Entre as dezenas de pessoas que cercavam neste sábado (7) a sede do Parlamento da Coreia do Sul na expectativa de uma votação pelo impeachment do presidente, Yoon Suk Yeol, havia um brasileiro: o pesquisador Renato Saraiva, 31, que se mudou há dez meses para a nação asiática.
À Folha, ele contou que compareceu ao protesto devido à natureza histórica da crise política que assola o país desde que Yoon promoveu uma tentativa fracassada de autogolpe, no início desta semana.
“Estando aqui, não podia perder. É muito importante para o futuro do país, para a democracia. Foi muito grave o que aconteceu”, disse Saraiva, que é gaúcho.
Ele acrescentou que ficou “sinceramente em choque” quando soube que Yoon havia declarado lei marcial, na primeira vez em que uma medida do tipo foi tomada desde o fim da ditadura do país, em 1987.
“Pensei assim: ‘Meu Deus, será que eu vou ter que voltar para o Brasil?’. A gente não sabia o que ia acontecer. Acabou mais rápido do que a gente esperava, mas foi um grande susto.”
O texto suspendia atividades políticas e liberdades civis e levou militares às ruas de Seul, que chegaram a invadir o Parlamento, mas recuaram. Manifestantes se voltaram contra a decisão, e horas depois Yoon desistiu ante a rejeição do Legislativo.
A medida que ele havia promulgado tinha o objetivo de anular politicamente a oposição, com quem Yoon vive sob atrito desde que venceu em 2022 por margem apertada. Impopular e alvo de acusações de corrupção, o presidente perdeu as eleições legislativas em abril deste ano e governa sem maioria no Parlamento.
Embora a votação de impeachment deste sábado tenha sido desmobilizada, Saraiva, como muitos dos coreanos, disse acreditar que a pressão popular contra Yool não cederá tão facilmente.
“Vamos ver como o governo consegue segurar. A reação da população é muito forte. Fica difícil para os parlamentares”, completou.
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