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Doação põe SP na rota de pesquisa sobre Guerra do Paraguai – 07/12/2024 – Ilustríssima


[RESUMO] Doação para a USP de acervo com mais de 4.000 itens sobre a Guerra do Paraguai, no início deste ano, coloca a instituição na rota dos principais centros de estudo sobre o conflito. Coleção já serve de base a novas pesquisas e à elaboração de um atlas com as linhas de batalha da guerra.

Entre as grandes cidades brasileiras, Rio de Janeiro e Porto Alegre têm sido polos de atração de pesquisadores da Guerra do Paraguai, o maior conflito da história da América do Sul.

Então capital do país quando os combates se desenrolaram, de 1864 a 1870, e pelas décadas seguintes, o Rio recebeu uma infinidade de documentos e outras relíquias ligadas à guerra, que opôs a Tríplice Aliança (Brasil, Argentina e Uruguai) ao Paraguai.

A cidade gaúcha, por sua vez, beneficiou-se da proximidade das principais batalhas desse conflito, cujo marco inicial, a declaração de guerra do presidente paraguaio Solano López ao Brasil, completa 160 anos neste mês de dezembro.

Graças à doação de um acervo com mais de 4.000 itens sobre a guerra e a bacia do Prata para a Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin (BBM), da USP, no início deste ano, a cidade de São Paulo passou a integrar essa rota de estudos, de acordo com Rodrigo Goyena Soares, historiador e autor de livros como “Entre Oligarquias: As Origens da República Brasileira”.

Fruto de uma dedicação de décadas ao assunto do ex-consultor de empresas Sinésio de Siqueira Filho, a coleção reúne cerca de 3.700 livros sobre o conflito. No mais, há fotografias, artigos de jornal, teses acadêmicas e outros itens.

Segundo Goyena Soares, professor de história da USP, há raridades, como “Summario dos Factos Mais Importantes de Clínica Cirúrgica Observado no Hospital Militar da Guarnição da Corte durante os Annos de 1865 a 1870”, uma referência para a medicina brasileira, publicada em 1872.

Preciosidades como essa, de um século e meio atrás, são relevantes obviamente, mas não constituem o maior trunfo da doação, de acordo com o historiador. “O mais importante é ter em um único espaço, acessível para todos, obras que, via de regra, estão dispersas em bibliotecas, arquivos, acervos Brasil afora”, afirma.

A articulação para que o acervo chegasse à BBM foi iniciada no ano passado pela Associação 451, que tem o jornalista Paulo Werneck como um dos diretores. Ele sabia que Siqueira Filho queria vender seus milhares de livros e também conhecia um benfeitor disposto a comprar a coleção para doá-la a uma instituição aberta ao público –a BBM diz que essa pessoa prefere não se identificar.

A diretoria da biblioteca fez duas visitas à casa de Siqueira Filho, em Guarulhos, e ficou bem impressionada com a qualidade das obras mantidas por ele. Depois de um sinal positivo da BBM, o benfeitor pagou cerca de US$ 300 mil (por volta de R$ 1,8 milhão) pela coleção, e o conjunto chegou à Cidade Universitária no início deste ano.

Depois da conferência e da higienização de todo o material, o acervo está na fase final de catalogação, um trabalho levado adiante por três bibliotecários terceirizados, também bancados pelo mesmo benfeitor, sob supervisão da equipe da BBM.

Na quarta, dia 4, quando a reportagem esteve no local, o bibliotecário Jaime Gomes do Nascimento estava incluindo no sistema Dedalus, o banco de dados bibliográficos da USP, informações sobre um processo judicial de 1898 em que a família de Solano López reivindicava terrenos onde hoje é o Mato Grosso do Sul.

Desde a chegada do acervo de Guita e José Mindlin, com aproximadamente 60 mil volumes, esta é a doação mais numerosa para a biblioteca, aberta em 2013. Mas o vice-diretor da BBM e professor de literatura da USP, Hélio de Seixas Guimarães, chama a atenção para um outro aspecto. “Doação de bibliotecas para uma entidade pública não é algo incomum. Inédito é o fato dessa coleção ter sido comprada por um terceiro e oferecida para a BBM. Foi uma conjunção feliz, quem sabe outras pessoas se inspiram a fazer esse tipo de doação.”

Embora tenha sido incorporada recentemente à biblioteca, a coleção Sinésio já é utilizada como fonte regular para três pesquisas em andamento, uma delas a cargo de Goyena Soares sobre a região do Prata no período de dom Pedro 2º —veja aqui as normas para fazer consultas ao acervo da BBM.

Uma aposta forte na cartografia está prevista para o ano que vem. É a preparação de um atlas com as linhas de batalha da Guerra do Paraguai, unindo as informações do passado, a partir dos mapas da coleção Sinésio, e os recursos tecnológicos do presente, como o Google Earth.

Uma publicação desse tipo foi organizada pelo tenente Jourdan em 1871, um ano depois do fim da guerra. É insuficiente como fonte de pesquisa, segundo Goyena Soares, porque, entre outras razões, só contempla os principais combates. Daí a pertinência de um novo atlas.



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