O emblemático museu de antiguidades de US$ 1 bilhão (aproximadamente R$ 5,6 bilhões) do Egito recebeu uma data de abertura após quase duas décadas de reforma, em um movimento que promete ser um impulso significativo para a crucial setor de turismo da nação norte-africana.
O Grande Museu Egípcio (GEM, na sigla em inglês), localizado a cerca de um quilômetro das pirâmides de Gizé, será inaugurado em 3 de julho, anunciou o primeiro-ministro Mostafa Madbouly. As autoridades esperam que a atração, cuja construção começou em 2005 e com algumas salas de exposições já abertas, atraia 5 milhões de visitantes anuais.
Com uma área de 485 mil metros quadrados, o GEM é anunciado como o maior museu arqueológico do mundo e exibirá quase 100 mil artefatos, incluindo itens do túmulo do Rei Tutancâmon. O local pretende substituir o museu de antiguidades da era colonial no centro do Cairo, oferecendo uma apresentação mais elegante e altamente tecnológica do passado faraônico da nação.
O Egito, cujos resorts litorâneos e cruzeiros no rio Nilo também o tornam um dos principais destinos de férias do Oriente Médio, registrou um recorde de 15,78 milhões de chegadas de turistas em 2024. Isso apesar da guerra entre Israel e Hamas na fronteira nordeste do país e de três anos de conflito entre Rússia e Ucrânia —duas nações cujos cidadãos já representaram uma proporção substancial de visitantes.
As autoridades permitiram que a libra egípcia enfraquecesse cerca de 40% em relação ao dólar em março passado, na quarta desvalorização da moeda do país desde o início de 2022, potencialmente criando oportunidades de viagem para turistas pagando com moeda estrangeira.
Projetado pelo arquiteto Heneghan Peng, o GEM estava inicialmente previsto para abrir no final de 2020, até que a pandemia de coronavírus atrapalhou os planos.
Alguma partes já inauguradas do museu têm recebido visitantes no último ano, mas a abertura completa é um benefício há muito aguardado para o setor hoteleiro egípcio, uma fonte essencial de moeda forte para o país que tem uma robusta taxa de importação e dívidas externas substanciais. As autoridades esperam a chegada de 30 milhões de turistas anuais nos próximos anos.
A nação mais populosa do Oriente Médio enfrentou sua pior crise de liquidez em décadas antes de ser impulsionada por um acordo de investimento de US$ 35 bilhões (cerca de R$ bilhões) com os Emirados Árabes Unidos em fevereiro de 2024. O pacto abriu caminho para cerca de US$ 20 bilhões (cerca de R$ 112,1 bilhões) em empréstimos e promessas de doações do FMI (Fundo Monetário Internacional), União Europeia e outros.
Os números recorde de turismo vieram mesmo quando outro dos principais fornecedores de dólares do Cairo foi pressionado por conflitos regionais. Ataques marítimos no Mar Vermelho por militantes houthis do Iêmen custaram ao Egito pelo menos US$ 7 bilhões em receita do Canal de Suez. As autoridades veem um renascimento começando no final de março, se um cessar-fogo atual entre Israel e Hamas se mantiver.
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