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El Salvador: o que visitar no país – 27/12/2024 – Turismo


El Salvador, a menor nação da América Central continental, tem atraído a atenção do mundo desde que seu presidente, Nayib Bukele, vindo da esquerda, decretou estado de exceção no país em 2022. Sob o pretexto de combater as gangues, ele investiu em uma política de encarceramento em massa criticada por entidades de direitos humanos, mas exaltada por políticos de extrema-direita.

A taxa de homicídios salvadorenha, a maior do mundo em 2015 (106,3 por 100 mil habitantes), foi derrubada para 1,7 homicídio por 100 mil habitantes em 2023, segundo estatísticas oficiais. Contrariando a Constituição local, o presidente foi reeleito em fevereiro de 2024 com 83% dos votos, uma demonstração clara de sua imensa popularidade, que também pode ser atestada pela quantidade de camisetas, toalhas e outros souvenires com a estampa do presidente superstar.

El Salvador já era, há muito tempo, um destino procurado por surfistas. As praias de El Sunzal, El Tunco e El Zonte estão entre as mais famosas. A sensação de segurança nas ruas do país pode contribuir para a vinda de cada vez mais turistas.

No entanto, sua história política de muita violência deixou cicatrizes e lugares de memória que podem ser visitados em diversos pontos do país, que chegou a ser apelidado de “Vietnã das Américas” em virtude da quantidade de bombardeios que sofreu ao longo de sua guerra civil.

A guerra civil de El Salvador, tema de filmes como “Salvador” e “Vozes Inocentes”, ocorreu entre 1979 e 1992 e opôs, de um lado, as Forças Armadas, policiais e grupos de extermínio e, de outro, guerrilhas de esquerda, com protagonismo da Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional, a FMLN.

O conflito resultou em mais de 75 mil mortos, mais de 7.000 desaparecidos e milhares de exilados. Parte da Igreja Católica se engajou fortemente na defesa dos direitos humanos, contra o governo salvadorenho, e pagou um preço alto por isso. Em 24 de março de 1980, o arcebispo de El Salvador, dom Óscar Romero, cuja vida foi retratada no filme “Romero”, foi assassinado enquanto celebrava uma missa na capela do Hospital La Divina Providencia, na capital San Salvador.

O local exato do assassinato de Romero pode ser visitado, assim como a casa ao lado, onde morava e são exibidos móveis, utensílios pessoais e roupas, incluindo a batina manchada de sangue, e a gravação de seu último discurso, interrompido pelos tiros fatais. Já seu túmulo encontra-se na Catedral Metropolitana, no centro da cidade.

No campus da Universidad Centroamericana José Simeón Cañas encontra-se o Centro Monseñor Romero, com uma exibição permanente de objetos relacionados não só a Óscar Romero, mas também a outros clérigos da Igreja Católica assassinados pelas Forças Armadas e grupos paramilitares, como o padre Rutílio Grande.

Foi no campus dessa universidade católica que, na madrugada de 16 de novembro de 1989, seis padres jesuítas (cinco deles espanhóis) foram fuzilados, episódio retratado no filme “O que Lucía Viu”. Também podem ser visitados, com um guia do museu, o jardim em que os padres foram fuzilados, assim como o quarto anexo em que a cozinheira dos padres e sua filha também foram fuziladas, como queima de arquivo.

Outros lugares de memória em San Salvador são o Parque Cuscatlán, que exibe em um muro os nomes dos mortos e desaparecidos da guerra civil, e o Museo de la Palabra y la Imagen, que traz informações e objetos relacionados à guerra civil, além do massacre de 1932 conhecido como La Matanza, que vitimou camponeses indígenas grevistas que lutavam por reforma agrária e melhores condições de vida.

O local do massacre hoje faz parte da turística Ruta de las Flores, que engloba os povoados de Juayúa, Apaneca, Ataco e Ahuachapán. Na proximidade de San Salvador, em direção ao povoado turístico de Panchimalco, está a Puerta del Diablo, uma formação rochosa que oferece uma bela vista, mas onde pessoas eram executadas e seus corpos atirados durante a guerra civil.

Assim como padres católicos, camponeses indígenas em geral eram vistos com desconfiança pelas Forças Armadas durante a guerra civil, acusados de serem cúmplices dos guerrilheiros.

Seguindo a doutrina de “tirar a água do peixe” e não deixar testemunhas vivas, as Forças Armadas promoveram assassinatos em massa de camponeses, incluindo mulheres, idosos e crianças. O mais famoso massacre ocorreu no povoado de El Mozote, onde, no dia 11 de dezembro de 1981, quase mil pessoas foram assassinadas pelas Forças Armadas, incluindo pelo menos 131 crianças, hoje enterradas no jardim da igreja.

Um monumento na praça principal, com o nome das vítimas, lembra o acontecimento. A visita pode ser estendida ao povoado de Arambala, destruído por bombardeios aéreos, e a Perquín, na fronteira com Honduras, região de maior atividade guerrilheira no período e que abriga o Museo de la Revolución Salvadoreña e o Campamento Guerrillero, lugares que contam a história da guerrilha, exibindo fotos, armamentos, troféus de guerra, trincheiras simuladas e reais.

Pode-se visitar também nas cercanias La Cueva de las Pasiones, a caverna onde funcionava a rádio clandestina Venceremos. Da mesma forma, partindo da cidade turística de Suchitoto, é possível testemunhar a história da guerrilha salvadorenha visitando o povoado de Cinquera, em que se veem troféus de guerra, como destroços de um helicóptero derrubado.

De lá, pega-se uma trilha que passa por um acampamento guerrilheiro e trincheiras e que tem como destino final um banho de cachoeira. O tour inclui ainda uma conversa com um ex-guerrilheiro.

Por fim, para quem se interessa pela história política da América Central, o Museu do Exército, em San Salvador, traz em uma de suas salas a perspectiva oficial salvadorenha da chamada Guerra do Futebol, travada contra Honduras em julho de 1969.

Já as ruínas pré-colombianas de Tazumal, na cidade de Chalchuapa, próxima de Santa Ana, testemunharam a visita do jovem Che Guevara em sua viagem pela América Latina. Uma estátua do revolucionário paira na entrada das ruínas.

Foi na vizinha Guatemala que Che, indignado com o golpe militar contra o presidente progressista Jacobo Ardenz, em 1954, tornou-se adepto da luta armada. Subindo até o México, conheceu o exilado Fidel Castro, que o convidou para ir a Cuba a bordo do iate Granma em 1956 fazer a revolução. O resto é história.



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