De acordo com comunicado feito pelo Banco Central (BC), nesta quinta-feira (27), as transações correntes do setor externo do Brasil fecharam o mês de janeiro com déficit de US$ 8,7 bilhões. Na comparação com o mesmo período de 2024, o total representa um crescimento do déficit de US$ 4,3 bilhões, um aumento de mais de 96%.
É o maior saldo negativo já registrado para o mês de janeiro desde 2020. A série histórica começou em 1995.
De acordo com Banco Central, “o déficit em transações correntes nos doze meses encerrados em janeiro de 2025 somou US$ 65,4 bilhões (3,02% do PIB), ante US$ 61,2 bilhões (2,79% do PIB) no mês anterior e US$ 24,5 bilhões (1,11% do PIB) em janeiro de 2024.”
As transações correntes do setor externo são as movimentações financeiras entre o Brasil e outros países.
As transações são compostas por balança comercial (exportações e importações), balança de serviços (serviços adquiridos por brasileiros no exterior) e transferências unilaterais (remessas de trabalhadores, doações e ajuda internacional).
As transações correntes são um dos principais indicadores do setor externo do país e o saldo negativo (déficit) significa que o Brasil enviou mais dinheiro para o exterior do que recebeu.
Balança comercial
Segundo o BC, a balança comercial apresentou um superávit de US$ 1,2 bilhão em janeiro de 2025, ante US$5,6 bilhões registrados em janeiro de 2024.
“As exportações de bens totalizaram US$ 25,4 bilhões e as importações de bens, US$24,1 bilhões, redução de 5,9% e aumento de 12,8% na comparação interanual, respectivamente”, informou o Banco Central.
Balança de serviços
O BC informou que a conta de serviços totalizou um déficit de US$ 4,6 bilhões em janeiro de 2025, ante US$ 3,5 bilhões em janeiro de 2024, o que representa um aumento do saldo negativo de 28,9%.
“Nessa base de comparação, aumentaram as despesas líquidas de serviços de transportes, 53,6%, totalizando US$ 1,4 bilhão; de telecomunicação, computação e informações, 22,0%, totalizando US$ 1,0 bilhão; e de serviços de propriedade intelectual, 29,1%, totalizando US$ 768 milhões. As despesas líquidas com viagens internacionais aumentaram 13,1%, para US$ 1,0 bilhão, resultado dos aumentos tanto de despesas, 7,1% (para US$ 1,8 bilhão), quanto de receitas, 0,6% (para US$ 805 milhões)”, diz um trecho do comunicado do Banco Central.
“O déficit em renda primária somou US$ 5,6 bilhões em janeiro de 2025, redução de 16,2% em relação a janeiro de 2024, US$ 6,7 bilhões. As despesas líquidas de lucros e dividendos, associadas aos investimentos direto e em carteira, totalizaram US$ 2,6 bilhões, ante US$2,8 bilhões em janeiro de 2024. As despesas líquidas com juros somaram US$ 3,1 bilhões, 21,6% inferiores às de janeiro de 2024, US$3,9 bilhões”, continua a nota do BC.
Transferências unilaterais
De acordo com o BC, as reservas internacionais somaram US$ 328,3 bilhões em janeiro de 2025, uma redução de US$ 1,4 bilhão em relação a dezembro de 2024.
“Contribuíram para reduzir o estoque de reservas a liquidação de vendas à vista, US$ 1,8 bilhão, e a concessão de linhas com recompra, US$ 2,0 bilhões. Contribuíram para elevar o estoque as variações por paridades, US$ 909 milhões, e por preços, US$ 766 milhões, e as receitas de juros, US$ 687 milhões”, informou o BC.
Em relação aos investimentos diretos no país (IDP), foi registrada a entrada líquida de US$ 6,5 bilhões em janeiro de 2025, ante US$9,1 bilhões em janeiro de 2024.
“Houve ingressos líquidos de US$ 4,7 bilhões em participação no capital e de US$ 1,8 bilhão em operações intercompanhia. O IDP acumulado em 12 meses totalizou US$ 68,5 bilhões (3,16% do PIB) em janeiro de 2025, ante US$ 71,1 bilhões (3,25% do PIB) em dezembro de 2024 e US$ 66,6 bilhões (3,00% do PIB) em relação a janeiro de 2024”, detalhou o BC.
Já os investimentos em carteira no mercado doméstico registraram saídas líquidas de US$ 715 milhões em janeiro de 2025. Segundo o BC, o número é resultado de ingressos líquidos de US$ 1,7 bilhão em ações e fundos de investimento e saídas líquidas de US$ 2,4 bilhões em títulos.
“Nos doze meses encerrados em janeiro de 2025, os investimentos em carteira no mercado doméstico somaram saídas líquidas de US$ 8,5 bilhões”, diz a nota do BC.
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