Lar Gastronomia Conheça os Douro Boys, que mudaram a reputação do vinho da região portuguesa – 19/03/2025 – Isabelle Moreira Lima
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Conheça os Douro Boys, que mudaram a reputação do vinho da região portuguesa – 19/03/2025 – Isabelle Moreira Lima


Na próxima semana, São Paulo recebe os Douro Boys. Embora o nome sugira uma boy band portuguesa, é na verdade o grupo de senhores responsáveis por explicar ao mundo que nem só de vinho do Porto vive o Douro. Há 22 anos, desde que esses produtores se uniram, tintos e brancos de grande qualidade do nordeste português têm tomado as prateleiras.

No Brasil, nas degustações que comandarão, a ideia é mostrar o “luxo do tempo”, ou seja, como os vinhos do Douro envelhecem bem. São concentrados e têm muita acidez, combinação que curiosamente já foi seu pecado. Décadas atrás, do jeito que eram produzidos, pareciam adstringentes demais.

Reza a lenda que os próprios produtores não se animavam a explorá-los comercialmente, até que alguns vinhos de mais idade foram provados às cegas. Sem saberem do que se tratava, muitos apostaram que eram exemplares dos melhores Bordeaux. Eram legítimos Douro, feitos com uvas de suas propriedades. Foi um momento eureca, que mudaria a história da região.

É verdade que o Barca Velha, grande ícone tinto do Douro, já existia desde 1952, mas foi o esforço globetrotter dos produtores das quintas do Crasto, do Vale Meão e do Vallado, além da Niepoort, a partir dos anos 2000, que fez a coisa pegar de vez. De tanto se encontrarem em aeroportos e hotéis nos quatro cantos do mundo, perceberam que seria mais interessante atuar em grupo. Acertaram e colocaram o nome de sua região de origem no mapa.

Entre as principais qualidades da bebida feita no Douro, além da acidez e consequente longevidade, está a originalidade: a região dispensa as uvas internacionais para focar em suas castas autóctones, como touriga nacional, tinta roriz, touriga franca, tinta barroca e tinto cão. O vinho tinto é tipicamente escuro, tem bom corpo e traz notas de fruta negra madura, além das florais e de especiarias.

Em uma conversa com os quatro representantes das vinícolas, provoquei, observando que embora esse estilo mais robusto fosse popular nos anos 1990, hoje há uma busca pela leveza. Eles não se intimidaram e responderam que o Douro traz, acima de tudo, diversidade e que o grupo dos Douro Boys está atento às tendências, com a entrada das novas gerações, caso do participante da Quinta do Vallado.

Antes que eu perguntasse, se anteciparam em responder sobre a crise climática, dizendo que acidez não há de faltar, pois a região é sinuosa, mas acima de tudo montanhosa, e é possível subir mais e mais em busca de frescor para as uvas —a altitude, afinal, é amiga da acidez.

Vai uma taça? Aos que se interessaram em testar o tal luxo do tempo, é possível provar os vinhos dos senhores do Douro na degustação aberta ao público em São Paulo, no restaurante Altruísta, no dia 24 deste mês, com reservas pelo telefone (11) 98214-2601.

Dos rótulos das quintas dos Douro Boys, recomendo o tinto de entrada da Quinta do Crasto, Flor de Crasto (R$ 84 no St. Marché), ótimo para grandes reuniões, agrada a todos. O Quinta do Crasto Rosé (R$ 170 no Altruísta) é muito elegante, vale para impressionar alguém. Do Vallado, prove também o rosé (R$ 174 na Grand Cru) e, se tiver um dinheiro a mais, o tradicional Vallado Reserva Field Blend Douro DOC (R$ 537 na Grand Cru), em que o corte das uvas é feito nas videiras, ou seja, diferentes variedades são plantadas e vinificadas juntas.

Da Niepoort, que faz vinhos muito elegantes, o Redoma Branco (R$ 338 na Grand Cru) é maravilhoso, um bom exemplo dos brancos complexos da região. Já da Quinta do Vale Meão, além do Meandro Finest Reserve Port (R$ 276, na Mistral), vale provar o Meandro Branco (R$ 313 na Mistral).


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