Atual campeão peso-mosca do UFC, Alexandre Pantoja volta ao octógono para defender seu cinturão pela terceira vez, no UFC 310, diante do estreante Kai Asakura. Mas para chegar ao posto de campeão, o brasileiro enfrentou inúmeras dificuldades na “vida real”.
Pantoja nasceu e cresceu em um bairro pobre de Arraial do Cabo, na costa do Rio de Janeiro, e teve uma infância bastante conturbada por causa do alcoolismo de seu pai, que mais tarde acabou abandonando a família.
Sem uma referência masculina, o fluminense entrou para o mundo do MMA e logo percebeu que tinha talento, mas as academias de Arraial não o levariam longe. Foi então que ele começou a treinar no Rio de Janeiro, a três horas de distância de casa.
Para pagar a academia, Alexandre começou a fazer qualquer tipo de trabalho: pedreiro, garçom e guia turístico. Como a rotina não tinha tempo de sobra, só conseguiu concluir os estudos aos 27 anos de idade.
Entre 2007 e 2013, Pantoja lutou em ligas menores, como Watch Out Combat Show e Shooto Brazil, conseguindo um cartel de 16 lutas e apenas duas derrotas. Foi então que, já casado e com dois filhos, ele resolveu treinar nos Estados Unidos, fazendo longas viagens enquanto a família ficava no Brasil.
Em sua primeira ida, o brasileiro não tinha como pagar um aluguel e acabou dormindo na academia mesmo, durante um mês. Alexandre se tornou campeão peso-mosca do RFA em 2015 e conseguiu uma vaga na edição de 2016 do The Ultimate Fighter.
Pantoja entra para o UFC
Em 2016, o UFC havia anunciado que a edição do TUF contaria apenas com campeões peso-mosca de diversas ligas de MMA do mundo. Com o título do RFA, Pantoja entrou para o time treinado pelo ex-desafiante Henry Cejudo. Classificado em primeiro lugar no time e semifinalista, o brasileiro finalmente conseguiu um contrato com a organização.
Mas as coisas continuaram difíceis para Alexandre, que tentou levar sua família aos Estados Unidos. Mesmo com seis vitórias em suas primeiras oito lutas no Ultimate, o dinheiro ainda era curto.
A pandemia chegou, e o cenário ficou ainda pior com a suspensão dos eventos. Pantoja mandou a família de volta ao Brasil e mais uma vez seguiu sozinho fora do país —foram oito meses nessa situação, até que em 2021, finalmente conseguiu dar entrada em um apartamento e fez a mudança definitiva de sua esposa e dois filhos.
Com uma luta a cada seis meses, o brasileiro ainda precisava fazer outros serviços para se sustentar; enquanto ele trabalhava como motorista de aplicativo e entregador de comida, sua mulher fazia bicos como faxineira.
O caminho para o cinturão
O cenário permaneceu assim até uma semana antes de sua primeira luta com Brandon Royval, em agosto de 2021. Pantoja venceu por finalização no segundo round e provou que merecia a chance de desafiar o título dos moscas.
Uma lesão no joelho, no entanto, acabou adiando esse sonho. O atleta precisou passar por cirurgia e ficar em reabilitação durante nove meses. Voltou a lutar quase um ano depois, quando conseguiu mais uma vitória por finalização, sobre Alex Perez, e alcançou a tão sonhada disputa de título.
Azarão no desafio, Pantoja derrotou o então campeão Brandon Moreno na decisão dividida da arbitragem depois de cinco rounds, em julho de 2023. Com o cinturão em mãos, Alexandre lembrou da infância difícil e a ausência do pai.
“Você está orgulhoso de mim agora, pai?”, questionou, ainda em cima do octógono.
Pantoja contou que o pai chegou a entrar em contato um mês depois, não para parabenizá-lo, mas para reclamar sobre o que o público pensaria dele com uma pergunta dessa. O brasileiro, então, cortou definitivamente o contato com ele.
Menos de um ano depois de se tornar campeão, o lutador ainda fez duas defesas de título, todas com os cinco rounds completos, mas vencidas por decisão unânime.
Após seis meses de descanso, Alexandre volta ao octógono para realizar a terceira defesa de cinturão, desta vez diante de um lutador que nem mesmo o público conhece: Kai Asakura, campeão peso-galo da Rizin Fighting Federation.
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