O empresário Eike Batista, que já esteve envolvido em várias controvérsias, desde a ascensão meteórica como empresário até sua queda e envolvimento em escândalos de corrupção, agora aposta no setor de energia sustentável e nas criptomoedas para retomar o prestígio e os lucros.
O empresário fez fortuna no setor de mineração, petróleo e energia, tornando-se um dos homens mais ricos do mundo no início da década de 2010. No império construído com o grupo EBX estava a petroleira OGX, que era sua “joia da coroa”, assim como a MMX, dedicada à mineração.
Agora, Eike Batista pretende mudar os rumos apostando na tendência “verde” e produzir combustível sustentável de aviação (SAF) a partir do plantio de uma nova variedade de cana-de-açúcar. Os planos foram anunciados no fim de fevereiro, quando ele apresentou o novo empreendimento, chamado BRX.
A “supercana”, como o empresário vem chamando, seria cultivada no município de Quissamã, no Norte do Rio de Janeiro. A meta é, até 2031, ter 70 mil hectares de plantação, o que possibilitaria a produção anual de 537 milhões de litros do combustível.
No entanto, Eike não é proprietário das terras e planeja firmar parcerias com cooperativas e arrendar propriedades para viabilizar o projeto. Atualmente, ele possui apenas a licença da Honeywell para a produção de SAF, sendo remunerado com base no desempenho.
O financiamento do empreendimento viria de um fundo árabe que, segundo ele, teria se comprometido a investir US$ 500 milhões – cerca de R$ 2,87 bilhões, segundo a cotação mais recente.
Lançamento de criptomoeda para levantar capital
Mas Eike Batista pretende diversificar as fontes de captação para o projeto da “supercana”. Além do suposto capital árabe, ele espera arrecadar US$ 100 milhões com uma criptomoeda recém-lançada que leva o seu nome. Na apresentação da criptomoeda $EIKE a investidores, o empresário diz que futuramente o empreendimento pode valer US$ 6,3 bilhões, isto é, quase R$ 40 bilhões.
Embora esteja à frente da divulgação do projeto, Eike ainda não tem uma participação direta na BRX. O contrato prevê que ele poderá adquirir ações apenas se o negócio for bem-sucedido. Até que isso aconteça, a gestão ficará nas mãos do administrador Luis Rubio, que trabalha no desenvolvimento da “supercana” desde 2011 ao lado do engenheiro-agrônomo Sizuo Matsuoka. Juntos, eles detêm 60% da empresa, enquanto o fundo árabe possui os outros 40%.
Antes de fecharem parceria com Eike, Rubio e Matsuoka tentaram vender a tecnologia da “supercana” para a Raízen, uma gigante do setor de etanol e biocombustíveis, mas a empresa não quis seguir com o projeto.
Polêmicas de Eike Batista
Apesar das promessas, um dos pontos que pesa contra o empresário é justamente a especulação em relação às suas empresas. No auge, a fortuna de Eike foi estimada em mais de US$ 30 bilhões, e o empresário e chegou a ser o 7º mais rico do mundo.
No entanto, sua ascensão foi seguida por uma queda brusca. A OGX não conseguiu cumprir suas promessas de produção de petróleo, o que levou a uma crise de confiança no mercado. Suas empresas entraram em colapso e ele perdeu quase toda sua fortuna, levando muitos investidores a perderem recursos aplicados.
Em 2017, ele foi preso acusado de corrupção ativa e lavagem de dinheiro em um esquema envolvendo propinas ao ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral. De lá para cá, enfrentou processos judiciais, ficou um tempo em prisão domiciliar e passou a cumprir medidas cautelares em liberdade. Atualmente o empresário se dedica a mentorias para empreendedores e às redes sociais, onde se apresenta como “um soldado do Brasil” e foca em divulgar seus projetos.
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