliers que conduzem as visitas explicam o que são os vinhos de inverno e explicam como nosso terroir tem condições climáticas parecidas com Bordeaux, na França. Como ninguém discute que Bordeaux faz vinhos muito bons, as pessoas põem as costas na cadeira e relaxam”, diz Farias.

Vinícolas estrangeiras também começam a fincar os pés por aqui. Em Araçoiaba da Serra (SP), a incorporadora LN Urbanismo pôs a pedra fundamental na Fazenda Vista Verde, empreendimento que alia condomínio residencial de alto padrão e um Vik Hotel, braço de hospitalidade da vinícola chilena Vik.

De acordo com Adrian Estrada, presidente da LN, o complexo com 40 acomodações, dois restaurantes, lazer e spa será rodeado por vinhedos, onde os hóspedes farão imersão no mundo dos vinhos.

“Começamos a plantar em dois ou três anos e faremos os primeiros testes de vinificação entre 2010 e 2011. Mas o hotel será inaugurado até o fim de 2028”, prevê Estrada.

A rede portuguesa Vila Galé, proprietária da vinícola Santa Vitória, também está prestes a inaugurar seu primeiro resort brasileiro com vinícola, a exemplo dos que já existem no Alentejo e no Douro, em Portugal —os hóspedes terão a chance de degustar e participar da produção de vinhos e azeites.

Localizado no distrito de Cachoeira do Campo, em Ouro Preto (MG), o hotel da divisão de luxo Collection, com 228 apartamentos, vai ocupar um prédio tombado que abrigava o Colégio Dom Bosco, cercado por 195 hectares. A previsão de inauguração, segundo Jorge Rebelo de Almeida, fundador da Vila Galé, é abril de 2025. “Será um projeto de sonho”, promete.



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