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Dinamarca critica ofensiva dos EUA na Groenlândia: 'Não é assim que você fala com aliados próximos'




Ministro das Relações Exteriores dinamarquês rebateu tom usado pelo vice-presidente dos Estados Unidos, J.D. Vance. Norte-americano falou que país tem inação sobre o território. Moradores da Groenlândia fazem protesto contra os EUA, em 15 de março de 2025
Christian Klindt Soelbeck/Ritzau Scanpix/via REUTERS
A Dinamarca afirmou, neste sábado (29), que não aprecia o tom usado pelo vice-presidente dos Estados Unidos, J.D. Vance, que criticou a suposta inação de Copenhague na ilha autônoma da Groenlândia, um território estratégico cobiçado pelo presidente americano, Donald Trump.
“Estamos abertos a críticas, mas, para ser honesto, não apreciamos o tom em que elas foram expressas”, disse o ministro das Relações Exteriores dinamarquês, Lars Løkke Rasmussen, em um vídeo em inglês na rede X.
“Não é assim que você fala com seus aliados próximos, e ainda considero a Dinamarca e os Estados Unidos aliados próximos”, acrescentou.
A resposta da Dinamarca põe fim a uma semana de grande tensão entre os dois países, desencadeada pelo anúncio dos Estados Unidos de uma visita não anunciada de líderes americanos ao território autônomo.
Durante a visita, que na sexta-feira foi limitada à única base militar americana na ilha do Ártico, Vance afirmou que a Dinamarca “não fez um bom trabalho para garantir a segurança da Groenlândia”.
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“O acordo de defesa de 1951 oferece aos Estados Unidos muitas possibilidades de ter uma presença militar muito mais forte na Groenlândia. Se é isso que vocês querem, vamos conversar sobre isso”, respondeu o ministro dinamarquês, referindo-se ao texto que regulamenta a presença americana na ilha.
Em 1945, os Estados Unidos tinham 17 bases e instalações militares na Groenlândia, com milhares de soldados, ele lembrou. “Podemos fazer mais, muito mais, dentro da estrutura atual”, acrescentou.
A base de Pituffik, na costa noroeste da Groenlândia, é uma parte importante da infraestrutura de defesa antimísseis de Washington, já que sua localização no Ártico a coloca na rota mais curta para os mísseis disparados da Rússia para os Estados Unidos.
A primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen, já lamentou as críticas “injustas” dos Estados Unidos na sexta-feira, lembrando que a Dinarca os apoiou “em algumas situações muito difíceis”, referindo-se ao compromisso do país em apoiar as tropas americanas, especialmente no Iraque e no Afeganistão.
“Status quo”
O presidente dos EUA, Donald Trump, reiterou na sexta-feira que eles precisam da Groenlândia porque ela é “muito importante” para a segurança internacional.
“Até agora, todos nós agimos partindo do pressuposto de que o Ártico era e deveria permanecer uma área de baixo risco, mas esses dias acabaram”, disse o ministro das Relações Exteriores dinamarquês.
“O status quo não é uma opção e é por isso que redobramos nossos esforços investindo” na segurança do Ártico, acrescentou.
Vice-presidente dos EUA visita Groenlândia em meio a ameaças de Trump para anexar território
Em janeiro, Copenhague anunciou que alocaria quase US$ 2 bilhões (R$ 11,5 bilhões na cotação atual) para fortalecer sua presença no Ártico e no Atlântico Norte.
Apesar do tom ameaçador de Trump, o vice-presidente dos EUA descartou o uso da força para tomar o território autônomo dinamarquês, afirmando que Washington conseguiria convencer os groenlandeses a se juntarem aos Estados Unidos.
“Acreditamos que o povo da Groenlândia é racional e (…) que chegaremos a um acordo ao estilo de Donald Trump para garantir a segurança desse território e também a dos Estados Unidos”, disse Vance.
O vasto território de 57.000 habitantes, quase 90% dos quais são inuítes, goza de autonomia dentro da Dinamarca, que mantém poderes sobre diplomacia, defesa e política monetária e fornece uma ajuda anual que representa 20% do PIB da ilha.
A Groenlândia acaba de inaugurar um novo governo de coalizão e a maioria de seus habitantes quer a independência do território.
De acordo com uma pesquisa publicada no final de janeiro, a maioria também rejeita qualquer perspectiva de se tornar parte dos Estados Unidos.



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