O governo do primeiro-ministro da França, Michel Barnier, enfrentará um voto de desconfiança nos próximos dias, depois que ele decidiu forçar a aprovação de medidas orçamentárias sem o aval parlamentar.
Barnier acionou o artigo 49.3 da Constituição francesa nesta segunda-feira (2) para aprovar a primeira parte de seu pacote fiscal de € 60 bilhões (R$ 382 bilhões), que inclui aumento de impostos e cortes de gastos. Ele não tem maioria na Assembleia Nacional.
O partido de oposição de ultradireita de Marine Le Pen, Reunião Nacional, disse no X imediatamente após a medida que “votaria para censurar o governo”. O partido de ultraesquerda França Insubmissa, de Jean-Luc Mélenchon, também confirmou que apresentaria uma moção de desconfiança nas próximas horas.
Barnier defendeu sua decisão e pediu aos legisladores franceses que não mergulhassem o país em uma crise. “Chegamos ao momento da verdade… cabe agora aos membros do Parlamento decidir se nosso país receberá um orçamento responsável e indispensável ou se entraremos em território desconhecido”, disse.
“Fui até o fim do diálogo que era possível com todos os grupos políticos, permanecendo sempre aberto e ouvindo”, declarou.
A disputa em torno das medidas orçamentárias agitou os mercados franceses nas últimas semanas, elevando por um breve período os custos de empréstimos de Paris acima dos gregos e prejudicando o mercado de ações da França.
Os papéis franceses caíram ligeiramente nesta segunda, já que os investidores reagiram negativamente ao aumento dos riscos políticos, enquanto o euro continuou a se enfraquecer, caindo 1%.
Os títulos soberanos do país enfraqueceram após a decisão de Barnier de acionar a cláusula constitucional, fazendo com que o rendimento de 10 anos subisse 0,02 ponto percentual, para 2,92%, enquanto outros títulos da zona do euro se recuperaram.
O intervalo com o título de referência de 10 anos da Alemanha, uma medida importante de risco, atingiu 0,88%, próximo ao maior ponto em 12 anos registrado na semana passada.
Se o governo de Barnier for rejeitado nesta semana, será apenas a segunda vez que os legisladores franceses tomarão tal medida desde que a Quinta República foi estabelecida, em 1958. Isso também faria de Barnier o primeiro-ministro com o menor tempo de mandato durante o mesmo período.
Na segunda, Barnier estava envolvido em negociações de última hora sobre o pacote fiscal com o partido de extrema direita de Le Pen. Mas até agora elas se mostraram infrutíferas, apesar de Banier ter cedido em duas das três exigências do RN.
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