Existe um gigantismo quando se fala do setor de alimentos e bebidas, chapéu que abarca desde a produção no campo até o processo de industrialização.
Segundo a Abia (Associação Brasileira da Indústria de Alimentos), 60,9% do que é produzido nos campos é processado pela indústria, gerando 270 milhões de toneladas de alimentos e bebidas por ano. Ao todo, o faturamento do ramo representa 10,8% do PIB nacional, de acordo com dados atualizados em maio deste ano.
No segmento que gera 2 milhões de empregos diretos e outros 8 milhões de forma indireta, a Solar Coca-Cola é a empresa de destaque no Diversidade nas Empresas, levantamento feito pelo Centro de Estudos em Finanças da FGV (Fundação Getulio Vargas) em parceria com a Folha.
Os pesquisadores utilizaram dados de companhias de capital aberto declarados à CVM (Comissão de Valores Mobiliários) e avaliaram, de forma separada, companhias de 100 a 5.000 funcionários e a partir de 5.000, tal qual a Solar. No total, um universo de 418 empresas foi levado em consideração e a diversidade foi mensurada em cargos de média liderança, diretoria e conselhos de administração e fiscal. Os dados são de 2023.
Parte do grupo Coca-Cola, a companhia tem sede em Fortaleza e opera em todos os estados das regiões Norte e Nordeste, além do Mato Grosso e de Goiás, com 13 fábricas e mais de 18 mil colaboradores.
A Solar se destacou pela presença de pessoas pretas, pardas ou indígenas em posições de alta gestão. Segundo o estudo, 54,5% de seu conselho de administração era composto por membros do grupo em 2023, que também respondia por 61,73% dos postos de média liderança.
“Temos um compromisso sólido com a diversidade, a inclusão, a representatividade, a liderança inclusiva e o desenvolvimento de carreira. Nos últimos anos, aceleramos essa agenda junto aos colaboradores, visando aumentar a presença de mulheres, pretos e pardos na liderança da empresa”, diz Emiliana Albanaz, diretora de recursos humanos da Solar.
Atuamos para assegurar um ambiente de trabalho acolhedor e pronto para abrir portas e gerar oportunidades de desenvolvimento pessoal e profissional aos colaboradores
A empresa integra a associação Mover (Movimento pela Equidade Racial), organização sem fins lucrativos que atua para acelerar a jornada de inclusão racial no ambiente de trabalho e tem mais de 50 organizações associadas.
“Superamos o compromisso firmado junto ao Mover, com 838 líderes autodeclarados negros em 2023. Hoje, mais de 70% do nosso quadro de funcionários é composto por pessoas negras, sendo que 64,2% delas ocupam cargos de liderança no geral”, afirma Albanaz.
No tópico gênero, a executiva diz que a empresa oferece benefícios como o programa Mamães Solares, que inclui acompanhamento do pré-natal até o retorno da profissional ao trabalho. “Também buscamos contribuir com iniciativas aceleradoras para proporcionar o encarreiramento de mulheres.”
De acordo com a Solar, nos últimos três anos houve um aumento de 121% no número de mulheres na força de trabalho. Elas atualmente representam 25% desse total, e 28% estão em posições gerais de liderança.
A Femsa Coca-Cola Brasil, conglomerado que a Solar integra, informa ainda outras iniciativas em curso para capacitar profissionais e aumentar a diversidade na companhia, como o programa Elas na Liderança, que envolve atividades voltadas a negócios, mentoria de projetos e autoconhecimento. Outro é o Ubuntu, que visa acelerar o desenvolvimento de pessoas pretas e pardas para posições de liderança, além de apoiar esses talentos na valorização de suas histórias e identidades.
Considerando o contexto de desigualdade estrutural no setor de alimentos e bebidas, é necessário que existam políticas de promoção à igualdade racial e de gênero nas organizações de grande porte, diz Roberta Basílio, professora de gestão de pessoas e cultura organizacional do curso de administração de empresas da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing).
Investir em representatividade demonstra aos parceiros o compromisso com a equidade, acrescenta ela. “Além disso, tende a gerar retorno positivo para os negócios e uma transformação na cultura da companhia, o que promove mais igualdade em vários níveis hierárquicos.”
Já a Abia afirma, em nota, que as indústrias associadas valorizam os princípios de diversidade, equidade e inclusão. “O setor está comprometido com iniciativas que abordem essas temáticas, mas as empresas se encontram em estágios diferentes de maturidade.”
Saiba mais sobre a empresa de destaque na categoria Alimentos e Bebidas
As notas de participação feminina e de pretos, pardos e indígenas, que vão de 0 a 100, foram calculadas levando em consideração a presença dos grupos em cargos de alta e média liderança. Os autores do estudo deram pesos diferentes para cada uma das categorias analisadas: enquanto diretoria e conselho de administração têm peso maior, uma vez que os membros têm maior poder decisório, a média liderança e o conselho fiscal têm peso menor.
SOLAR COCA-COLA
Fundação 1970
Funcionários 18 mil
Participação de pretos, pardos e indígenas 30,26
Participação feminina 10,93
Também levou nas categorias Conselho de Administração, Nordeste e Participação Geral de Pretos, Pardos e Indígenas
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